Review: 1968 (FLYING CIRCUS)


1968 (FLYING CIRCUS)
(2020, FastBall)
[Lançamento: 27/março/2020]

Pegar num conjunto de eventos marcantes que ocorreram no ano de 1968 e com eles criar um guião musical foi o objetivo dos Flying Circus neste seu novo registo discográfico. A ideia arrojada encontrou eco na forma exuberante de criação e execução do coletivo alemão. Resultado: uma assombrante viagem pela história recente do nosso planeta, com passagem por diversos locais, executada na forma do mais complexo, artístico e intrincado prog rock. Analisemos apenas alguns desses episódios e da forma como se correlacionam com as criações dos Flying Circus. Musicalmente, 1968 abre com uma autêntica cacofonia sonora que tanto vai à música experimental quanto à contemporânea. Paris, local de revoluções estudantis, é agora uma enigmática e revolucionária abertura de disco.  Daí seguimos para New York onde a tentativa de assassinato de Andy Warhol pela feminista radical Valerie Solanas se transforma num blues rock com coros gospel e estruturas muito complexas. A paragem seguinte é em Prague, berço do movimento que ficou conhecido como Primavera de Praga que surpreende com uma enorme musicalidade liderada por um piano belíssimo. Em Derry, surge o primeiro instrumental liderado por um violino arrebatador e com feeling gypsy. O segundo instrumental será Vienna que apresenta uma das estruturas mais fortes em termos jazzísticos. Um dos nomes mais presentes durante a audição de 1968 são os Pink Floyd, nomeadamente na sua fase mais experimental, mas num tema como The Hopes We Had (in 1968), também surge a fase mais musical da banda de Roger Waters. 1968 não podia ficar completo sem uma abordagem à guerra do Vietname e por isso My Lai, pequena localidade no Sul daquele país, vítima de horrorosos massacres pelas tropas americanas, traz abordagens jazz, solos de bateria, muito experimentalismo e sabor oriental. A morte de Marthin Luther King Jr, em Memphis, também aqui é retratada com twin guitars dissonantes e recurso ao trombone.  1968 é, mais que um grande álbum de música progressiva como ela deve ser – desafiante, arrojada, enriquecedora, complexa – uma lição de história com algumas das esperanças que existiam em 1968… e que ainda hoje continuam a ser esperanças para muita gente! [88%]

Highlights
Derry, My Lai, Berlin, The Hopes We Had (1968), Memphis

Tracklist
1.      Paris
2.      New York
3.      Prague
4.      Derry
5.      The Hopes We Had (in 1968)
6.      My Lai
7.      Memphis
8.      Vienna
9.      Berlin
10.  The Hopes We Had (Reprise)

Line-up
Michael Dorp – vocais
Michael Rick – guitarras, backing vocals
Rüdiger Blömer – teclado, violino
Roger Weitz – baixo, backing vocals
Ande Roderigo – bateria, backing vocals

Convidados
Markus Lüpges – trombone em Memphis
Moritz Roderigo – vocais adicionais em Memphis
Gunther Tiedemann – violoncelo em The Hopes We Had (In 1968)

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