Os Windom End estão espalhados entre
Dalarna (onde já criam o segundo álbum) e Estocolmo, onde Tobias Lundgren vai
treinando a sua bateria. O quarteto surpreendeu pela enorme qualidade do seu
disco de estreia, Perspective
Views, num estilo neo prog com imensa classe. Por isso quisemos
conhecer melhor este coletivo que nos respondeu de diferentes pontos do seu
país.
Para começar, podem apresentar os Windom
End aos rockers
portugueses?
TOBIAS
LUNDGREN (TL): Olá, obrigado por nos
apresentares na tua webzine. Os Windom End são uma banda de rock
progressivo de quatro elementos oriunda de Dalarna e Skellefteå, na Suécia. Bem,
pessoalmente, deixei de tocar nos Moon Safari dois anos antes de Pierre
me contactar e perguntar se queria gravar um álbum com a sua banda. Nessa
altura, estava mesmo ansioso para voltar à música, depois de estar “fora” durante
alguns anos. Ele enviou-me algumas demos e parecia bom, por isso aceitei
o convite.
PIERRE
STAM (PS): Tomas e eu tínhamo-nos conhecido e ligado por
causa de amor mútuo aos Marillion, tendo decidido começar a escrever
músicas juntos. Passamos por alguns bateristas antes de Tobias se envolver.
MIKAEL
ARVIDSON (MA): Eu morava ao lado de um
dos bateristas anteriores e por coincidência, num churrasco, fui convidado para
a banda e nasceram os Windom End.
Qual a motivação para iniciar esta banda e
quais são as vossas principais inspirações ou influências?
TL: Algumas das nossas maiores influências são bandas como IQ
e Marillion, portanto, diria que estamos solidamente na subseção neo
prog.
PS: Outras influências são bandas como Genesis, Kansas,
Blue Öyster Cult, Magnum, mas também bandas de diferentes géneros.
Todos na banda têm um gosto musical amplo, que abrange desde country até
death metal.
Quais são as vossas experiências anteriores
no cenário musical?
TL: Como mencionei, toquei com os Moon Safari entre
2003 e 2015. Durante esse tempo, tenho boas lembranças do festival Gouveia
Art Rock. Acho que tocamos lá em 2013, se não me engano. Maravilhosa
pequena aldeia e ótimas pessoas!
PS: Eu tenho experiência com death metal, já que a minha
antiga banda In Mourning lançou vários álbuns e ganhou muitos
seguidores. Andámos extensivamente em tour, mas decidi que queria seguir
outros caminhos musicais. Tomas e eu temos colaborado musicalmente ao longo dos
anos, mas Windom End é, na verdade, a primeira vez que Mikael lançou
oficialmente um álbum.
Falando de Perspective Views, como foi o trabalho
por trás desta coleção de grandes canções?
TL: Quando me envolvi, o pessoal já tinha terminado a
maioria das músicas e eu fiquei surpreso com muitas das músicas que eles
escreveram. Algumas das minhas favoritas têm vários anos, como Found Home
no EP, a primeira faixa que eles escreveram. Para mim, isso diz muito da qualidade
da escrita que eles sustentaram ao longo dos anos, mesmo sem lançar ou gravar
nada oficial. Isso também significa que eles tiveram muito tempo para polir o
material e deixá-lo evoluir, algo que é realmente importante quando se trata de
escrever. Assim, encontramo-nos numa sala de ensaio e um monte de coisas
simplesmente aconteceram. Imediatamente descobrimos que nos dávamos bem
pessoalmente e musicalmente.
Como se sentem com esta estreia? Qual é a vossa
sua visão perspetiva sobre todo o álbum?
TL: Musicalmente, este é o meu melhor esforço até agora. As
músicas desafiaram-me de uma maneira que raramente fui desafiada nos Moon
Safari, porque há muito mais coisas a acontecer entre o baixo e a bateria.
Tudo está sincronizado e técnico, mesmo durante os versos em que os Moon
Safari costumam focar com uma abordagem mais pop. Tudo isso foi
muito interessante para mim. Mas, mesmo com as partes mais técnicas, as músicas
têm sempre um gancho real. Um refrão gordo ou uma parte que fica na
cabeça. Desde 2018, quando gravei as músicas, até o lançamento em abril de
2020, andei por aí constantemente a cantar muito do material, que é basicamente
o melhor feedback que podes obter sobre uma música. No geral, o álbum
ficou ótimo e Erik Berglund, o engenheiro, é um génio. A atmosfera e o
som do álbum são simplesmente incríveis.
Liricamente, que questões são abordadas nas
músicas?
MA: No álbum Perspective Views, há principalmente as minhas
questões pessoais e humanas da vida e um pouco do ponto de vista político. O
grande problema é que todos nós somos diferentes, com questões diferentes, mas
de uma visão em perspetiva ninguém consegue ver a diferença.
As críticas têm sido incríveis. Esperavam
que isso pudesse acontecer?
TL: Na verdade sim! (Risos) Realmente esperava que a
comunidade prog gostasse disto, já que eu gosto. Sem querer soar muito
arrogante, mas como mencionei antes: o facto de eu cantarolar as músicas que
ficaram presas na minha cabeça foi toda a confirmação de que eu precisava para
lançar algo especial. E é incrível ver que os críticos e fãs também gostam
disso!
Existe uma edição deste álbum que inclui um
segundo CD. O que incluíram nele?
TL: A edição japonesa é um 2CD (será lançado como um 2CD e
um EP em vinil separado em abril para o resto do mundo) e inclui mais três
canções: Differently Alike, uma peça musical realmente dramática e
teatral que termina com um estrondo; Equality, um épico de 12 minutos
que tem tudo o que um épico deve ter; e a minha faixa favorita, Found Home,
que é a primeira faixa que os Windom End escreveram. Possui a parte
instrumental mais bonita e neo proggy. Adoro!
De que forma a Covid vos afetou e o que têm
feito para superar a situação?
TL: Já que não estávamos muito ativos em termos de
concertos, não nos afetou muito. O resto da banda está em Dalarna a escrever o
segundo álbum. Eu estou sentado aqui em Estocolmo a tocar a minha bateria
elétrica, tentando levantar as minhas energias para corresponder à sua visão
para as novas músicas, (risos)!
Que projetos têm em mente para os próximos
tempos?
PS/MA: Temos as músicas sem algumas melodias vocais e letras
prontas para o próximo álbum. O principal projeto agora é completar e lapidar
essas músicas, visando gravá-las no próximo ano.
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