Com
a sua estreia a acontecer em 1995, e já com oito álbuns no curriculum – Earthrise
é já o nono - os The Quill são uma verdadeira instituição do rock sueco.
E até já foram agraciados e reconhecidos, na sua cidade natal, pelo percurso
efetuado. Roger Nilsson (baixo) e Christian Carlsson (guitarras) foram os
porta-vozes desta conversa que se centrou no novo álbum, mas que também abordou
outros assuntos relevantes para a banda.
Olá,
pessoal, obrigado pela disponibilidade e deixem-me dizer que é uma verdadeira
honra poder fazer esta entrevista convosco. Este é o vosso 9º álbum. O que vos
dá motivo para continuar depois de todos esses anos?
ROGER NILSSON (RN): Acho que
muitas bandas se juntam pelos motivos errados, visando apenas a fama e a
riqueza. Se esse é o único objetivo, desculpem, poucas bandas conseguem isso e,
portanto, geralmente separam-se depois de alguns anos. Começamos esta banda
pelo amor à música e isso não muda com o tempo. Pelo contrário - quanto mais
velhos ficamos, mais apreciamos a bênção de ainda estarmos juntos, a fazer músicas
que todos amamos e ainda sermos amigos depois de todos esses anos. Estivemos
juntos nos bons e maus momentos e provavelmente continuaremos enquanto tivermos
a nossa audição intacta. Cego não há problema - Stevie Wonder pode faze-lo, nós também poderemos - mas surdo é mais
difícil.
Nasceram
em 1986 e em 1992 mudaram o nome de Quil para The Quill. Por que mudaram? Foi alguma
decisão comercial?
CHRISTIAN CARLSSON (CC): Quil era
apenas uma palavra sem sentido, inventada. Depois de algumas mudanças de
formação e uma nova direção musical, pensamos que estava na altura de um novo
nome, mas como já éramos bastante conhecidos no nosso território da Suécia,
pensamos que seria bom apenas uma pequena mudança de nome. Portanto, apenas
adicionamos outro L e colocamos The antes.
De
que é que trata Earthrise?
É um álbum conceptual?
CC: Essa não foi
a intenção no início, mas talvez quando as letras começaram a ganhar forma, a
maioria delas girava em torno de tópicos semelhantes. Eu acho que é um álbum um
pouco conceptual, por acidente.
E
com uma capa muito futurista. O seu som também é mais futurista?
CC: Nós
desenvolvemos o nosso som há muito tempo e quando nós quatro tocamos juntos,
criamos um certo som. No estúdio, tentamos copiar isso e fazer os álbuns soarem
o mais natural e orgânico possível. Somando as oportunidades à técnica de
estúdio, efeitos e habilidades do produtor, tentamos maximizar o som da maneira
que queremos.
RN: A maneira
como trabalhamos com Sebastian Jerke,
que fez a capa, é que lhe enviamos algumas faixas, as letras e algumas ideias
básicas e ele desenvolveu um monte de ideias para escolhermos. Desta vez
tínhamos o título Earthrise e um
conjunto de letras com muitas referências ao espaço e ao universo e daí surgiu
a ideia do alienígena a olhar para a destruição que estamos a causar no nosso
planeta. Realmente gosto disso, quase sinto uma vibe Somewhere In Time dos Iron
Maiden.
Já
tiveram a oportunidade de tocar algumas destas músicas ao vivo, durante a última
tournée com os Nebula.
Como reagiram os fãs?
CC: Nessa tournée testamos quatro das novas
músicas, é correto. E pareceram dar-se muito bem com o público. Especialmente Hallucinate que é muito direta e fácil
de entender. Isso deu-nos uma grande confiança antes de entrarmos em estúdio
apenas algumas semanas após o término dessa tour.
Voltaram
a trabalhar com Erik Nilsson. Como foi o trabalho em estúdio desta vez?
RN: Conheço
Erik através do seu irmão mais velho, desde que ele era um miúdo chato a correr
por aí a ouvir hardcore. Na verdade,
não mudou muito. Brincadeiras à parte, ele é muito fácil de trabalhar, rápido,
mas preciso e muito bom a obter ótimos sons. Também tem aquele sentimento
psicológico que às vezes é necessário em estúdio, saber quando fazer uma pausa
ou encerrar o dia. Na verdade, conseguimos fazer todas as pistas básicas antes
de todo o Covid começar, mas quando foi a vez dos overdubs, tivemos que ter alguns cuidados para não estarmos todos em
estúdio ao mesmo tempo.
Para este álbum tinham
20 músicas das quais escolheram 9. Foi uma escolha unânime?
CC: Isso foi uma coisa de duas etapas. Das 20 músicas escritas,
reduzimos a 13 que foram gravadas de maneira apropriada. Depois de tudo foi
gravado e misturado, votamos naquelas que iriam aparecer no álbum. Já tínhamos
decidido que o álbum não deveria ter mais de 45 minutos. Por isso, as 9 que
acabaram no álbum são as que todos na banda concordaram, mas há mais algumas
músicas realmente boas que podem pertencer a outro lugar no futuro, quem sabe.
Os The Quill já são uma
instituição do rock sueco e a prova é que no ano passado receberam
um Prémio de Cultura. Como se sentem com esse prémio? É importante ser
reconhecido na vossa cidade natal?
RN: É sempre bom receber reconhecimento e, além da honra, também
foi um bom prémio que veio a calhar este ano, sem espectáculos ao vivo para
ganhar dinheiro. Também foi ótimo receber muitos comentários de pessoas que
disseram que era bem merecido e que estava na altura.
Já com uma carreira
de 25 anos, o que podem os fãs ainda esperar de vocês?
CC: Ainda há alguma vida em nós, roqueiros antigos. Na verdade, não consigo ver-nos parados. Ainda adoramos
escrever músicas juntos e isso talvez seja o mais importante. Temos uma editora
que quer lançar a nossa música e fãs que compram os discos. Quero dizer, o que
mais podes pedir? Isso não nos torna milionários, mas essa nunca foi a força
motriz. Já existem músicas escritas para o próximo álbum e duvido que demore
mais de 12 a 16 meses antes de veres outro álbum dos The Quill lançado.
Atualmente estão em
mais algum projeto?
CC: Há já alguns anos que toco e canto numa outra banda, Cirkus Prütz, que é mais uma banda de rock/blues. Dois álbuns foram lançados e
outro está a caminho. Jolle toca bateria nos Electric Boys há alguns anos e também acabaram de gravar um novo
álbum. Além de todos estarem envolvidos noutras bandas e projetos ao longo dos
anos, a curto e longo prazo. Mas The
Quill é a conquista da nossa vida, da qual temos muito orgulho.
Quais são os vossos objetivos
para quando esta pandemia acabar?
CC: Tocar ao vivo é o que todos nós sentimos mais falta!
Portanto, assim que for possível agendar e planear tours novamente, estamos prontos para ir para a estrada!
Obrigado, foi uma
honra fazer esta entrevista. Gostariam de deixar alguma mensagem para os vossos
fãs?
CC: Tentem manter a sanidade nestes tempos difíceis, ouvir boa
música realmente ajuda! A pandemia não durará para sempre e, quando acabar,
todos nos encontraremos novamente para desfrutar de música ao vivo!
Comentários
Enviar um comentário