Entrevista: Fargo



A verdade é que muitos dos antigos fãs dos Fargo devem estar mortos! Quem o afirma é o próprio Peter Knorn, baixista e mentor deste projecto icónico do rock alemão. Depois de um hiato de 34 anos, regressaram para ajudar ao lançamento de um livro escrito pelo próprio Knorn e o certo é que nunca mais pararam. Agora reduzidos a um power trio lançam Strangers D’Amour, três anos após Constellation.

 

Olá, Peter, obrigado por esta oportunidade. Três anos após o vosso regresso, os Fargo apresentam o seu novo álbum. O que nos podes dizer sobre isso?

Gravar este novo álbum foi como se os Fargo nunca tivessem parado de fazer álbuns. A única diferença (assim como com a nossa gravação anterior Constellation) foi a conveniência de usar tecnologia moderna. Também tivemos a sorte de ter um produtor profissional a trabalhar connosco, Helge Engelke. Ele teve muita influência e parecia que fazia parte da banda.

 

Na verdade, lançaram quatro álbuns entre 1979 e 1982, mas depois pararam. O que aconteceu naquela altura para o fim da banda?

A tua próxima pergunta já responde a esta pergunta. Sem pausas, os Fargo tornaram-se nos Victory.  Tommy Newton, que tocou no quarto álbum dos Fargo, e eu seguimos em frente com novos membros da banda.

 

Depois surgiram os Victory. E hoje em dia o Fargo é o teu único foco ou ainda tens alguns projetos paralelos em andamento?

Musicalmente, não tenho projetos paralelos. Mas acabei de lançar o meu novo livro, histórias sobre Michael Schenker, UFO e a cena krautrock da Alemanha, nos anos 70. Porém, tudo em alemão...

 

O teu regresso às gravações aconteceu em 2018 com o Constellation. O que motivou esse regresso?

Em 2016 foi lançado o meu primeiro livro. Então a SPV, que é a minha editora, teve a ideia de trazer de volta a minha primeira banda, Fargo, para a festa de lançamento do meu livro. Liguei para o velho frontman Peter Ladwig (guitarrista e cantor). O nosso baterista anterior, Franky Tolle, já não estava disponível pois tornou-se um advogado ocupado. O mesmo com o nosso outro guitarrista, Hanno Grossmann, que se tornou um ginecologista. Por isso temos um novo baterista (Nikolas Fritz) e um novo segundo guitarrista (Arnd Schulz).

 

De que forma reagiram os fãs ao vosso regresso? Acreditas que os Fargo ainda são uma força a ser reconhecida nos dias de hoje?

Eu sabia que não seria fácil para os Fargo. Foi há muito tempo que os Fargo lançavam álbuns e faziam espetáculos. É um novo começo para a banda, pois temo que a maioria dos nossos fãs já esteja morta.

 

E a partir de agora? O que podem os fãs (os que ainda estiverem vivos e os novos) ainda esperar dessa máquina de hard rock?

Estamos a divertirmo-nos em palco. Até agora fizemos 22 espetáculos, todos juntos num pacote com duas outras (antigas) bandas alemãs da era krautrock, Jane e Epitaph. Foi uma formação perfeita e o público adorou. Ótimos tempos! Esperançosamente, o confinamento do Corona acabará rápido, pois temos muitos espetáculos planeados.

 

Para este álbum, decidiram transformar-se num power trio. Por que optaram por seguir essa via?

Isso mesmo, Arndt Schulz já não está nos Fargo. Ele é um fã de música country, por isso tivemos que nos separar. É lamentável, pois ele é um ótimo guitarrista. Por outro lado, a química não durou. Mas para espetáculos teremos outro guitarrista, sem problemas.

 

O título do álbum é Strangers D’Amour. Como apareceu esta influência francesa?

Acredito que cada pessoa tenha algum tipo de lado animal. Uma vez percebido, é necessário aceitar isso, conviver com isso e tratá-lo como um “amigo estranho”. É uma coincidência termos usado os dois idiomas para o título Strangers d'Amour...

 

O que estão a preparar para promover este novo álbum?

De momento, não há muita promoção ativa que possamos esperar. Como apontado anteriormente, não podemos sair em tournée enquanto este Coronavírus estiver a matar todas as atividades ao vivo. Mas assim que acabar, voltaremos em tournée.

 

Mais uma vez, Peter, obrigado. Foi uma honra poder fazer esta entrevista. Queres deixar alguma mensagem para os vossos fãs ou acrescentar mais alguma coisa?

Caros amigos em Portugal, saudamos-vos. Por favor, mantenham-se saudáveis e ouça o bom e velho rock clássico. Qualquer banda que gostem.


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