Up Front (ANNICIA BANKS)
(2021, Raw Vue Music)
De
Kingston, Jamaica, surge a voz de Annicia Banks que carrega uma
interessante experiência, tendo andado em tournée por todo mundo como
vocalista de apoio de nomes como Judy Mowatt, Bunny Wailer, Sister
Carol e Dennis Emmanuel Brown. Tudo nomes associados ao reggae
e, sendo a própria Annicia jamaicana, seria de prever que o seu álbum de
estreia a solo enveredasse por esse registo, como, de facto, acontece, num
trabalho que congrega seis temas originais e uma versão de Love Has Found
It’s Way, de Dennis Brown. Up Front tem ritmos quentes
caribenhos numa interessante fusão entre reggae e funk com
harmonias de fundo presentes. A vocalista, que também é uma chef de
classe mundial e reside, atualmente, em Massachusetts, mostra que as
influências para as suas criações são as melhores e, portanto, toques de
Bob Marley, The Clark Sisters ou Aretha Franklin são
percetíveis e bem-vindos. [74%]
Instinto de Sobrevivência (RICARDO AZEVEDO)
(2021,
Fábrica de Canções)
Instinto
de Sobrevivência é o novo e
quinto álbum do ex-EZ Special Ricardo Azevedo. E, para um álbum gravado
em plena pandemia, numa altura em que a cultura atravessa uma fase tão difícil,
este parece ser o título mais acertado para uma obra. São 12 temas de um rock
ligeiro a piscar o olho a uma pop elegante, onde os registos acústicos
são dominantes, embora alguma eletricidade surja aqui e ali. Fator determinante
no dinamismo deste álbum é a inclusão de alguns elementos eletrónicos que
conferem uma certa áurea gótica. Esses momentos são exceção a um registo muito
orgânico, sempre em português e que abre com uma abordagem a lembrar João
Pedro Pais que promete muito. Todavia, ao longo dos restantes 11 temas,
nunca Ricardo Azevedo conseguirá atingir esse nível, o que se reflete
num álbum, assertivo, equilibrado, é certo, mas pouco empolgante e com os temas
a ficarem sempre curtos em relação às expetativas. [70%]
Bad Habits (MÄDHOUSE)
(2021,
Rock Of Angels Records)
Ainda
hoje o glam rock/metal é considerado por muita gente como o parente
pobre das sonoridades mais pesadas. Mas o que é certo é que cerca de 4 décadas
depois dos nomes maiores do género (Mötley Crüe, Poison, Cinderella,
Ratt, Warrant), são poucos os que se conseguem aproximar da
genialidade por eles demonstrada. Os Mädhouse são austríacos e tentam
seguir as suas pisadas e, embora, apresentem alguns argumentos, continuam a
ficar longe. A tentativa de modernizar o som é conseguida através de uma
produção mais forte e densa e não através das estruturas das canções. Por isso,
Bad Habits traz um bom hábito de se influenciar diretamente nas fontes
citadas. Mas comete o erro de se prolongar por tempo demais – 15 temas é um
exagero que se paga caro com o fator saturação a surgir. Paradoxalmente até
surge bem cedo, com os melhores temas a situarem-se no último terço. De resto,
uma bela balada – Pure Oxytocin – e dois temas que ficam no ouvido – Say
Nothing At All e Love To Hate – são um pecúlio escasso para tanta
produção. Mas os amantes do género (e provavelmente apenas esses) poderão
encontrar aqui alguns motivos de interesse. [70%]
The Chosen One (UNDER A SPELL)
(2021, Pure Steel Publishing)
The Chosen One foi
originalmente lançado, de forma independente, em 2019. E não se percebe o porque da Pure Steel Publishing
pegar agora neste lançamento promover uma nova edição, precisamente com
a mesma capa, os mesmos temas e as mesmas deficiências. Os Under A Spell soam
um pouco inexperiências e básicos, mas mesmo algumas boas ideias que
pontualmente surgem, são destruídas por uma vocalista muito fraca. O melhor
exemplo surge em Invitation To A Dark Sleep, o único momento onde o
instrumental consegue criar algum empolgamento, mas que Pam Rosser não
consegue, de todo, acompanhar. Se este lançamento há dois anos já não nada
havia acrescentado ao mundo do metal, a sua reedição era completamente
escusada. [62%]
When Echoes Fade (DREAMS IN FRAGMENTS)
(2021,
Boersma Records)
Segundo álbum para a banda Suíça Dreams
In Frgments, praticante de um female fronted melodic metal.
Claramente inspirados pelos nomes maiores do seu género – Vision Of Atlantis,
Epica, Edenbridge, Nightwish – o quarteto helvético, que
neste novo trabalho estreia o baterista Roger Häflinger, mostra uma
aposta mais forte nos vocais femininos e menos nos guturais. De tal forma que
num tema como Showgirl, os vocais masculinos são... completamente
limpos. De resto, When Echos Fade mostra alguma variabilidade e
tentativa de mudar os registos e por isso ouvem-se guitarras acústicas em Bulletproof,
coros em To Avalon, elementos teatrais em The Queen’s Crown e
aproximações ao NDH em Own The Night. Claro que, adicionalmente,
diversos apontamentos eletrónicos, também eles mais ou menos habituais neste subgénero,
vão surgindo aleatoriamente dispersos por todo este disco que se revela
agradável, embora pouco ambicioso, seguindo, na maioria das vezes, as linhas já
há muito estabelecidas. [72%]
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