Második Csapás (SAQQARA)
(2019, Nail Records)
O vocalista Károly Szaládi já é nosso conhecido dos Rebel, mas a sua aventura por ondas mais metalizadas faz-se nos Saqqara. Dois álbuns em dois anos estabeleceram o nome húngaro como um dos mais destacados no seu país no que diz respeito ao metal de vertente mais moderna e poderosa. No caso de Második Csapás, a inspiração lírica vem da história do Egito aqui contada numa viagem musical com boas ideias e melodias, com as linhas de piano e as atmosferas ambientais a serem determinantes e a ajudarem a construir um interessante contraste com o peso dos riffs maciços. O seu cruzamento entre orientalidade, metal mais tradicional, metal de inspiração nórdica e uma envolvente moderna torna Második Csapás um disco interessante que ganha pontos na utilização do órgão em Ordoguzo, das twin guitars em Farkas, nas ambiências de Tisztítótuz e na espetacular melodia com o piano a liderar, Egy Uj Világot. [75%]
V (RITUAL STEEL)
(2019, Pure Steel Records)
Quinto álbum para o power trio alemão Ritual Steel, banda prestes a comemorar o seu vigésimo aniversário, mesmo que nem sempre na mó de cima. V traz aquela forma tão própria de fazer metal genuíno que carateriza a produção alemã. Por isso, esperem nove temas de metal cru, direto e poderoso, associado a referências como Omen, Phantom X ou mesmo Flotsam & Jetsam. Dentro deste conjunto de canções merece destaque a espetacular malha que é Jackyl & Hide, a entrada por ambientes doom que evoluem para épicas cavalgadas em Confrontation On The Frontlines e a aproximação aos ritmos endiabrados dos Motörhead em Ritual Steel II. V mostra um conjunto de canções onde se cruza o metal dos anos 80 com um perfume dos anos 90, o que cria uma sensação que não nem é demasiado moderna nem assumidamente retro, salientando-se sempre a produção densa e pouco cristalina. [68%]
Neo Noir (LAMORI)
(2020, WormHoleDeath Records)
Gothic metal cruzado com dark wave, modern rock e tudo o que mais podem imaginar é o que nos trazem os finlandeses Lamori (antigamente conhecidos por L’Amori) no seu álbum Neo Noir, terceiro registo da carreira e segundo para a label italiana WormHoleDeath Records. Inspira-se nos filmes de terror de culto e no romantismo o que acaba por conferir uma elegância macabra. Neo Noir é efetivamente negro, embora acabe por nem ser assim tão novo, podendo ser facilmente comparado a produtos como HIM, Sentenced ou To/Die/For, embora pontualmente algumas referências aos Moonspell (da sua fase mais gótica) também possam ser encontradas. Ou seja, ritmos compassados, vocais graves e ambientes soturnos e pesados. Procura assentar em sentimentos de desolação, mas a verdade é que muitas vezes esses sentimentos não conseguem ser transferidos para o ouvinte. No entanto, aguentem, porque o último tema, The Scientist, é uma verdadeira pérola! [64%]
Dysthymia (REISM)
(2019, Independente)
É estranho este Dysthymia, terceiro álbum dos noruegueses Reism. A espaços, o quarteto liderado por Kirsten Jørgensen, consegue ser empolgante, fruto de ambiências góticas recuperadas a partir dos primeiros lançamentos dos Lacuna Coil, da complexidade de algumas estruturas influenciadas pelo trabalho dos The Gathering, da voz com soul e até de uma batida mais maquinal a lembrar Cinemuerte. Mas depois perdem-se em riffs de modern metal muito intensos, é certo, mas pouco consistentes e desproporcionados. É nesta fase que as influências de Evanescence ou da fase mais moderna dos Lacuna Coil se tornam mais evidentes. Mas o pior de tudo e que, efetivamente, estraga um trabalho competente, é a violência gratuita de Take It From Me e os dois remixes absolutamente irritantes que fecham o disco. [65%]
Also Sprach Futura (LYNCHGATE)
(2020, Independente)
Also Sprach Futura é o novo trabalho dos Lynchgate, um EP de quarto temas onde se cruzam a complexidade do classicismo do século XX, os riffs death metal, as texturas de funeral doom e a densidade do black metal. No fundo, é a continuação do processo criativo e evolutivo que a banda tem trazido desde a estreia homónima em 2013 e que de uma forma muito resumida se pode classificar como avant-gard black metal. Neste EP o quinteto aborda conceitos como o trans-humanismo, simulacros e simulações, póshumanidade, pigmalionismo e a máquina fictícia Golem XIV, que excede a inteligência humana. Also Sprach Futura representa a justaposição do transcendental e do gutural, do esteticismo sinistro, do fin-de-siècle e uma visão surpreendente de um futuro profundo e sombrio. [68%]
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