Em tempos complicados é necessária música épica para
animar os povos. Mas não foi isso que Cristiano Filippini se estreou,
precisamente nesta altura, com o seu projeto Flames Of Heaven, onde junta
alguns dos mais sonantes nomes do metal italiano. The Force Within é, pois,
este registo épico que serve de apresentação do italiano que tem um passado
ligado à música orquestral e sinfónica… sem nunca ter descurado o metal.
O foi com o mentor do projeto e o homem que assume as guitarras, os teclados e
as orquestrações que fomos conversar.
Olá Cristiano! Prazer
em conhecer-te e parabéns pelo teu ótimo álbum. Tens uma grande experiência em
alguns estilos. Podes falar um pouco disso como uma forma de apresentação de ti
mesmo?
Olá Pedro e obrigado pelos elogios ao álbum e pela
oportunidade de fazer esta entrevista. Bem, comecei a tocar guitarra e a compor
aos 16 anos e naquela altura o meu sonho era formar uma banda de metal,
mas foi muito difícil encontrar os membros certos... então decidi construir uma
carreira a solo na música épica sinfónica esperando a altura em que encontrasse
as pessoas certas para formar uma banda muito poderosa e tive essa oportunidade
há 3 anos atrás. Marco Pastorino contactou-me há 10 anos após o lançamento
das minhas obras sinfónicas épicas, mas encontrei os outros membros muito tempo
depois. Enquanto isso, estudei no conservatório onde fiz dois mestrados em
música para cinema e tive alguns concertos com orquestra sinfónica. Aprendi a dirigir
uma orquestra de verdade... não apenas o vst como quase todo a gente faz...
E depois de todas essas
experiências, o que te motivou a iniciar este projeto Flames Of Heaven?
Porque era o meu objetivo principal desde sempre…
Apenas precisava de companheiros de banda que se pudessem encaixar na minha
ideia de metal... é claro que ao longo destes anos sempre compus...
tenho tanto material que acho que seria impossível lançar durante uma vida
inteira!
E acabas por conseguir
reunir alguns dos melhores músicos italianos. Foi uma tarefa fácil convencer
todos eles?
Sim... em primeiro lugar devo dizer que eles são
alguns dos melhores no campo do metal italiano e europeu... Marco
Pastorino contactou-me, por isso foi fácil (risos). Ele tem um alcance
enorme e um timbre único. Michele Vioni é o guitarrista mais visto no youtube
com mais de 37 milhões de visualizações no seu canal... é um guitar hero
incrível. Também foi meu professor de guitarra, portanto, para ele, também foi
fácil. Depois apresentou-me a Paolo Caridi, escolhido por Geoff Tate
e David Ellefson para formar a sua banda e Giorgio Terenziani...
um dos baixistas mais conhecidos da Itália. São amigos e companheiros de banda
no passado em outros projetos e bandas, portanto, com eles também foi fácil
também.
Houve alguém que quisesses
ter, mas não tenha sido possível para este álbum?
Não, quero dizer que ainda estou à procura de um
pianista e um teclista para a banda, mas de momento não tenho nenhum nome em mente.
Talvez alguns... veremos, mas a resposta é não. Ninguém disse "não"
ou não foi possível entrar em contato no momento.
Podes falar um pouco da
forma como este álbum nasceu e se desenvolveu nesta coleção de canções?
Comecei a compor há 5 anos, mas claro, quando compões,
fazes centenas de edições e mudas as músicas centenas de vezes. Há ideias muito
antigas... e muito novas. Geralmente componho os vocais e depois preparo o
projeto no Cubase com teclados para definir a estrutura. Depois toco
algumas guitarras, passo a passo tudo e a letra basicamente no final.
Podes descrever este
álbum para quem não vos conhece?
É uma mistura de hard rock/AOR dos anos oitenta
e power metal europeu. A produção é clara, moderna e poderosa. Tentamos
misturar os sons quentes dos anos 80 com a tecnologia e o poder das produções
mais recentes. Há também influências da música eletrónica e claro, muita
orquestra (real)... mas usada de forma discreta.
Já que falas da
orquestra, essas partes do álbum estão muito desenvolvidas. Como trabalhaste
esse aspeto?
Como já disse, ter trabalhado muito com orquestras de
verdade na área de concertos sinfónicos ajudou muito. Eu sei onde e quando
colocar e quando é melhor não o fazer. Também os arranjos orquestrais, quero
dizer, os maus instrumentos podem caber lá! Claro que sou um fã de orquestras
épicas, os meus instrumentos favoritos são cordas e metais, se tiver que
escolher, mas o "núcleo" do som é rock e metal... a
orquestra está lá apenas para ajudar.
Como foi o teu/vosso método
de trabalho para este álbum?
Bem, eu compus a música, a primeira versão, defini o
projeto no cubase, gravei alguns teclados e talvez algumas guitarras, as
linhas vocais etc. Depois enviei tudo para os outros e eles trabalham um pouco
nelas sob a minha supervisão... e as minhas orientações. Claro que para os
vocais, guitarras e teclados eu quase mandei o “pacote pronto”, mas não para o
baixo e bateria. Aí foram só orientações.
Em termos líricos, que
assuntos são abordados?
Falamos sobre energia positiva, o poder oculto que
cada um tem em si para lutar contra o mal e os muitos problemas que afetam este
mundo de hoje. Eu vivo isso também de uma forma cristã, sendo crente, mas é
claro que cada um tem a sua maneira pessoal de o fazer...
De que forma a Covid te
afetou e o que fizeste para superar a situação?
Bem, surgiu em março... e durante três meses foi tudo
bloqueado e parado. Quero dizer, no mundo também. Tive tempo de decidir
produzir outro videoclipe e tive a oportunidade, no verão, de os gravar,
senão teria sido impossível lançar o álbum. Claro que interrompeu todos os espetáculos ao
vivo, portanto, para nós, como para todas as bandas, é possível divulgar o
álbum “apenas” por meio de entrevistas, reviews, redes sociais etc. Mas
tudo bem, na mesma. Nós limitamo-nos a esperar e tentamos ocupar este tempo a compor
muita música boa!
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