Warlord (LEATHER SYNN)
(2020, Non Nobis Productions)
A qualidade que os Leather
Synn têm vindo a demonstrar não fica cabalmente repercutida no seu
catálogo, tendo vindo a viver de singles, EPs e splits. E agora
que Carlos Faria e Eduardo Cano parecem empenhados em reerguer a
banda, para aquela que será a sua terceira incarnação, o EP Warlord vem
mesmo a calhar. A calhar e a provar que este é, seguramente, um dos melhores
coletivos nacionais e que apenas precisa de um pouco mais de sorte. Warlord
é composto por 4 temas, dois deles já do passado da banda lisboeta (Synn Is
Ynn e Commited To Metal, incluídos no EP homónimo de 2013), agora
regravados com a nova formação. Os outros dois temas, Warlord e Still
In My Heart, são originais e marcam o novo caminho que a banda quer traçar.
E deixem-me dizer-vos que são duas malhas memoráveis de heavy metal
clássico e épico que vêm diretamente das melhores influências quer dos Alkateya
quer dos Manowar. E se este é o novo caminho dos Leather Synn,
pois bem, queremos ter mais material e rapidamente. Porque, isto é, de classe
mundial! [92%]
Others (FROST*)
(2020, InsideOut
Music)
John Mitchell tem andado bastante ocupado com os Lonely
Robot e, talvez por isso, o último álbum dos Frost*, Falling
Satellites, já date de 2016. Então, finalmente Jem Godfrey, Nathan
King e o próprio Mitchell tiveram tempo para compor alguma coisa? Nem por
isso. Os seis temas presentes em Others já datam do tempo de Falling
Satellites, e foram, finalmente concluídos e apresentados. E é isso que se
apresenta em Others. E isso é um conjunto de músicas demasiado
abrangentes, exploratórias, arrojadas e arriscadas, o que se transforma num
disco que não é fácil de descrever. E onde cantos africanos andam de mãos dadas
com recursos eletrónicos e passagens cinematográficas convivem com rock
industrial. Ainda assim, a tanta diversidade estilística e criatividade não
corresponde igual capacidade melódica, sendo que apenas Fathom se mostra
evoluída nesse aspeto, nem grande fluidez, soando tudo demasiado confuso. [73%]
Clarity (MY HEAVY MEMORY)
(2020, Independente)
Clarity, primeiro longa-duração dos My
Heavy Memory, traz-nos um conjunto de temas de verdadeiro rock/metal in
your face. A banda californiana, que anteriormente era conhecida por Killdera,
mudou o seu nome e mostra-se mais madura que no seu EP homónimo, seguindo uma
diferente linha de orientação. Às suas influências de um metal mais
tradicional, e que podem ser ouvidas nas primeiras faixas, nomeadamente em Keep
Coming Back numa aproximação a Dio, ou a um thrash da sua
área (a Bay Area), no tema título próximo do registo dos Metallica,
responde uma outra fase de maior modernidade. E esta fase de maior modernidade
corresponde a um update das sonoridades mais alternativas que bandas
como Stone Temple Pilots, Tool ou Soundgarden
apresentaram. De facto, Clarity é um disco que, a espaços, se mostra
fresco e moderno, embora no seu conjunto, nada haja que sobressaia. E quando
acaba de se ouvir nada ficou guardado. [65%]
Sepulchral Demons (TÖXIK DEATH)
(2020, High Roller
Records)
Os problemas que têm
assolado os Töxik Death têm sido alguns, a ponto de pôr em causa a
continuidade da banda. Mas os noruegueses são resistentes e com uma nova secção
rítmica e um novo vocalista arranjaram forças para avançarem para um novo
álbum, Sepulchral Demons, que surge seis anos após a estreia Speed
Metal Hell. Arranjar força não significa arranjar inspiração e Sepulchral
Demons sofre precisamente desse facto. São sete faixas em 32 minutos de um thrash
metal inspirado por nomes como Slayer ou Sepultura (claro em Undead
Vengeance), ou Morbid Angel, no tema Incantation Of Annihilation.
Sepulchral Demons apresenta uma variação speedada do thrash
com uma controlada dose de loucura, onde não faltam psicopatas de muletas e
outras personagens sepulcrais… [66%]
From Over Yonder/Pilgrimage (VELVET VIPER)
(2020, Massacre Records)
Os Zed Yago foram
uma banda alemã nascida em 1985 e dissolvida, fruto do egoísmo, em 1990. Nessa
altura, recomeçaram tudo de novo e com um novo line up mudaram o nome
para Velvet Viper. Agora a Massacre Records promove a reedição
dos seus dois primeiros álbuns, From Over Yonder (1988, Steamhammer)
e Pilgrimage (1989, RCA), debaixo da designação Velvet Viper,
o que até acaba por ser um pouco estranho porque não foi esta marca que lançou
estes álbuns e porque ainda há, atualmente, um coletivo com o nome Zed
Yago. Confusões à parte, estas reedições surgem totalmente remasterizadas,
cortesia de Alexander Krull, com novas capas e adicionadas de temas
bónus. Esta é uma boa oportunidade para as gerações mais novas tomarem contacto
com algumas das mais criativas criações metaleiras dos anos 80 e
perceber a fonte de muita da atual influência da pirataria e da forma de compor
de forma orgânica e com desenvoltura. [81%/79%]
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