A novidade para esta ode dos Rainy Days Factory
é a conversão em quarteto com a inclusão definitiva de Vanessa Nunes. Nada
significativo, no entanto, na visão de amizade existente no coletivo. Um
coletivo que continua a pisar um trilho musical que é acima de tudo um
manifesto de poetas e sonhadores. E onde cada vez mais é preciso persistência.
Daí este Ode To
Persistence do qual Óscar Coutinho nos fala.
Olá, Óscar, tudo bem? Em
2016 dizias-me que fazer um terceiro álbum estava nos planos. Cá está ele… Porque
quatro anos de intervalo?
Olá Pedro. Se estamos bem? Felizmente estamos bem de
saúde física. Pessoalmente estou revoltado. Como é que em pleno século 21 em
que se fala na 4ª revolução industrial um ser micróbico consegue parar o
planeta? Enfim. Sim, o 3º LP dos RDF está finalmente editado. Quanto aos
quatro anos, não tendo sido forçado a existência desse espaço temporal, achamos
normal como um período necessário e essencial para a consolidação de todos os
temas.
E, de forma sucinta, o
que nos podes dizer a respeito de Ode To Persistence?
Sucintamente, Ode To Persistence passa pela
profunda teimosia dos quatro elementos da banda em continuar a fazer música,
mas acima de tudo é um manifesto a todos os poetas e sonhadores. Apela a todos
os videntes noturnos, buscadores de alma, caçadores de sonhos, os que buscam a
liberdade, os viciados em devaneios, poetas Inso maníacos, aos que se atrevem a
questionar os mistérios da vida. Ouçam o nosso apelo.
De que forma decorreram
os trabalhos de composição e gravação? Foi preciso muita persistência ou o
título do álbum não tem aplicabilidade na realidade?
O formato de composição dos RDF passa sempre
pela química da banda quando está junta e a ensaiar. Todos os temas surgiram no
estúdio com cada um a imprimir o seu cunho pessoal. Felizmente o LP foi todo
concluído no final de 2019, sem interferência de seres micróbicos e
afastamentos sociais. Quanto ao nome, nada tem a ver com o processo de
composição ou gravação, mas sim com uma dedicação muito profunda aos que
acreditam e que não desistem.
Depois de Vanessa Nunes
ter sido convidada no álbum This Is Tomorrow, ela agora surge como
membro efetivo da banda, certo? Tendo sido sempre um trio, o que vos motivou a
passar para quarteto?
Os RDF foram, são e sempre serão mais que uma
banda. Somos amigos. A estrutura de trio tem tanto de poético e de heroico como
de espartilho na execução. Estamos e sempre estivemos abertos a outra estrutura
de elementos, três, quatro, cinco. O que aconteceu com a Vanessa foi
inevitável, apenas porque a paixão de estarmos juntos foi recíproca. Já dizia o nosso Zeca “Seja bem-vindo quem
vier por bem”.
Por outro lado, ao
contrário do álbum anterior, desta vez não têm convidados nem versões, pois
não? Portanto, sempre poderemos dizer que é um álbum 100% puro RDF?
É verdade. 100% RDF. Apesar de acharmos que
quando convidamos alguém ou mesmo quando fazemos uma versão, continua a ter a
nossa alma pura.
E sendo um álbum 100%
puro RDF, acabará por ser o trabalho que melhor vos define enquanto criativos e
executantes?
É sem dúvida o nosso melhor LP. Desde os arranjos
passando pela composição à carga emocional das letras, sentimos que todos fomos
além do que estávamos acostumados, ultrapassámo-nos e evoluímos. Na minha opinião
o melhor LP feito em Portugal.
Ode To Persistence é um álbum capaz
de criar diferentes cenários, parecendo haver diferenças significativas entre
os temas do início e os do fim. Foi propositada essa forma de alinhamento?
Na verdade, a existência de temas com imagens cénicas
distintas é completamente destituída de intenção. Os temas são quase como seres
alienígenas que precisam de uma sopa química para saírem do casulo. Nós apenas
preparamos essa sopa. Uma vez em contacto com o exterior, vão revelando, pouco
a pouco a essência de múltiplas personalidades. Engane-se quem acha que é
apenas um. Relativamente ao alinhamento e agora que mencionas a disposição dos
temas, parece ter sido propositado, mas não foi.
Daqui para a frente,
qual é a vossa principal prioridade e aposta?
A certeza do incerto. Estamos, como muitas bandas
estão, em fase vegetativa. Para já não me vejo a dar um concerto digital com
umas camaras a filmar e a sermos vistos numa plataforma qualquer…. Ainda não
consigo!! Por agora pensamos promover o LP nos formatos normais e ver o que
acontece.
E palco? Agora com o
gradual levantamento de condicionantes, já se prepara alguma coisa?
O levantamento de condicionantes, ao funcionar, apenas resulta a quem se move na esfera mainstream. Para os circuitos de música apelidada de alternativa, se até agora a oferta era medíocre, então agora não existe. Vamos ver. Até lá…o destino é desconhecido e a chave é o próprio mistério.
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