Entrevista: Hourswill

 


No início do ano já tínhamos conversado com José Bonito a respeito do sensacional álbum Dawn Of The Same Flesh, dos Hourswill. Entretanto, a banda resolveu dar uma prenda aos seus fãs e lançou Afterhours, num formato que não seria exatamente o inicialmente previsto. E numa altura de pandemia e confinamentos voltamos a conversar com o guitarrista da banda nacional para analisar este EP e projetar os trabalhos futuros.

 

Olá, José, tudo bem? Afterhours é o vosso novo trabalho, um EP de seis temas. Qual foi o objetivo deste lançamento?

A génese do AfterHours começou a ganhar forma ainda nós estávamos nas gravações do nosso último disco Dawn Of The Same Flesh. Quando se concluiu o processo de escrita para o álbum, demos conta que tínhamos mais temas do que aquele que o conceito lírico exigia e assim sendo entrámos em estúdio com a ideia de gravarmos tudo o que tínhamos para mais tarde utilizar. Comunicámos a nossa intenção à editora e chegou-se a acordo para a edição de um EP com o restante material. Infelizmente, existiram alguns problemas internos com a banda já em estúdio e depois de fazermos contas à vida tivemos de abandonar a nossa ideia inicial. Como já tínhamos acordado com a Ethereal Sound Works a edição do trabalho para este ano, decidimos seguir em frente encarando este lançamento como uma humilde prenda para todos aqueles que têm seguido o nosso percurso e apoiado a nossa música ao longo dos anos e também como um fim de ciclo para a própria banda.

 

Desses seis temas, quatro foram captados ao vivo. Onde os captaram e porque a escolha recaiu sobre esses e não outros?

A nossa editora irá criar num futuro próximo na sua loja online um segmento chamado The ESW Bootleg Series onde estarão disponíveis gravações ao vivo de concertos das várias bandas do seu catálogo, e como tivemos de alterar significativamente o conteúdo do EP, demos uma escuta ao material live de Hourswill que lá estará incluído. São gravações na integra de concertos nossos que demos no Oeste Underground Fest e no RCA Club. Escolhemos os temas que estão no EP pela simples razão de serem aqueles que nos pareceram melhores em termos de atitude e até me lembro que na altura dessa escolha andava a ouvir uns bootlegs raros de Celtic Frost e de Misfits e achei que fazia todo o sentido! De referir que apenas a edição física do EP contem esses 4 temas ao vivo de que falas. Um pequeno bónus para aquele pessoal que mencionei na resposta anterior. A versão digital tem apenas 2 desses temas.

 

Há, também, a LS Version de Now That I Feel, tema que estava incluído no vosso último álbum. Pergunto se houve alguma alteração substancial neste tema ou se acharam que, de alguma forma, mereciam uma oportunidade nova e diferente?

A grande diferença desta versão para a do disco é a ausência da voz feminina! Esta é a primeira versão do tema, que, apesar de já estar bastante interessante e sólida em termos musicais, ainda não está totalmente dentro do espírito do conceito geral daquilo que o Leonel havia escrito para o disco e que só fez toda lógica na versão final em dueto. De qualquer maneira é excelente tema e penso que as pessoas terão interesse em ouvir esta versão só com o Leonel e também com um ou outro arranjo diferente daquilo que está no Dawn Of The Same Flesh.

 

Já agora, qual o significado de LS Version? Tem o dedo do Leonel Silva (risos)?

Sim...tem o dedo dele (Risos)! Infelizmente, o último nome do homem não começa pela letra D, senão, teria ficado LSD Version! Leonel In The Sky With Diamonds Version teria sido uma escolha excelente (Risos)! Também foi equacionado o nome de Lost Session Version, mas, teria sido uma designação demasiado banal! Portanto, como deixámos de ter paciência para o assunto, decidiu-se por LS (Leonel Silva) Version, um reconhecimento a todo o trabalho por ele efetuado connosco e uma pequena prenda para todos os que seguem a carreira dele, que são apreciadores do seu trabalho como cantor e também para aqueles que não suportam a presença da voz feminina na versão original (Risos)!

 

Por último, temos o Inevitable Collapse II. Que relação existe entre este tema e o Inevitable Collapse do vosso álbum de estreia?

Em termos instrumentais, tirando um ou outro apontamento a nível de arranjos, está quase idêntico. O que foi alterado na totalidade foram as linhas vocais e a letra. Quisemos experimentar a visão e abordagem que o Leonel teria para esse velho tema do nosso primeiro álbum. Ficou bem porreira esta perspetiva dele do tema, diferente como era esperado e que nos apresenta um resultado final bastante satisfatório! É tempo agora de deixar as pessoas decidirem qual a versão que preferem, se a do disco de estreia ou esta do EP. Para além do conteúdo biográfico da letra podemos retirar dali uma mensagem de fim de ciclo, não só para a banda como já em cima referi, mas, também para o mundo em geral, aliás, como estes novos tempos que vivemos assim o demonstram.

 

Para além deste lançamento, podemos aproveitar para falar do futuro. Já se trabalha num novo longa-duração?

Quando se terminou a série de concertos de apresentação do Dawn Of The Same Flesh já nós nos encontrávamos a trabalhar em material novo e quando esta situação da pandemia chegou ao nosso país já a estrutura musical daquilo que será o nosso próximo álbum estava perfeitamente delineada. Agora é ir trabalhando tranquilamente sobre o que temos composto, sem pressas, pressões e prazos.

 

E já agora, como foi também o processo de adaptação a esta nova realidade causada pelo coronavírus?

Foi um processo sem sobressaltos, felizmente! O que é importante nesta nova realidade é que toda a gente esteja bem de saúde e com as suas famílias bem também. Em termos de banda, conseguimos realizar o planeamento que tínhamos de promoção para o Dawn Of The Same Flesh, apenas tivemos uma data que estávamos a negociar suspensa. De resto, continuámos o nosso trabalho, de forma presencial e também por rede digital. O nome da banda já vai estando estabelecido no nosso cenário musical e através dos nossos lançamentos, aos poucos, lá vamos consolidando esse objectivo.   Hoje em dia só não têm conhecimento deste projeto quem não quer saber, não dá valor ou não gosta da música. Sabemos que ainda temos muito que percorrer, em especial no exterior, mas, havendo saúde e vontade, continuaremos a persistir e a laborar na nossa música e caminho até porque temos algumas coisas planeadas para o futuro que a seu tempo serão reveladas. 

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