Extravagantes
e entusiastas do conceito Sex, Leggings & Rock 'n' Roll, os
Tones Of Rock assumem-se como o nome mais empolgante do atual glam metal
nacional. E se Glamourized, lançado há cinco anos, lhes permitiu
percorrer o país, acreditamos que o mesmo aconteça com Banzaw Mansion,
logo que a pandemia o permita. E foi para falar deste novo e excitante disco
que Via Nocturna contactou os quatro divertidíssimos Tones Of Rock.
Viva
pessoal! Glamourized foi lançado em 2015 e, desde essa altura, têm percorrido muita
estrada. Como foi vivenciada toda essa experiência?
FRANCIS VENUS (FV): Viva! Sentimos que Glamourized
é muito mais antigo... alguns temas têm mais de 10 anos e ajudam a recordar
momentos épicos. Concertos sem público, tocar com vacadas, vacas a ver e o
c******, concursos de bandas a 3 horas de casa, fazer sessões fotográficas na
via pública às 2 da manhã e ser abordados pela polícia. Há alguma coisa melhor
que o rock n’ roll?
RICK MADISON (RM): Hey Via Nocturna! A vida na música é uma constante surpresa...todos os dias
são diferentes, cheios sempre de aventuras e peripécias. Conhecemos pessoas e
vivemos experiências que, muitas delas, acabam por inspirar algumas músicas que
acabamos por compor. Algumas das músicas de Banzaw
Mansion acabam mesmo por ser biográficas.
DYLAN KRASH (DK): A vida de estrada para uma banda da nossa dimensão tem
sido uma experiência excelente ao nível da criação e proliferação de
hemorróidas e hérnias discais.
Quando
começaram a trabalhar em Banzaw Mansion?
FV: Ainda nem estava
Glamourized no ar e já estávamos a
trabalhar em novos temas, sem saber que seriam Banzaw Mansion. É difícil conter a criatividade, assim como a
erecção.
DANNY SHRED (DS): Acho que os ToR
nunca começaram a trabalhar num disco. Nós temos sempre ideias ongoing e a determinado momento pensamos
“Epah ya, isto já fazia um álbum,
siga”. Na verdade, é uma seca gravar um álbum porque perde-se muito tempo e
todos temos trabalho, alguns até filhos, cadelas ou periquitos! Reflexo disso,
provavelmente iremos começar a trabalhar de forma diferente daqui para a frente,
stay tuned.
RM: É uma caturra! E
assobia a Father’s Lesson do nosso 1º
álbum e a Imperial March de Star Wars. E esta?
De
que forma este trabalho se aproxima ou afasta do vosso antecessor?
FV: Afasta-se muito
do trabalho anterior. Passaram vários anos e já não somos os mesmos putos, há
mais história e significado naquilo que fazemos, é como se Banzaw Mansion fosse orgasmo espontâneo. Glamourized levou mais lubrificante.
RM: É, Banzaw Mansion acaba por assinalar um
período mais maduro da banda, musicalmente falando. De resto, continuamos os
mesmos, mas com mais quilometragem, mais virilidade e sem DST.
DS: O Glamourized tem uma música chamada Crazy Girl, composta por Danny e Francis
(únicos elementos da banda, na altura). Esta música foi a primeira tentativa de
fazer uma música Glam, era aquilo que
a gente considerava ser a música Glam
a roçar a perfeição. É ganda merda de
música, dá-me vontade de vomitar nos dias de hoje. Isto diz muito sobre a
diferença dos dois álbuns.
DK: Eu gosto da Crazy Girl!!
Claramente,
a banda assume a postura do glam metal. Ainda assim, neste disco é possível perceber que gostam de inovar
aqui e ali. Que outras influências podem citar como tendo importância para a
banda?
DK: Cada um traz as
suas para cima da mesa. O Rock n’ Roll
é um estilo musical que contém de tudo um pouco, desde os subgéneros Metal, Hard Rock, Blues, ao Glam, Punk, Thrash e por aí
fora. Penso que na música que fazemos estão presentes todos estes estilos
musicais, mas visualmente e a nível de postura são apresentados como Glam. Do meu lado há muitas influências,
desde Jimmy Hendrix a Foo Fighters, passando por System of a Down, Offspring ou Megadeth.
Não há uma linha lógica.
FV: Gostamos de nos
sentir soltos. É por isso que compomos sempre totalmente nus.
DK: À DGS: mas
sempre com máscara, atenção!
DS: Eu sinto que no underground há mais malta a compor
músicas para se aproximar de determinadas sonoridades do que a tentar
distanciar-se. Se tu fizeres um riff
soar a Metallica a probabilidade
dessa música acabar boring é bastante
alta, porque já tiveste imensas bandas a explorar essas sonoridades ao longo
dos anos. A minha playlist do carro
conta com artistas como Nel Monteiro,
Rui Veloso, Yes, Marante, Dimmu Borgir e muito mais, not even joking. Acho que muito do inovar vem daqui
RM: Temos a nossa
raiz, claro, mas cada um de nós acrescenta as suas influências pessoais, o que nos
permite navegar e arriscar por novas sonoridades. Mais influências? Mulheres,
álcool, festa, mulheres, motas, mulheres. Todos pensaram no mesmo.
DK: Mulheres com
máscara, álcool-gel, festas no zoom,
motas para ir ao supermercado. É mais isto!
Por
exemplo, é muito curioso o uso do piano e do Hammond em alguns temas de Banzaw Mansion. De onde surgiu a ideia e quem é que toca
esses instrumentos?
DS: As teclas são,
na verdade, o instrumento de origem do nosso vocalista Francis Venus. Poucas pessoas sabem isto mas as primeiras
testemunhas de performances de teclas
de Francis Venus foram as velhotas
de algumas missas na freguesia da Encarnação, Mafra. Acabou por ser natural
aproveitar esses skills para
conseguir puxar por tonalidades mais Deep
Purple ou mais Bon Jovi,
dependendo das músicas.
FV: A ambiência sexy não veio das velhotas.
O
título do álbum é curioso. Qual o seu significado?
RM: Podem muitos
achar que é fácil escolher um título para o álbum...mas nunca é. Não pelo menos
para nós (risos). Banzaw Mansion é o
nosso clube, o nosso espaço privado e é também a casa que deu alma e corpo às
músicas que compõem este álbum. É um tributo a todas as horas de deboche que se
viveram, vivem e se irão continuar a viver na nossa mansão. Talvez um dia
possas lá estar, mas fica dito que, como em Las Vegas, o que se passa na Banzaw Mansion, fica na Banzaw Mansion. Ou talvez não...
Já
que falamos de nomes, como surgiram os vossos nomes artísticos?
DK: Nomes
artísticos? Dylan Krash soa bem,
não? Foi assim que surgiu…
FV: Na escola
chamavam-me o tralhoman, e depois
começaram a chamar-me FF. Faz
sentido. E assim ficou Francis Venus.
DS: Pah, acho que para encarnar a personagem
de início ao fim não podes ter uma banda com o Daniel, o Fábio, o Diogo e o
João. Para isso fazias uma banda de baile (Fun
fact: não teve longe de acontecer)
RM: Acho que Ramz é a única alcunha que tenho. Mas no
quarto costumam chamar-me nomes.
Têm
ideia de como tem sido a receção ao vosso álbum?
RM: O feedback tem sido bastante positivo!
Daqueles que já nos acompanham desde o início, Banzaw Mansion foi uma grande evolução face ao nosso álbum de
estreia, Glamourized, de 2015. No
geral, temos sentido uma boa resposta do público em Portugal, mas também de
outros países onde a nossa música chegou, como Espanha, Reino Unido, Estados
Unidos e Brasil! Não vamos negar: a pandemia está a f**** isto tudo, não só
para nós, mas para todos os que estão no nosso meio. Acredito que em condições
normais estaríamos a alcançar muito mais.
FV: Os verdadeiros
resultados do album só se vão sentir daqui a 9 meses.
DS: Não tenho bem
ideia to be honest. Fazemos isto
muito pelo fun e pela realização
pessoal. O sucesso em Portugal já se sabe que é sempre limitado, por muito bom
que seja o álbum. Se um dia dermos o salto, que seja, até lá é fazer aquilo
como nos apetece e cagar um bocado no sucesso.
Como
funciona o processo de composição nos Tones Of Rock?
DS: Eu diria que
todas as nossas músicas seguem sempre um de dois processos:
● um tema que queremos falar/ que nos inspira - por exemplo
Cleopatra’s Slave, onde achamos que
sonoridades mais das “arábias” podem trazer algo de diferente. Se esse for o
caso, orientamos a composição para seguir esse caminho. Há
mais exemplos: On My Way, The River...
●
alguém sacou um riff fixe - que é aquilo que eu acredito
que todas as bandas fazem a certa altura, right?.
Alguém sacou um riff fixe? Bora explorar e ver o que isso dá! Às
vezes temos músicas praticamente feitas e sem letra ou tema
O mais importante é que
todos têm um papel ativo na composição.
FV: Eu às vezes mudo
completamente os refrões na gravação final.
RM: O processo de
composição em banda, pelo menos nos Tones
of Rock, abraça a intervenção de cada um de nós...o que por vezes resulta,
ou num cocktail mortífero, ou numa
orgia de harmonias.
Milfshake foi o tema escolhido para vídeo. Porquê? Sentem que é o reflexo da
globalidade do disco?
DK: A Milfshake foi a primeira música que
tivemos perfeita noção de como seria o videoclipe e portanto foi a escolhida. E
todos gostamos bastante da música por diversas razões, o que facilitou.
FV: Eu pensei, não é
das minhas músicas favoritas e não sei como poderá ser o videoclip. O que
facilitou.
DK: Espera, qual é a
Milfshake mesmo?
Sendo
que o glam
não é um estilo muito praticado e, se calhar, nem muito apreciado em Portugal,
têm sentido algum tipo de dificuldade em arranjar espaços para tocar?
DK: Sim, cancelaram
o Alive e o Rock In Rio! Não encontramos até agora nenhum espaço alternativo
suficientemente grande para nós. Aguardamos os convites para 2021.
RM: Os Metal Fest de Portugal são os melhores
espaços (dentro dos possíveis) em que nos encaixamos, mas nem sempre é fácil
termos o nosso nome em cartaz, porque, por um lado, o preconceito ao “Glam Metal? Isso não é Metal” e, por outro, a tendência para
que sejam sempre as mesmas bandas em cartaz. A verdade é que, a partir do
momento em que começamos a tocar e a revirar o espaço, o público aí percebe que
isto não é Pop, e deixam-se levar
pela energia e humor que colocamos na nossa performance.
No final, acabamos sempre por conquistar algum público, por mais que a nossa setlist pareça a setlist do Oceano Pacífico da RFM, em comparação
com a setlist das outras bandas que
tocam connosco, que muitas das vezes são Thrash,
Heavy, Death... mas se me perguntares, colam todas perfeitamente num
cartaz.
DK: Resumindo o que
diz o Rick, quem gosta de rock n’ roll
vai certamente gostar de nós. Quem não gostar de Rock n’ Roll… mas quem é que não gosta de Rock n’ Roll porra?!
FV: Não andamos com
o cio para tocar nem estamos preocupados. Aceitamos velhotas e lares.
Como
têm ocupado os últimos tempos, em virtude da pandemia? Têm alguma ideia de
quando poderão voltar a tocar ao vivo e apresentar este álbum?
DK: A nível pessoal
tenho aproveitado para cagar forte, seguindo a tendência do mundo. Daí a crise
de stock de papel higiênico mundial.
Fui eu, sorry! No fundo, para mim é
simplesmente uma forma simbólica de mostrar o quanto me estou a cagar para
pandemias. Estamos prontos para apresentar o álbum entre as 9h e as 13h de
qualquer fim-de-semana próximo, desde que seja no nosso concelho!
FV: Eu tenho tocado
todos os dias mas estou à espera da aprovação da conta de Pornhub para partilhar com todos.
RM: Não temos
ideia...mas que seja rápido. Beber, sozinho em casa, não tem a mesma graça.
Obrigado!
Querem deixar alguma mensagem?
DK: Sim! Agradecer
todo o apoio dado a quem quer contribuir para o mundo artístico em Portugal.
Está tudo muito bem pensado, é ágil e transparente com as verbas a serem
disponíveis de forma justa e honesta. Parabéns ao apoio à Cultura em Portugal!!
Not.
DS: Agradecer à Via Nocturna (e a todas as rádios/blogs/iniciativas independentes) por
esta oportunidade. São vocês que mantêm o underground
vivo em Portugal e que dão significado ao esforço que os ToR (e tantas outras bandas) colocam na música ano após ano.
FV: Não ajudem só a
Cristina Ferreira, abram o Spotify e
metam o álbum a dar em loop. O Spotify é excelente, por cada 1000 ou
2000 reproduções ganhamos perto de 1 dólar. Apoiem a música!
RM: Aqui há dias dei
por mim a pensar: os árabes escrevem da direita para a esquerda. Será que,
quando agrafam folhas, agrafam no canto superior direito, em vez de no canto
superior esquerdo? Alguém me consegue ajudar?
FV: Se fosses da
nossa banda, terias a alcunha de Peter WoodDick.
Comentários
Enviar um comentário