Entrevista: Wishing Well

 

O lançamento do terceiro álbum dos Wishing Well foi abalroado pelo COVID-19. Nada que preocupe Anssi Korkiakoski, mentor do projeto finlandês que de uma forma humilde reconhece que, face ao que se está a passar no mundo, o seu álbum e os espetáculos são poeira no vento. Seja como for, em Do Or Die, o coletivo continua a caminhar aproximando-se cada vez mais do metal e afastando-se do hard rock que caraterizou o primeiro lançamento. Fomos perceber essa evolução com o guitarrista e principal compositor.

 

Olá Anssi! Espero que esteja tudo bem nestes tempos de crise. Mantendo um intervalo de dois anos entre lançamentos, os Wishing Well estão de regresso com um novo disco. E desta vez parece-me com uma orientação mais metal. Concordas? Foi essa a vossa intenção inicial?

Olá Pedro, estamos bem e agora na Finlândia as coisas parecem um pouco melhores com restaurantes normalmente abertos e assim por diante. Tem sido difícil para muitas pessoas, mas a Finlândia lidou bem com as coisas e estou feliz com isso. No entanto, está longe de terminar e vai demorar muito tempo para as bandas voltarem ao ativo. Sobre o álbum, tentamos torná-lo um pouco mais metal dessa vez. De alguma forma, parecia uma progressão natural após o último álbum e, desta vez, as músicas em geral são mais metal. Diria que é coincidência e de propósito.

 

Acredito que a manutenção do mesmo line-up vos dê outra estabilidade para tentarem desenvolver ainda mais as vossas composições…

Continuar com a mesma formação certamente ajuda. Eu sei melhor o que os restantes membros são capazes de fazer e o que não, o que eles gostam e o que não gostam, e assim por diante. Eles também têm mais algumas ideias para arranjos. O nosso baixista Ricky escreveu Live And Learn e acho que se encaixa muito bem no álbum, todos gostamos muito dessa música. E nós escrevemos The Gates Of Hell juntamente com ele, portanto há algo novo no departamento de composição.

 

Na tua opinião, Do Or Die está mais próximo de Rat Race que de Chasing Rainbows?

Do Or Die está, definitivamente, mais próximo de Rat Race do que Chasing Rainbows, mas apesar da formação diferente, acho que todos os nossos álbuns têm os mesmos recursos, incluindo muitos estilos diferentes.

 

Eu penso que este álbum marca um passo em frente. Trabalharam algum aspeto de forma diferente desta vez?

As pessoas dizem que nós evoluímos, mas não sei; usamos o mesmo estúdio, o mesmo equipamento, o mesmo engenheiro, demoramos o nosso tempo, pensamos em arranjos e ensaiamos juntos e separadamente, como na última vez. Para mim, é tudo a mesma coisa, fazemos o melhor que podemos e vemos o que sai!

 

Notam-se algumas influências doom, subtis, mas presentes. Quem trouxe esta abordagem?

Eu acho que Sacrifice, no nosso primeiro álbum, é a coisa mais doom que já fizemos e The Gates Of Hell fica em segundo lugar. Como disse, é uma música que eu e Ricky escrevemos e arranjamos juntos e inventei uma letra de alguém no seu funeral quando se apercebe que vai para inferno!

 

E quanto a todo o misticismo e espiritualidade presente em Sermon On The Mount?

Sermon On The Mount é a respeito de Jesus. Muitas pessoas acham as suas palavras muito reconfortantes e verdadeiras, e não apenas os cristãos. Estou constantemente a procurar tópicos e ideias religiosas, porque acho que são muito fortes e funcionam bem no hard rock e metal.

 

E depois da experiência com violinos em Rat Race, surge uma canção com flauta e guitarra clássica. De que forma aparece Cosmic Ocean?

Quero sempre algo especial nos nossos álbuns, porque sinto que um álbum bom e interessante deve apresentar preto e branco, luz e sombra. Cosmic Ocean surgiu-me há alguns anos atrás enquanto tocava na minha guitarra clássica ao lado da minha cama. Surgiu muito naturalmente e nem precisei de grandes arranjos. Embora pudesse ter sido uma música elétrica épica com muitas partes e longos solos, decidi fazer uma versão nua porque senti que a progressão da melodia e dos acordes era suficientemente forte. Queria criar algo místico, escrevi letras espirituais e a flauta funciona bem com elas, pelo menos acho que sim!

 

Lançaram o álbum e apareceu o coronavírus. De que forma afetou o vosso planeamento destes meses?

Tivemos que cancelar a nossa festa de lançamento do disco, além de um bom número de espetáculos. Como planeado, lançámos o álbum, mas não fiquei desapontado porque, comparado à situação no mundo, o nosso álbum e espetáculos são poeira ao vento. Acho que este ano está perdido, mas voltaremos no ano que vem!

 

Manténs vivo o sonho de gravar no Abbey Road com uma orquestra sinfónica? Está mais perto de acontecer ou nem por isso? (risos)

Porque não? Tudo isso é sobre sonhos e às vezes os sonhos também se tornam realidade. Grandes sonhos e trabalho duro são uma ótima combinação. Com um pouco de boa sorte, quem sabe!

 

Muito obrigado Anssi! Queres acrescentar mais alguma coisa ou deixar uma mensagem?

Obrigado a ti, Pedro e obrigado a todos. Confiram os Wishing Well e se gostarem, continuem a ouvir!


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