Três nomes incontornáveis do thrash metal nacional. Três vertentes e abordagens diferentes ao estilo. Poderiam ter sido três EPs, mas está tudo junto num split. Booby Trap, Pitch Black e Buried Alive juntaram-se no Bastards United e mostram que o movimento está muito bem entregue e tem estrutura para evoluir. Pedro Junqueiro (Booby Trap), Álvaro Fernandes (Pitch Black) e Jorge Cardoso (Buried Alive) acederam ao nosso convite para falar deste lançamento tão especial.
Viva
a todos! De que forma se proporcionou a vossa participação neste split?
BOOBY TRAP: Nós já tínhamos
a ideia de gravar um EP durante o ano de 2020, numa feliz coincidência, calhou
eu saber que os nossos amigos Pitch Black e Buried Alive também
pensavam fazer o mesmo, entrei em contacto com eles e transmiti-lhes a ideia de
reunir os 3 EPs num split CD, ideia essa que foi imediatamente aceite
por todas as bandas, dai ao produto final foi um tirinho, está aí o
resultado à vista neste belíssimo Bastards United.
PITCH BLACK: Numa troca de
ideias com o Pedro da Firecum. As três bandas estavam a planear gravar e
lançar material novo em formato EP e foi então que surgiu a ideia do Pedro em
juntar tudo e lançar um split com as três. Sempre quisemos editar um split
e esta foi uma boa oportunidade para tal.
BURIED ALIVE: Boas e
obrigado pela entrevista. Em 2017, a formação que gravou o primeiro álbum
reuniu-se de novo, demos alguns concertos e reparamos que a química estava lá,
após esses concertos achamos que devíamos gravar qualquer coisa para dar sinais
de vida e já tínhamos ideia de gravar um EP, em conversa com o Pedro
Junqueiro (Booby Trap/Firecum) ele também falou na intenção
dos Booby Trap gravarem em EP e entretanto já tinha falado com o Álvaro
(Pitch Black) que também tinham um EP nos planos, para quê lançar 3 EPs
separados e não um split ?E foi assim que surgiu a ideia…
Sentem
que este é um verdadeiro manifesto demonstrativo da qualidade do thrash
metal nacional?
BOOBY TRAP: Penso que o thrash
nacional nunca esteve em tão boa forma como agora, tem havido excelentes
lançamentos do género tanto por bandas da nossa geração como por bandas novas,
este lançamento reflete isso mesmo, 3 bandas do mesmo género, mas com abordagens
completamente diferentes ao mesmo.
PITCH BLACK: Completamente.
Este split espelha a identidade própria de cada banda e todas elas são fiéis
a si próprias. Foi esta a sonoridade que sempre nos caracterizou desde sempre.
Ao fim de tantos anos de atividade, juntar as três numa edição conjunta foi
excelente!
BURIED ALIVE: Sim é uma presença
positiva do nosso projeto, pois demonstra a qualidade do nosso som. A meu ver
os 3 projetos gravaram bons temas para o split demonstrando a qualidade
do bom thrash nacional.
Todos
estes temas que apresentam são recentes e perfeitamente representativos da
atual situação artística de cada banda?
BOOBY TRAP: Todos os
nossos temas apresentados neste trabalho foram escritos nos últimos meses antes
da gravação, logo refletem a imagem da banda na altura do lançamento, é
importante referir que foi o primeiro punhado de temas escritos com o nosso atual
baixista Tójó, pois apesar de ele já ter gravado o álbum anterior
connosco, entrou para a banda pouco tempo antes da gravação e já não teve
grande influencia na escrita das musicas, ao contrário deste Bastards United
onde foi sempre uma voz ativa.
PITCH BLACK: Sim, claro. As
três bandas gravaram estes temas para serem editados aqui. No nosso caso é algo
que já está planeado há muito tempo, mas com uma paragem nas atividades durante
tanto tempo, todos os planos ficaram adiados. Por um lado, por questões de
mudança de line-up e por outro devido ao meu envolvimento e compromisso
com o meu projeto paralelo Dementia 13 que, durante algum tempo, esteve
bastante ocupado com concertos e o lançamento de dois trabalhos. Quando essa
fase de Dementia 13 chegou ao fim, voltei a virar a página a mais um
capítulo e voltei toda a atenção para Pitch Black. Foi então que
começamos a trabalhar para a edição destes temas que apresentamos em Bastards
United.
BURIED ALIVE: Todas foram
compostas para a edição do EP, tirando a última música, a Suicide, que
era uma música que já tínhamos escrito há uns anos atrás, mas que levou um
tratamento diferente para encaixar no nosso som atual.
Como
se processou o trabalho de composição destes temas?
BOOBY TRAP: Os temas em Booby
Trap aparecem de forma muito espontânea e é isso que acaba por definir o
nosso som, não nos preocupamos absolutamente nada se esta ou aquela malha se
encaixam no “estilo da banda”, apenas tocamos e se nos sentirmos bem a toca-las,
então é para seguir. Alguns temas nascem de ideias de letras ou melodias que eu
levo para os ensaios e as músicas são desenvolvidas a partir dai, outras vezes
é o Wild que traz uma linha de guitarra que agarramos e desenvolvemos e muitas
vezes os temas nascem de jams no próprio ensaio, o que na minha opinião
é a cena mais refrescante que se pode fazer pois todos os elementos contribuem
para o enriquecimento da música.
PITCH BLACK: Eu e o
guitarrista Marco trabalhamos cada um nos temas em casa, depois foi só pegar em
todas as ideias, estruturar, compor e materializar na sala de ensaios. Depois
da base estar definida foi só compor a voz, escrever a letra e entrar em
estúdio.
BURIED ALIVE: Como sempre,
na sala de ensaios, por entre umas cervejas e umas jams, vamos tendo as
ideias, vamos juntando e tirando riffs, vamos onde a inspiração nos
leva, a música é composta por toda a banda, todos dão as suas ideias e tentamos
que nada saia forçado, temos que sentir o feeling e se algum de nós não gostar,
descarta-se.
Os
trabalhos de gravação e produção deste disco decorreram da forma prevista ou
sentirem algum tipo de dificuldades?
BOOBY TRAP: Estava tudo a
correr como planeado até sermos atropelados pela pandemia, felizmente já só
faltavam gravar as vozes quando começou o primeiro confinamento em março de
2020, resultado, eu e o Wild fechamo-nos no estúdio e só de lá saímos quando
estava tudo terminado, no geral não atrapalhou muito, apenas atrasou
ligeiramente as gravações e impediu a participação de um convidado que estava
previsto participar numa das músicas.
PITCH BLACK: Muitas
dificuldades devido à situação atual que vivemos. Dias antes do primeiro
confinamento faltava-nos gravar as guitarras de uma música apenas e foi então
que tudo ficou em stand by para ser retomado logo depois mal nos fosse
possível. Foi um enorme entrave no decorrer do trabalho. Depois temos sempre
uma grande incompatibilidade de disponibilidade entre nós pois temos horários
bastante diferentes uns dos outros. Nesse aspeto é sempre complicado coordenar
o que quer que seja. Sejam ensaios ou gravações.
BURIED ALIVE: Sim, tivemos alguns problemas, porque o nosso anterior baixista resolveu abandonar a banda um mês antes da gravação, depois o estúdio onde íamos gravar estava com outras gravações e não dispunha de tempo para a nossa gravação, logo tivemos que procurar outro, mas, entretanto, esse atraso deu tempo de integrarmos um novo baixista a tempo das gravações. Era para ser gravado em dezembro de 2019 e acabou por ser gravado em janeiro de 2020.
De
que forma a presente situação de pandemia vos afetou e como tem tentado superar
a mesma?
BOOBY TRAP: De uma forma
geral apenas nos impediu de apresentarmos este trabalho ao vivo e o divulgarmos
da melhor forma possível, temos conseguido manter os ensaios regularmente e uma
vez que a parte live da coisa está neste momento posta de parte,
temo-nos dedicado essencialmente à escrita de novos temas e a pensar já nos
próximos lançamentos.
PITCH BLACK: A nível de
concertos esteve sempre totalmente parado para nós. Afeta sempre na medida em
que investimos trabalho e dinheiro num lançamento e merchandise. Sem
concertos torna-se muito mais complicado vender e recuperar o investimento, mas
para os tempos conturbados que vivemos, tem corrido bem.
BURIED ALIVE: O facto de não
podermos promover o split com concertos ao vivo é chato e desanimador,
felizmente temos conseguido manter a banda com ensaios esporádicos, isto devido
à pandemia e às regras impostas pelo espaço onde ensaiamos.
Depois
deste split para quando se prevê um lançamento
de forma individual?
BOOBY TRAP: Ainda este ano
sairá um album live, gravado no Metalpoint, precisamente durante o
confinamento de 2020, tencionamos também reeditar em vinil o nosso trabalho de
96 que na altura saiu em formato split CD e estamos ainda a trabalhar
num álbum de covers, quanto a um álbum de originais, muito provavelmente
apenas em 2022.
PITCH BLACK: Esse será o
nosso próximo passo, mas ainda estamos a compor, portanto não será para breve.
Ainda vão ter de esperar um pouco até termos novo lançamento em mãos.
BURIED ALIVE: A banda tem
vindo a compor novos temas, dentro do possível devido às condicionantes da
pandemia e esperamos, que quando houver um alívio e uma nova abertura para as
artes possamos realizar um novo trabalho com a promoção devida.
Obrigado!
Querem deixar alguma mensagem aos vossos fãs?
BOOBY TRAP: Numa altura
como esta é essencial apoiar o movimento nacional, sejam as bandas, os espaços,
os técnicos, as labels, as lojas, as distros ou os organizadores
de eventos, contribuam como puderem para esse fim pois estamos sujeitos a que
quando isto voltar a uma certa normalidade não tenhamos bandas, para ver nem espaços
onde tocar, por isso ajudem da forma que conseguirem, seja a comprar os álbuns,
merch ou até em donativos. Quanto a nós, não esperem que deitemos a
toalha ao chão, porque os Bastards ficarão Unidos até ao fim.
PITCH BLACK: Muito obrigado
à Via Nocturna por esta oportunidade e pelo apoio e divulgação que tem
feito ao Bastards United.
BURIED ALIVE: Queremos
agradecer a todos os fãs que ainda acreditam em nós e todo o apoio que nos têm
dado. Do fundo do coração MUITO OBRIGADO. E um MUITO OBRIGADO à VIA NOCTURNA
pela oportunidade de realizar esta entrevista.
Comentários
Enviar um comentário