Entrevista: Earth Syndicate


Earth Syndicate é um projeto intitulado de green metal ou environ metal, com sede em Almada. Nasceram em junho de 2019, é um projeto eco-intervencionista com uma mensagem direcionada para a interação homem/natureza e conta com Jorge Matos (guitarra) Mário e Diogo (vocais), Carlos Gomes (teclados), João Mourato (baixo) e Sara Guerreiro (bateria). Foi com o Jorge Matos que conversamos para conhecer melhor este emergente projeto nacional.

Qual é a origem do vosso nome?
A nossa banda é uma banda pró-ambientalista. Isto começou tudo comigo e com o Mário, somos uma banda com uma mensagem pró-ambientalista, queria arranjar um nome ligado ao ambiente um pouco eco-intervencionista e a certa altura lembrei-me da palavra Syndicate uma faixa de uma banda qualquer e lembrei-me de juntar a palavra a terra, daí o Earth Syndicate.

Como é que tudo começou?
Tudo começou comigo sozinho em casa a gravar guitarras, bateria e experimentando o esqueleto das músicas. Começou comigo sozinho, foram temas que fui compondo e que não encaixavam na outra banda. Passei ao Mário uma faixa para ver e gravar em casa e um dia apareceu-me no jantar de aniversário com uma faixa para ouvir, foram todos temas que fui compondo. Então, o Mário transformou completamente a música e ficou brutal. A música era uma cena básica, nada de especial e o Mário transformou completamente a música.

Onde vão buscar a vossa motivação e inspiração para este tema?
É à atualidade. Começo a ficar cada vez mais assustado. Tenho uma filha pequena, não sei como vai ser com ela. A preocupação da incerteza do futuro do amanhã, não temos um futuro sustentável, não temos e somos todos culpados porque toda a gente faz porcaria e isso preocupa-me, o nosso egoísmo. Estamos a tentar mudar a mentalidade das pessoas e da sociedade através da nossa música.

A maioria das bandas focam-se no tema da sociedade, vocês tem um projeto diferente, têm noção disso?
Sim, a ideia era um bocado essa, tentar fugir à regra. Não dá para fugir ao estereótipo, mas sim, a ideia era fugir à regra, principalmente àquelas letras superpolitizadas, super punk rock. As minhas músicas puxam mais para a energia do que para o sentimento.

Quais as vossas referências e influências musicais?
O Mário é Faith No More, Incubus, temos influências variadas, não só de metal. Oiço boa música, todas as bandas têm sempre um disco bom, todas as bandas têm sempre discos mais inspirados e menos inspirados. Isto é a mistura de vários estilos, de várias músicas. Musicalmente pode surgir alguma coisa diferente ou talvez novo, a mistura de todo o potencial que há entre todos os elementos faz uma mistura que é peculiar à banda e isso é interessante, no fundo e diferente. Temos uma afinação super baixa, cria logo outra ambiência, mais pesada, mais dura, mais áspera. As teclas mudam logo o conceito da música. Procuro essencialmente bons discos. Uma das minhas bandas preferidas são os James Addiction e não tem nada a ver com isto e adoro-os desde miúdo.

Em que consistem as vossas letras?
Tem tudo a ver com a preservação da natureza, a consequência dos nossos atos, alteração climática, tem cenas que não acontecem porque sim, outras vezes por interesses financeiros porque as coisas estão mesmo a mudar. São todos os clichés, o degelo, os animais que desaparecem para sempre e de forma irreversível. As letras são em inglês mesmo para ser uma mensagem mundial. Cantar em português dentro do rock não é fácil, encaixa bem no hip pop, mas não encaixa bem no rock. Os Rasgo, gosto do disco, mas incomoda-me o facto de ele cantar em português.

Têm planos para um álbum?
Temos andado a falar sobre isso. Vamos começar a gravar. As faixas já existem, já estão gravadas, mas não têm a participação deles e para breve vamos começar a gravar, queremos ver se até ao verão temos tudo pronto e tudo isso adiantado.

Como vêm o panorama da música alternativa em Portugal?
É estranho, a música alternativa em Portugal funciona um bocado como os patrícios. Temos de por padrios em tudo, seja no metal em tudo, punk rock. Existem sempre dois ou três que estão à frente das cenas, organizam coisas e fazem festivais porque têm guita para investir e depois há os amigos e o pessoal que não toca em quase lado nenhum porque não consegue. Os Pântano cantam muita bem e cantam em português tem a voz parecida com o vocalista dos Alice In Chains. As bandas nos cartazes são quase sempre as mesmas.

Como correu o lançamento do vosso primeiro single The Mountain?
Nós entramos numa coletânea, foi tudo muito rápido, já tinha a música gravada com o Mário a cantar e na altura ainda nem tínhamos banda, era só eu e o Mário. Mandei-lhe a música e o gajo curtiu imenso e disse isto tem de entrar na minha coletânea, façam um videoclip. Foi tudo feito a correr, começamos com audições com a Sara e com o João, e eu e o Mário tivemos que improvisar, filmar o mais rápido possível porque tínhamos um prazo para entregar. Ele queria que a nossa música e a dos Pântano fossem os dois singles da coletânea, se não nem ia ser lançada já.

Sentem que o público tem aderido ao vosso projeto?
É muito cedo para ver isso porque temos 200 e tal visualizações do vídeo. Atualmente ninguém ouve música na net, só mesmo os amigos e é muito cedo. Não quero ser arrogante, claro que o feedback dos amigos mais próximos é sempre muito bom, mas ainda é mesmo muito cedo. Temos que gravar primeiro as cenas, os videoclips, foi mesmo porque aconteceu não estávamos à espera de entrar na coletânea.

Sara, sentes alguma discriminação por seres uma mulher baterista neste meio e na sociedade em geral?
Se me perguntasses isso em 1990 eu dizia que sim, hoje em dia acho que o que é normal haver raparigas a tocar bateria, por exemplo, nos Abaixo Cu Sistema, a baterista é uma mulher e foi através de a ver tocar que me moveu para voltar ao meu sonho que era a música. Entretanto depois vi o anúncio deles e foi mandar o barro à parede para ver se colava e colou, mas não sinto qualquer discriminação pelo menos para já porque ainda não fizemos nenhum concerto ao vivo. Mas acho que não e é o que menos me preocupa neste momento.

Qual a mensagem que pretendem passar ao mundo, através deste vosso projeto?
Mudança de mentalidades a maneira como a gente se comporta com o planeta e o perigo de alerta, temos de nos adaptar ao mal que já esta feito e não deixar avançar mais. O primeiro passo é mesmo esse adaptarmo-nos nos ao que já esta mal e tentar minimizar.

O que podem esperar os vossos admiradores para o ano de 2020-2021?
Concertos, muito power, barulho com fartura e a ver se começamos já a tocar este ano, atá ao verão, dar uns gritos para ver como é que o pessoal reage ao nosso som, qual é a resposta do público ao nosso som.

Querem deixar uma mensagem aos vossos seguidores, aqui na Via Nocturna?
Mantenham-se atentos a nós, o mais possível se faz favor, vão espreitando a nossa página porque vêm aí novidades e modéstia à parte o nosso som tem tudo para dar certo.  
[Entrevista: Rita Sequeira]

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