Rheingold (GRAVE DIGGER)
(2020,
Metalville Records)
Ainda hoje considerado um dos melhores discos
da carreira dos Grave Digger, Rheingold foi originalmente lançado
em 2003, via Nuclear Blast Records. Rheingold é um disco
conceptual baseado na ópera épica O Anel do Nibelungo, do compositor
alemão Richard Wagner, mais concretamente na primeira das quatro partes
que compõem essa obra. Neste conjunto de temas podem ouvir-se muitas linhas dos
escritos de Wagner (citações ou mesmo parafraseados), naturalmente traduzidas
para inglês, bem como algumas referências ocasionais à sua música. E isso é
mais óbvio na introdução do tema Dragon baseado em Sigfried’s Horn
Call. Esta junção entre os dois mundos foi cuidadosamente trabalhada e os Grave
Digger conseguiram abraçar um projeto de elevado grau de dificuldade
tendo-o concluído com enorme êxito numa das suas mais impressionantes criações.
[91%]
Lost Machine – Live (VOÏVOD)
(2020, Century Media Records)
São poucas as bandas que duram 4 décadas. E
são menos ainda aquelas que após esse período de existência continuam a atingir
níveis elevados de criatividade. E os Voïvod são um dos melhores
exemplos. Desde o technical thrash metal de álbuns como Killing
Technology e Dimension Hatröss até às explorações psicadélicas de The
Outer Limits, a banda canadiana tem superado barreiras, derrubado
fronteiras, desafiando todas as lógicas e status e seguindo o seu
próprio caminho, mesmo com momentos trágicos como a perda do Dennis Piggy
D’Amour, falecido em 2005. Mas os Voïvod não param e nestes últimos
anos os lançamentos de qualidade têm surgido, com destaque para o trabalho de
2018, The Wake, um extraordinário e multifacetado colosso de prog
thrash. Sucedendo ao EP deste ano, The End Of Dormancy, surge agora
um trabalho ao vivo que junta alguns dos hits old school (Psychic
Vacuum e Into My Hypercube) com o novo e épico material (Obsolete
Beings, Post Society e Iconspiracy) e onde não falta uma
versão do lendário tema Astronomy Divine, dos Pink Floyd. Lost
Machine – Live foi captado ao vivo no Quebec City Summer Fest a 13
de julho de 2019 e com gravação e mistura de Francis Perron e
masterização de Yannick St. Amand, traz uma vibrante apresentação da
banda ao vivo. [84%]
Virtuality (ULTIMATIUM)
(2020, Rockshots Records)
Virtuality é o novo álbum do quinteto finlandês de prog
power metal Ultimatium, primeiro para a Rockshots Records e
quarto na sua carreira. Virtuality marca, ainda, a estreia do coletivo
nos álbuns conceptuais e para que a história fique bem representada recorre a
cinco vocalistas de top do seu país: Johanna Lesonen a.k.a
Emily Leone (Lost in Grey, Dotma), Peter James Goodman (Conquest,
ex-Virtuocity), Jukka Nummi (ex-Myon, Angry Machines plays
Dio/Rainbow/Deep Purple-cover bands), Matti Auerkallio (Katra, Manzana,
SoulFallen), Tomi Viiltola (ex-Dreamtale, Perpetual Rage, Viilto). E essa aposta correu bem porque, de facto, é
o aspeto vocal que mais se destaca neste longo trabalho. Musicalmente, Virtuality
começa de forma algo atabalhoada e confusa, mas vai evoluindo e crescendo
atingindo níveis muito bons em temas como Mindcaptives, Together
(não será coincidência o facto de os melhores temas serem os mais longos), bem
como na emocional balada (Don’t) Fear The Silence. As comparações a Ayreon
são naturais, até pela escolha da temática tecnológica e pelo recurso a
narrações de um mundo cada vez mais digitalizado. [77%]
Diktátum (ROMER)
(2020, HUK Records)
Em junho deste ano celebrou-se o 100º
aniversário do Tratado de Trianon que regulou a nova situação do estado
Húngaro que substituiu o Reino da Hungria, parte integrante do Império
Austro-Húngaro, após o final da 1ª Grande Guerra. Como forma de celebrar esse
momento, os Romer lançaram Diktátum Rock Requiem que surgiu como
oferta da revista HammerWorld desse mês. De acordo com o vocalista Balázs Sziva, esse
tratado foi uma
das maiores tragédias da história húngara até hoje e sempre preocupou o
coletivo. Diktátum traz novos arranjos de músicas clássicas e folclóricas do
seu país, bem como a recitação sincera do ator Péter Vári-Kovács que dão
uma nova interpretação ao estilo a que estamos acostumados. [74%]
Islands (THE FLOWER KINGS)
(2020, InsideOut Music)
Algo se passa com o prog rock atual
que, salvo raras e honrosas exceções, começa a não conseguir ser desafiante.
Então o caso dos The Flower Kings é gritante, que desde Banks Of Eden
(2012), não conseguem convencer. E com a agravante de cada um dos discos ser
pior que o anterior. Sem por em causa a competência técnica de cada um destes
músicos, o que nos parece é que se entrou num sistema de produção massificada e
em série, onde a seleção natural dos temas não funciona porque não tem tempo
para funcionar fruto dos diversos álbuns lançados em múltiplos projetos e de
forma sucessiva. Para este novo disco, o coletivo optou por apresentar um
produto muito longo (2 CDs com mais de 90 minutos de música) e com temas
curtos, sendo que apenas um, Solaris, se aproxima da dezena de minutos.
E o que se volta a apresentar é arquipélago de pequenas ilhas de um prog
rock completamente formatado, sem rasgo, cada vez com menos prog e
absolutamente igual a tudo o que já foi feito (até de forma mais competente)
pela própria banda. Ainda por cima sem os longos temas que impulsionavam os
discos fruto de algumas progressões interessantes e solos mirabolantes. Tudo
isso desapareceu e, em bom rigor, os The Flower Kings deveriam ter feito
um disco simples e o resto… esquecer. [72%]
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