A
história dos Stoneflower dava um filme, mas o que se pretende agora é deixar o
passado lá trás e iniciar um trajeto que estabeleça o grupo norueguês como um
dos melhores do seu segmento. E para já tudo parece bem encaminhado com um
regresso com um belíssimo disco, naturalmente intitulado Finally. Passamos algum tempo com o baixista Svenn Huneide que nos
explicou as peripécias pelas quais ele e Tom Sennerud passaram nos últimos
tempos.
Olá
Svenn, obrigado pela disponibilidade e parabéns pelo regresso e pelo novo
álbum. Posso perguntar o que andaram a fazer durante todos estes anos?
Viva! Os Stoneflower
passam muito do nosso tempo em estúdio e isso significa, mesmo muito tempo. Passamos
seis anos a fazer o nosso primeiro álbum Crack A Little Smile. Depois
desse álbum, todos nós concordamos que o próximo álbum seria muito rápido de
fazer, porque já tínhamos experiência… mas não, o nosso segundo álbum Destination
Anywhere demorou oito anos a estar pronto. Sim, estávamos em estúdio desde
2012 a trabalhar em Finally, quando Tom e eu decidimos reativar a banda
depois do nosso primeiro cantor ter sido mudado para outra parte do país e mudamos
de vocalista, processo que também demorou alguns anos.
Desta
forma, quais foram os principais motivos para este tão longo intervalo?
Bem, gravar e
lançar os nossos próprios álbuns tem sido uma subida difícil e não há dinheiro
que chegue. Hoje, quando as pessoas ouvem uma banda e realmente gostam, pensam
por que não lançam mais álbuns. É, muitas vezes, devido a alguns fatores. O
custo de gravar músicas e promover um álbum é hoje tão alto quanto antes, mas hoje
as pessoas não querem pagar. Ouvem música no Spotify e outros
dispositivos de streaming e já ninguém compra CDs. A triste verdade é
que a maioria das bandas não recebe um centavo do Spotify ou Tidal
e a única maneira de ganhar a vida é fazer tournées e tocar para as pessoas.
Como perdemos o nosso vocalista em 2010 e tivemos um hiato mais longo, não
havia possibilidade de fazer tours, acabamos todos a correr na areia… até...
Portanto,
este álbum tem um título totalmente adaptado – Finally… De qualquer forma, depois da vossa separação em 2010, foi
lançado o Destination Anywhere que foi considerado um dos melhores
álbuns de 2014. Foi isto o precursor do vosso regresso?
O precursor foi
a música Believing, que deveria estar no Destiantion Anywhere,
mas não tivemos tempo e banda separou-se antes da gravação. Tom apareceu no
estúdio com esse ritmo incrível e começou a música, mas depois perdeu-se. Eu
não consegui parar de pensar na música e um dia liguei ao Tom e disse:
"Ei, Tom... até onde poderíamos levar essa música? É muito boa, temos que
a lançar". Foi quando voltamos a estúdio em 2012 e começamos a trabalhar
nessa música enquanto procurava um vocalista.
Assim,
quem está atualmente nos Stoneflower?
Somos Tom
Sennerud e eu que tocamos em todos os três álbuns. John Mazaki, o nosso
novo cantor, que encontramos por sorte e nos levou até novos patamares. Li em
algumas reviews que muitas pessoas pensam que ele é parecido com Toby
Hithcock (dos Pride Of Lions), mas melhor e uma mistura de Dennis
Deyoung e Lars Safsund (Work Of Art), todos nomes com quem nos
relacionamos. Nos nossos dois primeiros álbuns usamos como arma contratada Steinar
Krokstad (Stage Dolls, Vagabond) na bateria, mas descobrimos que estava na
altura de ter um baterista constante e o meu irmão Geir Johnny Huneide já
tocou vivo connosco algumas vezes e encaixa-se como uma luva.
E,
de facto, têm aqui um ótimo álbum. Todas as músicas são novas ou algumas vêm dos
vossos tempos passados?
Muito
obrigado, apreciamos muito isso. Essas músicas são o nosso bebé, por isso
estamos muito orgulhosos de todas elas, mas como mencionado anteriormente, trouxemos
a música Believing, que usamos no nosso segundo álbum. Todas as outras
músicas são novas e até descartamos 6 ou 7 músicas ao longo do processo. Talvez
surjam num álbum best of ou não… (risos).
Qual
abordagem tentaram neste novo álbum?
Tentamos ser
fiéis a nós mesmos em termos da música que gostamos e não nos quisemos desviar
muito do som dos Stoneflower, mas queríamos um som mais moderno. É
claro, ter um novo vocalista, com uma sonoridade diferente mudou muito, mas
gosto de pensar da melhor maneira. Tom é o nosso guitarrista e o nosso produtor
musical e teve uma abordagem de alta qualidade em todo o processo.
Podes
falar dos convidados que participam neste álbum? Qual foi a sua contribuição
para as músicas?
Somos todos
fãs de Steinar Krokstad e da sua contribuição em Believing que
foi gravada anteriormente. Per Hillestad é um dos bateristas mais requisitados
e experientes da Noruega e toca com o grupo Lava e vários outros nomes
famosos. Perguntamos-lhe se poderia tocar em Throught The Fire e ele
disse que sim. Tom e eu já ouvimos Tommy Denander há algum tempo, especialmente
os álbuns dos Radioactive e uma noite em que ele tocou com Bobby
Kimball, perguntamos-lhe se ele gostaria de fazer alguma coisa na guitarra
para nós e ele concordou em fazer os solos em The Devil Never Cries. Nós
misturamos o álbum no incrível estúdio Secret Gardens, que é do famoso e
espetacular teclista Bjønn Ole Rasch e Tom perguntou-lhe se poderia
fazer um solo Minimoog em Finally e sim, ele disse que sim. Leif
Johansen (A-ha, 21 Guns, Phenomena) mora perto de nós e é o responsável por
um belo estúdio. Gravámos lá algumas baterias e ele também é uma pessoa
maravilhosa. Tentamos que ele tocasse algumas linhas de baixo no álbum, mas não
teve tempo. Talvez numa próxima oportunidade.
Com tudo parado devido ao coronavirus, que
planos têm para quando tudo isto tiver passado?
Esperemos que
estes problemas e dificuldades terminem rapidamente. Tínhamos uma data agendada
para abril que, infelizmente, não se pode realizar. Tentaremos agendar alguns
espetáculos quando tudo isto passar, mas acredito que tenhamos que esperar até
ao próximo ano.
Muito obrigado, Svenn. Queres
acrescentar mais alguma coisa ou deixar alguma mensagem?
Queremos gradecer
a todos pelo interesse e desejamos que fiquem seguros e em saúde!
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