Entrevista: Aeternam


Do insuspeito Canadá chega-nos uma das mais interessantes propostas de… oriental metal. E é mesmo tão interessante que até Kobi Farhi, dos Orphaned Land, aceitou em colaborar num tema. Falamos dos Aeternam, banda que já não é totalmente novata nestas andanças, mas que atinge com Al Qassam, o registo deste ano, um novo patamar de mestria. Para nos apresentar a banda, falar do passado e presente e de um futuro incerto em função da COVID-19, o responsável pela influência árabe, Achraf Loudiy.

Olá, Achraf, pela pela disponibilidade. Quatro álbuns em dez anos é uma boa produção. Há uma boa química na banda, suponho…
Olá, obrigado pelo convite. Sim, conseguimos lançar quatro álbuns e isso significa que estamos artisticamente inspirados, focados e com fome de conquista. Existe uma ótima ligação entre os músicos da banda, pois ainda antes de sermos companheiros de banda, somos os melhores amigos. E, na verdade, gostamos de estar uns com os outros.

Ruins Of Empires foi lançado há três anos. De que forma passaram o tempo entre lançamentos?
Bem, depois do lançamento de Ruins Of Empires, estávamos ansiosos para fazer uma tournée. Mesmo sendo uma banda sem contrato, conseguimos vagas nas principais tournées da Europa e América do Norte, além de termos sido convidados duas vezes para a 70k Tons Of Metal! No verão de 2018, começamos a criar músicas para o próximo lançamento. Como podes imaginar, escrevemos muitas músicas que não precisamos usar no álbum, mas é uma parte importante do processo de composição. Foi um ano de trabalho até estarmos prontos para gravar o álbum. Al Qassam foi gravado e produzido entre julho e novembro de 2019.

Este novo álbum traz muitas influências orientais, a começar no título. Qual é o significado de Al Qassam e que mensagem tentam transmitir?
Al Qassam, que se traduz em "O Juramento" em árabe, é inspirado num antigo grimório de alquimia chamado Shams Al-Maarif. Foi escrito por Ahmad Al-Buni In Ayyubid Egypt no século XIII. Esta música é a invocação literária do demónio do rei Murrah Al-Abyad. O demónio do rei branco. A ideia por trás da música é mostrar os conceitos da bruxaria e posse de demónios no Médio Oriente, como nunca foi feito antes no metal. Quanto às nossas influências orientais, têm sido um elemento constante na nossa música desde o início e gostamos de continuar a explorar essas sonoridades, pois sentimos que é algo que se encaixa muito bem no metal. Mas não queremos usar esse elemento em demasia, pelo que podes notar que algumas das nossas músicas podem ser menos orientais e mais orquestrais ou tribais.

Sendo uma banda canadiana, de onde surgem essas influências árabes?
Pelo simples facto de eu ser marroquino e morar no Canadá há cerca 20 anos. Toda a minha formação musical é uma mistura entre a música árabe tradicional, o flamenco espanhol e o metal. O Antoine é mais responsável por adicionar essas orquestrações épicas e o aspeto groovy da música. Mas, ao longo dos anos, Antoine e eu fomos capazes de escrever músicas na mesma direção, já que nós entendemo-nos sobre como escrever músicas para os Aeternam.

De uma maneira natural, acho eu, Kobi Farhi colabora numa música. Como se proporcionou essa colaboração?
Tivemos a opotunidade de fazer uma tournée com os Orphaned Land na América do Norte em 2018. Foi aí que conhecemos Kobi e nos tornamos amigos. Depois de termos gravado a primeira versão demo do Palmyra Scriptures, pensamos que as suas habilidades vocais poderiam ser um ótimo complemento para a música. Enviamos-lhe a demo, ele gostou e aceitou participar. É uma grande honra para mim cantar ao lado de Kobi, pois há muitos anos que sou fã dos Orphaned Land.

No primeiro álbum, Disciplines Of The Unseen, tinham um teclista. Quando sentiram que já não precisavam de teclados na vossa música?
Bem, nunca demitimos o nosso teclista. Ele queria concentrar-se em coisas diferentes da sua vida e nós entendemos isso. Após a sua partida, pensamos que a música que fazemos não é orientada pelos teclados, por isso optamos por orquestrações de reprodução em vez de ter um quinto membro na banda. Também é mais fácil ter 4 que 5, por razões óbvias.

Mas o álbum anterior foi gravado como um trio. Por que voltaram a um formato de quartet para Al Qassam?
Gravamos Ruins Of Empires como um trio, mas há trabalho de guitarra dupla no álbum. O único motivo é que não encontramos um guitarrista para preencher a saída de Alexandre e tivemos que gravar o álbum de qualquer maneira. Aeternam é e sempre será uma banda de duas guitarras.

Este mês tinham agendado uma tournée pelos EUA e no Canadá. Essas datas ainda estão ativas ou foram canceladas devido ao COVID-19?
Infelizmente, a tournée foi cancelada por causa da crise do vírus. Estávamos tão empolgados em fazer esta tournée com os Wilderun, uma banda que todos admiramos muito. Esperamos remarcar a tournée quando a esta situação terminar.

Muito obrigado Achraf! Queres adicionar mais alguma coisa?
Obrigado Via Nocturna por esta entrevista e a todos os fãs pelo apoio eterno! O novo álbum dos Aeternam está disponível nas principais plataformas e no youtube na sua totalidade! Se gostam da música, peçam uma cópia e apoiem a música indie! Stay Metal!

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