Depois
de tocar com muita gente, o guitarrista italiano Luca Poma achou por bem
começar o seu próprio projeto. Um projeto onde estivesse acompanhado dos
melhores músicos da sua região e onde pudesse, de forma livre, tocar as suas
composições. O resultado é o nascimento dos Moon Reverie que desde 2012 têm
atuado ao vivo, mas que só agora se estreiam em disco com um trabalho homónimo
para a Rockshots Records. O mentor deste projeto falou com Via Nocturna e
esclareceu, de forma muito clara, de onde vem e o que pretende com Moon
Reverie.
Olá Luca, obrigado pela
tua disponibilidade. Podes apresentar este novo projeto Moon Reverie aos metalheads
portugueses?
Moon Reverie é o meu projeto, nascido para tocar a minha música da forma
que a sinto. É um projeto neoclássico de hard rock/metal melódico. Somos
uma banda de cinco elementos, na linha de Rainbow ou Deep Purple e
combinamos influências do hard rock/metal dos anos 70 e 80 com muita música
clássica, num contexto altamente melódico e técnico.
Já tens uma longa
experiência noutras bandas, por isso o que te motivou a erguer esta banda?
Desde que comecei a tocar guitarra, fui sempre muito ativo
como compositor. Sempre escrevi música, portanto, precisava da uma banda definitiva
para tocar o meu material. Tive outras situações no passado, sempre projetos pessoais
sob meu controlo, mas tive sempre algumas limitações, técnicas e expressivas,
com esses projetos tocando as minhas músicas, pelo que, para evitar esse problema,
costumávamos tocar muitos covers das minhas bandas favoritas. A certa altura,
decidi que estava no momento certo para procurar os melhores músicos possíveis,
a fim de ser completamente livre e, finalmente, tocar o que eu queria exatamente
como eu queria. E foi por isso que criei os Moon Reverie em 2012.
Começamos, há muitos anos, como uma banda ao vivo tocando as minhas músicas,
porque há alguns anos, criar um álbum não teria sido útil e seria um suicídio comercial,
por assim dizer, já que a indústria da música estava em péssimas condições.
Além disso, desde que comecei a escrever música, sempre me encontrei na direção
oposta das tendências do momento, e isso é porque nunca escrevi a minha música a
tentar seguir qualquer tendência ou aceitar qualquer outra. Sem qualquer tipo
de compromisso. As tendências vêm e vão e a minha música e as minhas influências
permaneceram sempre as mesmas ao longo dos anos. Para mim, foi sempre uma situação
de tudo ou nada, por isso, num determinado momento, decidi que estava na altura
de um álbum, não importa como. Foi um tempo agradável, porque não estava com
pressa e queria que tudo fosse muito bem gerido e produzido. Gravámos tudo como
antigamente, num estúdio adequado, sem truques ou demasiada edição das partes e
sem superproduzir o material.
Que nomes ou movimentos
mais te influenciaram como guitarrista e compositor?
As minhas influências vêm estritamente de Deep
Purple, Rainbow, Uli Jon Roth/Scorpions, Yngwie Malmsteen,
Europe, Jimi Hendrix, combinadas com uma vibe muito forte
do hard rock/metal dos anos 80 e toneladas de música clássica (Bach,
Vivaldi, Paganini, Chopin, Locatelli, Corelli,
Scarlatti, Dowland, para citar apenas alguns). Eu nunca ouvi power
metal, prog metal, etc., por isso posso dizer que não sou influenciado
por nenhuma banda nascida depois de 1990. Isto é muito importante.
Como
geriste a seleção dos músicos que te acompanham?
Simplesmente queria os melhores músicos das
redondezas, sem limitações técnicas ou expressiva, como já disse. Conheço-os a
todos há muitos anos e são grandes amigos meus. Temos Manuel Togni na bateria.
Manuel é um verdadeiro profissional e um músico excecional. Esteve em tournée
com Doogie White (Rainbow, Michael Schenker), Blaze
Bayley (Iron Maiden), Uli Jon Roth, Kee Marcello e
muitos outros. Atualmente, é baterista dos Mortuary Drape e Mortado.
Fez um excelente trabalho na bateria. Nos vocais, temos Luca Pozzi. Sempre
gostei muito da sua voz, desde quando ele cantava numa banda que costumava ensaiar
na sala ao lado onde eu ensaiava com a minha outra banda... Lembro-me de pensar
muitas vezes para mim próprio “eu deveria ter um cantor assim para a minha música”
e, portanto, ele foi a primeira e única opção possível para este projeto. Toda
a gente está a adorar a performance no álbum. O mesmo se aplica a Nicola
Leonesio, o nosso teclista. Sempre acompanhei a sua carreira ao longo dos
anos, ele foi sempre conhecido como um dos melhores da minha área. Também tem uma
ótima voz e isso é muito importante, já que ao vivo podemos cantar os refrões
das músicas sem backing tracks ou algo assim e podemos fazer exatamente
as mesmas harmonias do disco com três vozes (eu, Nicola e Luca). Eu tenho muita
sorte em tê-los ao meu lado. Eles realmente desempenham um papel fundamental
dentro da banda. No álbum, pessoalmente toquei baixo, mas é claro que teremos
um baixista ao vivo para os espetáculos.
Moon Reverie é a tua estreia. Como a definirias para quem não
conhece a banda?
Antes de mais, é um álbum honesto, no sentido de que
escrevi as músicas sem compromissos de nenhum tipo ou sem pensar no que vende atualmente.
Alguém disse que, como forma de elogio, é um álbum fora de moda, e isso é um
ótimo elogio para mim. Eu gostaria de estar no comando ou no regresso a uma certa
atmosfera. Eu só quis transmitir todas as minhas influências e inspirações num álbum
muito melódico, com músicas estruturadas de forma fácil, onde a melodia é o
núcleo da composição, mas combinada com partes muito técnicas e diferentes tonalidades
da minha forma de pensar a música e é por isso que há músicas pesadas e rápidas
bem como números mais cativantes e hard rock dos anos 80. Posso dizer
que o álbum me representa na íntegra como artista/compositor.
Que objetivos traçaste
para este álbum?
Expressar-me de maneira totalmente livre. Coloquei neste
álbum tudo o que eu gostaria de ouvir num álbum de hard rock/metal.
Influências do rock clássico dos Deep Purple, riffs de quartas, hammonds
distorcidos, uma sensação de blues, influências mais pesadas e escuras como
as que posso obter de Ronnie James Dio, dos primórdios dos Rainbow
ou Malmsteen e a classe do hard rock dos anos 80, de bandas como Europe,
além de todas as influências dos meus compositores clássicos favoritos... como
referi, isto sou eu e da forma que sou.
Este é um álbum com
muita criatividade, tanto na execução, como na criação. De onde vem a inspiração
e como foi o vosso o método de trabalho?
Como é o meu projeto, escrevo todas as músicas e tudo,
desde melodias vocais, arranjos, harmonias até às partes dos vários instrumentos.
Até a ideia básica para a capa do álbum é minha. Eu costumo criar uma pré-produção
caseira muito detalhada das músicas (como fiz para este álbum antes de entrar
em estúdio) e depois trabalhamos nelas nos ensaios. Eu nunca escrevo música porque
tenho de o fazer. Normalmente trabalho numa música exatamente quando a
inspiração surge. Geralmente faço uma melodia vocal, um refrão ou, às vezes, um
riff de guitarra.... Geralmente ouço tudo que já existe na minha cabeça,
por isso, tenho sempre uma visão muito precisa e clara de uma música ainda antes
de a tocar nos ensaios.
Quais são os teus objetivos
para o futuro?
Gostaria de fazer outros álbuns com os Moon Reverie
e com esta ótima formação... vamos ver!
O que tens planeado
para apresentar este álbum ao vivo, nomeadamente após a pandemia?
Infelizmente, esta terrível epidemia destruiu todas as
possibilidades de tocar o álbum ao vivo e fazer espetáculos. Infelizmente,
teremos de esperar até depois do verão, penso eu, esperando que tudo esteja bem
para concertos. Espero e acredito que sim!
Muito
obrigado Luca! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Gostaria muito de agradecer esta entrevista e a tua review
ao álbum! E gostaria de agradecer a todas as pessoas que nos estão a apoiar ativamente
comprando o álbum ou apenas informando-nos nas redes sociais, ou apenas a fazer
streaming das nossas músicas. Agradecemos profundamente o vosso apoio! Rock
on!!!
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