Entrevista: Ghost Avenue

 


Depois de dois álbuns pela Pitch Black Records, os noruegueses Ghost Avenue quiseram ter o controlo total da sua produção e, por via disso, optaram por lançar Even Angels Fail por conta própria. Este que já é o quarto álbum do coletivo também traz a novidade do guitarrista Thomas Eljarbø que entrou na banda logo após Impact e que se revela, de facto, uma mais-valia. O outro guitarrista, André Berger, foi, desta vez, o nosso interlocutor numa conversa que passou por estes e outros tópicos.

 

Olá André! Como estás nestes tempos de crise? Mantendo os intervalos estáveis entre os álbuns, aqui estão os Ghost Avenue com uma nova obra. Como se sentem com Even Angels Fail?

Olá Pedro. Estou bem, obrigado. Espero que tu também! Estamos muito felizes com o novo álbum e achamos que é o nosso lançamento mais forte até agora e isso é uma boa sensação. O feedback tem sido ótimo e, ao ler a tua análise, parece que também achas que é bom!

 

Com Impact entraram no mundo dos álbuns conceptuais. E desta vez? Mantiveram o mesmo método?

Impact foi diferente do que normalmente fazemos. Para aquele álbum, tínhamos muitas letras escritas antes de começarmos a fazer a música. Kim teve uma ideia sobre um conceito e foi assim que acabou. Desta vez, tínhamos muitos riffs de guitarra e ideias musicais e escrevemos a maioria das letras para a música e não o contrário.

 

Depois de dois lançamentos pela Pitch Black Records, por que decidiram seguir o vosso próprio caminho com um lançamento independente?

Tivemos uma boa experiência com a PBR, mas sentimos que estava na altura de ter o controlo total tanto da música quanto do planeamento do lançamento e assim por diante. Agora podemos fazer isso nos nossos próprios termos e cronograma. Queríamos que o álbum fosse lançado num momento específico antes de uma tournée planeada e é muito mais fácil fazer isso quando temos controlo total. Por causa da pandemia em curso, quase todos os nossos espetáculos planeados foram adiados, mas isso era algo que ninguém poderia prever.

 

Impact foi um álbum tremendo e as críticas refletiram isso. Sentiram alguma pressão quando começaram a trabalhar neste novo álbum?

Bem, obrigado. Estamos muito satisfeitos com este álbum, por isso é sempre bom quando as pessoas respondem positivamente ao que fazemos. Não sentimos nenhuma pressão, apenas ansiosos para iniciar o processo e fazer novas músicas. Sabíamos que tínhamos muitas ideias fortes para este álbum, portanto o desafio era fazê-lo funcionar. Acho que acertamos!

 

Quando começaram a compor músicas para este álbum e como foi o método de trabalho desta vez?

Fazemos sempre riffs e misturamos as coisas. Eu, pessoalmente, tinha toneladas de riffs e ideias de músicas e até mesmo algumas letras feitas logo após terminarmos o Impact. Algumas das ideias musicais foram compostas há quase três anos, por isso é muito satisfatório finalmente poder lançá-las. O nosso método de trabalho e abordagem é que normalmente compomos riffs e ideias em casa e depois trabalhamos juntos numa música completa. Às vezes até tocamos uma música inteira do início ao fim na nossa sala de ensaio. Portanto, não existe realmente um método específico. Apenas seguimos o fluxo e as músicas são moldadas naturalmente conforme avançamos.

 

Podes descrever um pouco o que apresentam em Even Angels Fail?

Bem, todos nós somos fãs de bandas clássicas de hard rock e heavy metal, portanto a música é inspirada nessas bandas, acho eu. Gostamos de tocar música que amamos. Em relação às letras acho que amadurecemos e desta vez destacamos muitos tópicos difíceis como a religião (The Fallen), o abuso de poder (A Violent Disturb Of The Peace), a pressão com que lidam as crianças todos os dias (Wasted Generation), abuso de drogas (Even Angels Fail), um pouco de história (Northman) e alguns temas relacionados com a guerra. Portanto, olhando para isso, parece que vivemos num mundo bastante negativo (risos).

 

Onde gravaram? Foram apenas dez dias, certo? Suponho, então, que todo o processo tenha sido bastante tranquilo?

Gravamos no Lionheart Studio, o mesmo estúdio do Impact. Mas desta vez o estúdio teve que se mudar para um novo local e então tivemos que ajudar um pouco na construção para que ficasse pronto para gravarmos. Foram mais de dez dias. A bateria foi gravada em dez dias. Guitarras e baixo levaram cerca de duas semanas e, por causa da pandemia, todas as sessões dos vocais foram atrasadas algumas semanas e acabaram por ser gravadas na garagem do Kim. Funcionou muito bem. Não vou dizer que foi bom (risos), mas também tivemos um pouco de sorte porque acabamos de terminar todas as guitarras um dia antes do confinamento.

 

Enfim, quando parecia que tudo ia bem, apareceu o Corona e com ele tiveram que fazer pequenas adaptações, certo?

Sim, provavelmente já respondi a essa pergunta. Mas sim, tivemos alguns desafios no estúdio e tivemos que adiar o lançamento do álbum alguns meses e como disse, quase todos os nossos espetáculos foram adiados para 2021 ou sempre que for possível tocar ao vivo novamente. Mas tivemos dois espetáculos ao vivo em outubro e estamos ansiosos por isso. Finalmente podemos tocar algumas músicas novas ao vivo.

 

Este é o primeiro álbum com o novo guitarrista Thomas Eljarbo e que performance ele tem! Já teve, também, oportunidade de cooperar na criação musical?

Sim, ele tem alguns solos realmente ótimos no álbum e encaixa-se bem na banda. Tornou-se um membro pleno logo após o lançamento do Impact, pelo que já está connosco há mais de três anos. Ele cooperou e está no processo juntamente com os restantes de nós, portanto, ele contribuiu para o álbum com certeza.

 

Sentem que podem almejar atingir outros patamares com ele a bordo?

Ele tem o coração no lugar certo e é uma força motriz quando se trata de agendar espetáculos, etc. Também tem muitos pensamentos e ideias sobre como podemos melhorar a apresentação num ambiente ao vivo, então sim, ele contribui muito para o nosso desenvolvimento.

 

Que projetos têm atualmente em mãos e/ou em mente desenvolver nos próximos tempos, mesmo considerando esta situação de pandemia?

Esperamos fazer muitos espetáculos ao vivo no próximo ano. Se a situação obscura continuar por muito tempo e se tornar impossível fazer espetáculos ao vivo e tournée, provavelmente escreveremos algumas músicas novas. Obrigado por nos dedicares o teu tempo!


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