Para os
Gefrierbrand fazer um álbum conceptual não foi dificil. Foi só pegar em algo
que todos conheciam, em algo com que cresceram e sempre viveram – as lendas e
histórias da Floresta Negra, no sul da Alemanha, a sua região de origem. E se
já antes não havia razão para utilizarem o inglês, também não fazia sentido utilizá-lo
agora que a base das suas letras são as tradições do seu país. Estes foram
alguns dos assuntos abordados na conversa que tivemos com Säsch a propósito do
lançamento do álbum Es War Einmal…
Olá
Säsch, obrigado pela disponibilidade e parabéns pelo novo álbum. Para começar, podes
apresentar a banda aos metalheads portugueses?
Olá Pedro,
obrigado por nos receberes e pela tua excelente crítica! Com prazer: sedeados
nos portões da Floresta Negra, no sul da Alemanha, os bosques e pântanos estão
cheios de mitos, contos de fadas e lendas. Está na altura de recontar essas
histórias – à nossa maneira. Escuro, maléfico e distorcido. Cheio de riffs
brutais, ganchos melódicos e uma vibração sombria. Somos os Gefrierbrand
- a palavra alemã para "queimadura por congelamento", ou seja a pior
coisa que pode acontecer à comida no congelador!
Quando
começaram a trabalhar em Es War Einmal...?
Isso depende
do que consideras o inicio dos trabalhos! A primeira música do novo álbum ficou
pronta logo após o nosso último lançamento. O trabalho em estúdio não começou
antes de outubro do ano passado – ou seja acelaramos no que diz respeito ao tempo
de estúdio.
Demoraram
quatro anos entre o lançamento anterior e este. Por quê?
Primeiro,
tivemos algumas mudanças na formação - a posição de baixista mudou duas vezes.
Durante essas fases, focamo-nos na introdução dos membros mais recentes às nossas
músicas. Depois, houve algumas tournées nas quais nos concentramos em
manter as performances. E por último - precisávamos da pressão de uma
data de lançamento real! Demoramos cerca de 2-3 anos para fazer 3-4 músicas...
e no verão passado, foram escritas 3-4. Não queríamos lançar um álbum apenas
por lançar - queríamos ter orgulho do resultado.
Considerando
que este é o vosso terceiro álbum, há alguma inovação em termos de abordagem?
É o primeiro
lançamento com um conceito completo. Desde as letras das melodias até ao nosso kit
de imprensa, tentamos ter tudo baseado no conceito dos antigos contos de fadas
alemães. Em relação à composição, ainda mantemos o nosso princípio: um de nós
tem uma ideia, trabalha nela, apresenta-a - e todos nós damos a nossa contribuição
para a melhorar, terminar e aprimorar.
De
facto, este álbum carrega uma atmosfera muito mística. Como trabalharam este
aspeto?
Talvez um
pouco de pó de fada? Estou a brincar! Essa atmosfera é efetivamente o que
pretendíamos. As letras são adaptações de velhos e, muitas vezes sangrentos,
contos de fadas alemães. As melodias e os riffs precisavam encaixar - e
saiu ótimo!
Como
afirmaste antes, Es War Einmal... é
um álbum conceptual. Que tipo de conceito é abordado?
Desta vez queríamos
ter um álbum conceptual. Ao pensar sobre o tema, pensamos: "guerra e
destruição - de novo? Não há algo que todos nós conhecemos, com que todos nós
crescemos? É claro - contos de fadas e mitos!" Assim chegamos rapidamente a
esse tópico. Como já foi dito, esses velhos contos costumam ser sangrentos - e
nós pegamos neles!
E,
mais uma vez, usando a língua alemã em todo o álbum. Por que fizeram essa opção?
Não seria melhor, do ponto de vista da internacionalização, se cantassem em inglês?
Poderia ser,
mas, como o alemão é a nossa língua nativa, sentimos que podemos transportar as
mensagens e sentimentos melhor na nossa língua. Além disso, especialmente no
tópico dos contos de fadas e mitos alemães, seria muito estranho aplicar
qualquer outro idioma. Por si só o idioma alemão já possui um som bastante
"áspero", o que beneficia o nosso tipo de música. Também recebemos
ótimos comentários de países que não falam alemão, tanto para os álbuns quanto
para as apresentações ao vivo – portanto, também nunca sentimos a necessidade
de mudar essa abordagem. E por último mas não menos importante: "muitos
outros cantam em inglês - por que deveríamos ir nós também?"
De
qualquer forma, permite-me dizer que, mesmo sem entender uma única palavra,
vocês conseguem fazer passar por todo esse sentimento e misticismo. Ou seja, poderemos
afirmar que os objetivos foram cumpridos?
Muitíssimo
obrigado! E sim, ter a atmosfera presente, mesmo sem o fundo lírico, é
exatamente o que pretendíamos!
O
que têm preparado para apresentar este álbum ao vivo?
A primeira e
mais óbvia novidade é a nossa nova roupa. Os primeiros pensamentos foram a
utilização do autêntico Schwarzwald Trachten (roupas tradicionais da
nossa região da Alemanha) - mas rapidamente decidimos que uma
"mistura" entre esses estilos antigos e novos se encaixaria muito
melhor. Além disso, aumentamos o nosso orçamento em verticalfoggers, pelo
que o palco tem, agora, uma melhor configuração. Mas como nos sentimos
principalmente como uma "banda ao vivo", o desempenho real é o nosso
objetivo principal… e o mais divertido! Portanto, em palco mantemos o humor
sombrio e cínico que temos nas nossas letras.
Muito
obrigado Säsch! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado,
também! Mantenham-se seguros e saudáveis, apoiem a vossa cena local e o underground.
E esperamos estar nos palcos portugueses em breve.
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