Eternal White conta a história da Marcha da Morte Caroleana de 1719, quando a
invasão sueca da Noruega falhou miseravelmente. Inspirado por esta história
Andreas Nergard partiu para a composição do seu mais ambicioso álbum até à
data. Com menos convidados (apenas Tim Ripper Owens), mas com três vocalistas na formação de base, o resultado é
deveras surpreendente. Fomos tentar perceber com o criativo norueguês como foi
a preparação desta obra grandiosa.
Olá, Andreas e obrigado por esta oportunidade de
entrevista. Em primeiro lugar, deixa-me dar-te os parabéns pelo teu novo
álbum... Para mim, este trabalho mostra uma grande intensidade criativa. Sentes
o mesmo?
Obrigado pelo
convite, muito apreciado! Absolutamente! Acho que, com este álbum, realmente
encontrei o meu estilo como compositor e pela primeira vez estou cem por cento
satisfeito com todas as músicas do álbum.
O projeto Nergard nasceu para ser um projeto de estúdio.
Porém, já tiveste a oportunidade de realizar alguns espetáculos importantes
como a abertura para os Stratovarius no Trondheim Metal Fest. Que
memórias guardas dessa noite?
Lembro-me que
o palco era enorme, provavelmente o maior em que já toquei. E apesar de ser um
nome desconhecido havia muita gente lá para nos ver. Também recebemos algumas
críticas agradáveis numa revista norueguesa no dia seguinte. E é claro que
houve uma after party de proporções
épicas (risos).
Já tiveste a oportunidade de fazer mais espetáculos depois
desse? Estás a planear algo para promover este novo álbum?
Desde então fizemos
dois espetáculos, em 2015. Em primeiro lugar, nunca pretendi que Nergard fosse um projeto ao vivo,
portanto nunca priorizei essa faceta. Também era muito caro trazer artistas
convidados para cada apresentação. Adoraria fazer mais espetáculos agora que
somos uma banda em vez de um projeto. É muito mais fácil quando se trata de
logística e custos. Espero que possamos fazer algumas tournées, quando a pandemia for derrotada.
O vosso último álbum, A Bit Closer To Heaven,
foi lançado há seis anos. Durante este período, entraram numa espécie de hiato,
no qual se concentraram em alguns outros projetos. Quais foram?
Embora A Bit Closer To Heaven tenha sido o meu
último álbum original, passei algum tempo a trabalhar também em lançamentos
para Nergard. Fizemos o single One Of These Days em 2016 e
lançamos uma versão regravada do álbum de estreia Memorial For A Wish em 2018. Depois disso, fiquei sob o radar enquanto
trabalhava no novo álbum Eternal White.
Desde 2017, estou envolvido com a banda de covers
Melody Market, que também era o meu
emprego a tempo inteiro até que a Covid-19 destruiu as possibilidades de ganhar
a vida como músico ao vivo. Paralelamente aos Melody Market, tenho feito muitos trabalhos de sessão para muitas
bandas de diferentes géneros.
E quando decidiste começar a trabalhar numa nova obra para este projeto?
Na verdade, comecei
a trabalhar no novo álbum Eternal White
no final de 2016, mas as ideias surgiram esporadicamente e não me senti
realmente inspirado até 2018-19. Foi nesse período que escrevi e terminei Eternal White.
Como foi o processo criativo para este álbum? Mudaste alguma coisa em
relação aos trabalhos anteriores?
O processo
criativo foi bastante divertido e produtivo quando me livrei do meu bloqueio em
2018. A diferença entre Eternal White
e o meu álbum anterior é que este soa mais coerente e é muito mais sombrio e
pesado. Também queria incluir elementos sinfónicos neste álbum e passei muito
tempo a trabalhar com samples.
Eternal White é um álbum conceptual com uma grande história por trás. Importas-te de
falar um pouco a este respeito?
Eternal White conta a
história da Marcha da Morte Caroleana de 1719. A invasão sueca da Noruega
falhou miseravelmente antes do Natal do ano anterior. O rei estava morto e o
exército teve que ser retirado de volta para a Suécia. Os soldados estavam
vestidos para uma campanha de verão e tiveram que cruzar as montanhas da
fronteira com temperaturas gélidas. Três mil homens morreram congelados durante
um período de três dias. O tema geral do álbum é que a guerra é um inferno e
que os soldados, os peões de um grande jogo político, são os que mais pagam. Também
muito identificável com a situação em várias partes do mundo atual.
Que convidados tens neste álbum?
O único
convidado que trouxe para este álbum foi Tim
“Ripper” Owens, que é conhecido por ser o vocalista dos Judas Priest depois de Rob Halford, nos anos 90. Um dos meus
cantores de metal favoritos - foi uma
grande honra trabalhar com ele.
Para além dele, agora tens um line-up permanente de cantores. Quem são eles e como as partes vocais são
distribuídas entre eles?
Isso mesmo, tenho
três cantores incríveis. Andi Kravljaca,
da Suécia, está com o projeto desde o meu álbum de estreia. Nós até co-escrevemos
algumas das canções do novo álbum ao longo dos anos anteriores. Ele foi uma
escolha óbvia, já que trabalhamos juntos há muito tempo. Adoro a sua voz e
habilidades de composição. Ele também é um instrumentista incrível e no novo
álbum toca todos os solo, exceto um. Mathias
Molund Indergård da Noruega fez um espetáculo ao vivo connosco há três anos
atrás, o que nos tornou cientes das suas incríveis habilidades vocais. Ele tem
essa voz clássica de power metal e
pode chegar a algumas notas insanas. O seu alcance médio também é incrível. Stefani Keogh, do Reino Unido, entrou
na banda como a última peça do puzzle
no final de 2020 e não poderia estar mais feliz com isso. Ela é uma cantora
incrível com imensa qualidade. Uma pessoa muito humilde que é um sonho para
trabalhar. Esses três cantores têm as suas próprias identidades e qualidades
únicas nas suas vozes, o que o torna uma mistura incrível. Teria sido inútil procurar
três vozes semelhantes.
Mais uma vez obrigado, Andreas! Foi uma honra fazer esta entrevista. Queres
deixar alguma mensagem aos teus fãs ou acrescentar algo mais?
Obrigada pela
entrevista, sempre um prazer! Fiquem seguros e espero que nos encontremos na
estrada algum dia quando a pandemia terminar.
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