A cumprirem 30 anos de carreira, os Poverty’s No
Crime ainda se lembram de uma noite, há 25, uns novatos, onde tocaram em
Lisboa com os Virgin Steel e Angra. Agora, mais maduros, regressam com A Secret To Hide. Os
segredos que fazem parte deste novo registo não são para revelar, mas desta
conversa com o vocalista/guitarrista Volker Walsmann e com o baterista Andreas
Tegeler, resulta uma máxima indispensável na música e, aparentemente muitas
vezes esquecida – a composição não pode ser forçada. E nos Poverty’s No Crime
não o é, claramente.
Olá, pessoal, obrigado pela disponibilidade e
parabéns pelo vosso novo álbum A Secret To Hide, que é lançado
cinco anos depois de Spiral Of Fear. Por que demoram tanto entre
lançamentos?
ANDREAS
TEGELER (AT): Não demorou muito, foram 8 anos entre
Save My Soul e Spiral Of Fear... Como todos nós temos empregos e famílias, o tempo
que resta para a banda é sempre muito curto. Já que não temos nenhuma pressão
de prazo por parte da editora, demoramos o tempo que for necessário. A
composição não pode ser forçada...
A Secret To Hide estava destinado a
ver a luz do dia tão cedo ou a pandemia acelerou o processo?
VOLKER
WALSMANN (VW): No final de 2019, a composição das
músicas estava concluída e, de qualquer modo, o lançamento do álbum estava
planeado para 2021. Ao mesmo tempo que as gravações, começou o primeiro confinamento.
A única coisa boa nisto tudo foi que cada um de nós passou muito tempo em casa
e, portanto, pode dedicar muito tempo às gravações - isso certamente acelerou
tudo. Mas, acima de tudo, poderíamos colocar muita energia nos detalhes mais subtis,
dos quais o álbum beneficiou muito.
Este é um álbum conceptual? Se sim, podes contar-nos
qual é a história?
VW: Todas as músicas têm uma coisa em comum: todas elas olham para
trás com uma visão mais experiente do que é importante. É sobre como lidar com o
teu destino e, em seguida, tirar o melhor proveito dele. E como preencher
aquele pouco tempo como humano com algo honesto e verdadeiro.
Afinal, qual é o segredo que estão a esconder?
VW: Certamente não vou contar; é melhor manter os segredos bem
guardados! (risos) O título foi tirado da música Schizophrenic e achei muito apropriado. Desperta a curiosidade e
tem como objetivo encorajar as pessoas a olharem de perto para a música. Acho
que cada pessoa guarda um segredo que nunca revelaria. O homem está
constantemente a tentar descobrir todos os segredos, mas enquanto a vida ainda
tiver segredos, ela permanecerá excitante e valerá a pena ser vivida. Quem ouve
com atenção o álbum certamente descobrirá os segredos por si mesmo...
A capa é uma verdadeira obra-prima. Podes dizer-nos quem a criou?
AT:
Volker fez todo o artwork, assim como
no álbum anterior.
Quais são os principais objetivos que gostariam de atingir quando
esta pandemia acabar?
AT: Como
banda, seria ótimo voltar a fazer alguns espetáculos. A curta tournée com os Psychotic Waltz em 2017 deu-nos vontade de fazer mais.
Pessoalmente, gostaria de voltar a alguns concertos ou festivais.
O que significa Poverty’s No Crime? Na vossa opinião, que
mensagem transmite?
VW: Em
português provavelmente seríamos chamados de "A pobreza não é um
crime", que soa um pouco estranho... Já que nunca tivemos muito sucesso
comercial, na verdade o nome da nossa banda soa como pura ironia. No entanto,
ainda estou totalmente por trás disso, porque a pobreza ainda não é um crime.
Para mim, não se trata do que tens, mas o que és. Não nos interessamos tanto
por coisas materiais, nunca foi nosso objetivo ganhar muito dinheiro com a música.
Sempre foi sobre a música e os nossos fãs.
Entre 2004 e 2005 entraram num hiato. Por que decidiram interromper
as atividades musicais?
AT: Isso
foi depois do lançamento de The Chemical
Chaos. Tínhamos muitos espectáculos planeados. Infelizmente, dois membros
da banda tiveram problemas de saúde. Os concertos tiveram que ser cancelados e
até que todos estivessem em forma novamente para continuar com a banda, muito
tempo se passou.
Vocês têm agora 30 anos de carreira. O que podem os fãs ainda
esperar dos Poverty’s No Crime?
AT:
Espero que possamos continuar a fazer música juntos com esta formação. Enquanto
Volker, como compositor principal tiver boas ideias, certamente iremos gravar
mais álbuns.
Atualmente estão envolvidos em algum outro projeto?
AT:
Quase toda a banda também está envolvida noutros projetos. Heiko ainda toca
baixo nos Assignment. Juntamente com
Heiko eu toco nos Bleeding. Marco
começou a banda Level Fields com Alan Tecchio, onde também toco bateria.
Eu também tenho uma banda de death metal
(Scythe Beast) com quem lançamos o nosso
segundo álbum nas últimas semanas.
Para terminar, não teremos que esperar mais cinco anos pelo
próximo álbum, pois não (risos)?
AT: Como
anteriormente mencionado, a composição não pode ser forçada. Para a maioria de
nós, as crianças já são um pouco mais velhas. Quase todos nós já passamos pelas
fases, às vezes stressantes, da
infância, então presumo que desta vez, pelo menos, não vai demorar mais...
Obrigado. Querem enviar alguma mensagem aos vossos fãs
portugueses?
AT: Já
se passaram 25 anos desde que tocamos com Virgin
Steele e Angra em Lisboa. Mas
ainda me lembro como se fosse ontem. Acho que os fãs foram alguns dos mais
entusiasmados que já tivemos. Experimentar algo assim de novo seria muito bom!
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