Narciso
Monteiro tem desenvolvido, ao longo dos anos, diferentes projetos. Até agora, o
mais sonante foram os Heylel, mas estava na altura de avançar para algo mais
obscuro e pesado. Daí a nascerem os King Baal foi um curto passo. Encontrada a
formação ideal, na altura já com a músicas quase completas, Conjurements é o primeiro resultado desta nova
entidade que tanto tem de negra como de filosófica. A voz está entregue a Joana
Carvalho que também é a porta-voz do grupo, tendo sido ela que nos esclareceu a
respeito deste novo projeto e álbum em tempo de pandemia.
Olá, Joana, como vais?
Obrigado por despenderes algum tempo com Via Nocturna. Para começar, podes
falar-nos da génese deste novo projeto, King Baal? Como e de onde nasceu esta
ideia e motivação de se juntarem neste projeto?
Olá! Primeiro,
obrigada à Via Nocturna por nos receber. Os King Baal são um projeto
que nasceu da intenção do nosso guitarrista, Narciso Monteiro, de criar um
som diferente e mais pesado daquele que costumava produzir. A partir daí,
começou uma procura por músicos que tivessem o mesmo interesse até que nos
juntámos os quatro.
Pode afirmar-se que este
é um projeto fruto da pandemia?
Apesar do projeto ter sido pensado antes da pandemia, a sua formação
completa, as gravações, a divulgação e os concertos deram-se todos durante a
pandemia. Portanto, em parte, creio que sim (risos).
Algum significado para
um nome como King Baal? Como surgiu?
O nome King
Baal é inspirado num grimório medieval conhecido como A
Chave Menor de Salomão no qual são apresentadas várias entidades, sendo o
Baal a primeira e principal entidade nomeada. O nome surge nada mais do que de
um certo interesse por esta temática.
Que
nomes ou movimentos mais vos influenciam? De onde vem a inspiração para os
vossos temas?
Musicalmente falando, a inspiração vem precisamente daquilo que mais
gostamos de ouvir: Symphonic, Prog, Doom, Heavy Metal…
São vários os géneros que nos inspiram de diferentes formas. Nomes como Epica, Therion, Cradle
Of Filth, The Gathering, ou até mesmo Moonspell,
definitivamente dizem-nos algo. Liricamente falando, a nossa inspiração vem do
que vivemos no nosso dia a dia e do que lemos. Para além da forte vertente e
utilização de figuras satânicas, gostamos particularmente de correntes
filosóficas como o existencialismo ou o niilismo. Nietzsche, Schopenhauer, Salomão e Dostoiévski são nomes a ter em conta.
De que forma, nas tuas
próprias palavras, definirias a sonoridade King Baal? Parece
um pouco mais agressiva do que o habitual...
Até hoje, temos alguma dificuldade em tentar definir a nossa sonoridade (risos).
Sem
dúvida que se encaixa no Metal, mas é algo entre o Symphonic e o Doom
talvez, onde creio que dá para ouvir as diferentes influências que nós, como
músicos, temos. Uns vêm mais do progressivo, eu, por exemplo, venho mais da
música clássica e creio que seja a junção de tudo que forma os King
Baal.
Mas
se musicalmente há diferenças em relação a projetos anteriores, o que nos podes
dizer em relação à temática lírica?
Liricamente falando, o que nós fazemos é expressar o que sentimos
recorrendo a determinados símbolos e figuras marcantes. Desde Lucifer,
até Geradiel ou ao próprio Baal, todos eles passam pelas nossas letras, mas com
o intuito de transmitir sentimentos e experiências meramente humanas.
Nomeadamente, a questão
do satanismo. Como é que ela surge e é trabalhada? Os King Baal podem ser
vistos como uma banda satânica ou que apenas aborda a temática?
Tal como já referido, as figuras que aparecem nas nossas letras aparecem
para dar destaque e enfâse ao que sentimos e vivemos. Pessoalmente,
eu não me identifico como satânica, nem acho que os King Baal devam ser
rotulados simplesmente como uma banda satânica, mas claro que é uma temática
pela qual nos interessamos bastante e gostamos da grandiosidade que esta é
capaz de dar à nossa música.
Mas é um disco
conceptual? Pergunto isso também em função de diversas passagens
orquestrais/corais...
A intenção nunca foi a de criar um disco conceptual, se bem que admitimos
que possa parecer. A verdade é que todas as músicas parecem encaixar
entre elas e isso deixa-nos bastante satisfeitos, mas não tínhamos em vista um
disco conceptual.
O primeiro álbum já está
cá fora, numa edição Wormholedeath Records. Como se proporcionou essa
ligação à editora italiana?
Assim que tivemos o álbum totalmente pronto, enviámos para diversas
editoras o nosso material e recebemos uma reação bastante positiva da Wormholedeath, juntamente com uma boa
proposta da parte deles que optámos por aceitar.
Todos vocês vêm de
outras experiências musicais anteriores. Esses projetos/bandas ainda se mantêm?
Há novidades a respeito de algumas dessas
bandas?
Sim, os músicos de King Baal participam também noutros projetos. O Luis, por
exemplo, trabalha com várias bandas e penso que os Nihility estão prestes
a lançar novo trabalho. O Narciso também tem trabalhado bastante a solo mas não
sei se terá algo em mente para lançar em breve.
Como é feito o trabalho
de composição na banda?
Neste primeiro álbum, Conjurements, o processo de composição foi
um caso particular porque, quando os restantes membros (para além do Narciso)
chegaram à banda, todas as músicas já estavam quase finalizadas. O Narciso
apresentou-me as músicas que tinha compostas, incluindo as letras, e eu tratei
de modificar e arranjar as linhas da voz, mas não foi como se tivesse
participado no processo de composição desde o início. Num trabalho futuro, o
processo de composição já será algo muito mais conjunto.
Este
é um projeto para continuar ou pensam ficar por aqui?
A intenção é mesmo continuar. Acreditamos no nosso
projeto e queremos sempre atingir o maior número de público possível.
A
terminar, Joana, mais uma vez obrigado e dou-te a oportunidade de acrescentar
algo mais ao que já foi abordado nesta entrevista?
Obrigada nós.
Aproveito para pedir que sigam os King Baal nas redes
sociais onde vamos pondo atualizações e ouçam o nosso querido álbum Conjurements
disponível em todas as plataformas digitais se ainda não tiveram oportunidade!
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