Ghostly Rock Season (INVADING CHAPEL)
(2020, Independente)
Invading
Chapel é um projeto já bem antigo. Nasceu em
1996 pelas mãos do francês Loïc Malassagne e tem vindo, ao longo dos
anos, a criar linhas góticas que tanto caem no rock como no metal.
No caso particular de Ghostly Rock Season, a maior dose (bem, na
realidade, quase a totalidade) é rock gótico muito influenciado pelas
ondas negras, tons baixos, vocais graves e atmosferas cruas dos anos 90. Este é
um disco que nada acrescenta ao que já foi feito e onde ficam bem evidentes as
lacunas que um projeto de uma pessoa apenas por norma acarreta. Em Invading
Chapel, Malassagne toca tudo e canta, com exceção da bateria que ficou
entregue a dois elementos, Ludovic Rouix e Jim D., e a alguns momentos entregues a
convidados, como alguns solos e a voz feminina em três temas. E são,
precisamente, esses os momentos que conferem uma outra dinâmica a este disco. Algures
entre os The Cure, os Type O Negative (ao nível vocal,
nomeadamente) e muito dos HIM, mas com influência também visível dos Depeche
Mode, onde nem falta a versão de It’s No Good, Ghostly Rock
Season é um disco algo estereotipado e que, provavelmente, apenas dirá
alguma coisa aos fanáticos do estilo. [62%]
Time Waits For No Man (TRISHULA)
(2020,
AOR Heaven)
Trishula, a banda de rock melódico britânica é
o resultado da mente criativa do guitarrista Neil Fraser (Ten e Rage
Of Angels) e que não perde tempo a colocar no mercado o seu segundo álbum a
solo (e em nome do projeto Trishula) no espaço de dois anos. Acompanhado
pelo excelente vocalista Jason Morgan, mas já sem o baterista português João
Colaço, Time Waits For No Man sucede a Scared To Breath e
segue, de uma maneira global, o mesmo registo. Isto significa, uma aposta em
linhas melódicas de um rock elegante e bem elaborado, maduro e
personalizado, embora não muito exuberante e, claramente, com o maior destaque
dado ao trabalho de guitarra do próprio Fraser, sempre bem coadjuvado pelo
desempenho vocal de Morgan. [75%]
Mantenhas (FERNANDO FERREIRA)
(2020,
AVMusic Editions)
Na
canção que abre Mantenhas, último álbum de Fernando Ferreira, ouvimos o som de uma percussão. É um som que funciona como porta de entrada
para uma viagem que não sabemos onde nos leva, mas que claramente começa em
África, nomeadamente em mornas e coladeiras de Cabo Verde
(verdadeiramente espetacular é Mindjeris De Pano Preto). E, a partir,
daí, expande-se pelos seis continentes, sendo particularmente audível o fado de
Portugal, algum jazz e MPB do Brasil, a música dos portos do
Mediterrâneo e até country dos EUA. É, por isso, um disco aberto ao
mundo e à sua diversidade cultural, étnica e musical. É um álbum de world
music e de união, num sentimento que não se esgota nas notas musicais. Para
este disco contribuíram, ao nível da escrita, nomes como João Afonso, Amélia
Muge, Sebastião Antunes e Paulo de Carvalho. [69%]
Muscle Memory (KEVIN GODLEY)
(2020,
Independente)
Kevin
Godley, para os mais distraídos, é o
lendário compositor, cantor e baterista dos 10cc. E desde 16 de julho
que vem lançando canções. A última foi All Bones Are White e ficou
disponível no passado dia 22 de outubro. Até ao final do ano ainda serão
lançadas mais três e, depois, surgirá o álbum Muscle Memory que as
englobará a todas. No fundo este é um álbum diferente. Através da plataforma PledgeMusic,
onde músicos podem contactar diretamente com os fãs, Godley pediu a colaboração
para as suas criações e, portanto, Muscle Memory é assim um álbum aberto
a diversas colaborações, algumas delas de completos desconhecidos. Por isso,
dos 286 instrumentais que Kevin Godley recebeu, 11 foram escolhidos para
o tracklisting final. E daí este álbum ser tão heterogéneo, sendo de
destacar o espetacular The Bang Bang Theory, abordagem sulista/gospel
num registo vocal soberbo sobre um campo de beats/eletrónica. Outros
momentos merecem o nosso aplauso como a pinkfloydiana Periscope
(a sair a 5 de novembro), a abordagem mariachi de Song Of Hate
(19 de novembro) e a cinematográfica, com a flauta com um desempenho essencial,
Bulletsholes In The Sky (último tema a ser disponibilizado a 3 de dezembro).
Infelizmente para a consistência do disco, há um notório desequilíbrio entre
estes temas e os restantes e há, até, algumas ideias pouco produtivas. [66%]
Forever (AVI ROSENFELD)
(2019, Independente)
Diz
Avi Rosenfeld que a música não tem fronteiras e os seus trabalhos são a
prova evidente disso mesmo, juntando uma enorme diversidade de músicos de todo
o mundo. Forever, o incrível 47º álbum, ainda é de 2019 e mostra o
israelita a regressar lentamente à sua melhor forma. Rock clássico com
fortes estruturas rítmicas e muito diálogo entre o Hammond e a guitarra
elétrica dividem o protagonismo com outras abordagens mais orientadas para o latin,
para o folk e para o funk. Há momentos trovadorescos e há
trompetes a espalhar magia pelo ar. Mas se há algo de especialmente bem
conseguido neste trabalho é mesmo a costela de um rock clássico que não
deixará ficar ninguém parado. [80%]
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