Entrevista: Prayers Of Sanity



Novo álbum para os Prayers Of Sanity e mais uma descarga intensa de thrash metal como manda a boa tradição. Após quatro anos sem lançamentos (Face Of The Unknow já data de 2017), o power trio de Lagos não faz por menos e assina aquele que será, provavelmente, o seu melhor registo, Doctrines Of Misanthropy. Uma excelente proposta, que vinca claramente a importância da estabilidade e da união que nem uma pandemia consegue afetar. Foi o vocalista e guitarrista Tião quem nos contou tudo sobre esta nova proposta.

 

Olá, Tião! Tudo bem? Antes de mais, obrigado por despenderem algum tempo com Via Nocturna. Para começar, novo álbum cá fora… O que nos podes, para já dizer a este respeito?

Tudo bem! Obrigado pelo convite. Exatamente! Álbum novo, acabado de sair dia 25 de junho pela Rastilho Records. Falando um pouco do álbum, Doctrine Of Misanthropy é, sem dúvida, um dos trabalhos que mais pica nos deu desde a fase de composição até à fase de gravação. Manteve o mesmo rumo que o seu antecessor em termos de intensidade, mas ao mesmo tempo tentamos melhorar alguns aspetos na dinâmica entre guitarra e o baixo, visto sermos um trio e não haver a força de uma segunda guitarra. Achamos que seria um ponto importante a explorar. Em termos sonoros também mantêm aquela agressividade coesa, que deixa de certeza qualquer fã de thrash-metal a curtir à brava. Por isso, espero que gostem.

 

Mas é um álbum que demorou a preparar, visto que o anterior, Face Of The Unknown, já datava de 2017. O que se passou?

A ideia inicial seria lançá-lo durante o início de 2020. Seriam três anos para apresentar o Face Of The Unknown, compor o Doctrine Of Misanthropy e gravá-lo, misturá-lo e masterizá-lo. Mas com o surgimento da pandemia, confinamentos, etc. decidimos ir adiando o seu lançamento e fomos melhorando o que tínhamos feito até ali. Esperar por 2021 para o lançar deu-nos bastante margem para melhor certas coisas e prepararmos bem o lançamento.

 

Bem, a verdade é que os Prayers Of Sanity costumam demorar algum tempo entre os seus lançamentos. Sentem que isso é necessário para que as composições possam crescer e se desenvolver?

A nossa demora nos lançamentos acaba sempre por ser um fator que nós não conseguimos ou podemos controlar. Desde malta a sair do projeto (como nos aconteceu entre o Confrontations - 2012 e o Face To The Unknown - 2017), ao qual ficamos sem baterista e guitarrista, como também neste lançamento do Doctrine Of Misanthropy - 2021 que surgia a pandemia e que, obviamente, acabamos por aproveitar esses tempos de paragem para acrescentar algo mais produtivo às nossas composições/edições/misturas.

 

De alguma forma, pode afirmar-se que este é um álbum fruto da pandemia?

Sim, porque foi adiado e isso fez com que se alterasse algumas coisinhas, mas na verdade é um Não porque já estava tudo composto e ensaiado no início da pandemia. Na verdade, não houve grandes alterações. Só mesmo coisas pequenas que pensamos em melhorar. Só o adiamos mesmo por questões logísticas e por não haver concertos. (O que acabou por ser exatamente igual! (risos)

 

Este é o segundo álbum com a mesma formação e com a mesma editora. Foi importante esta estabilidade para o desenvolvimento desta nova obra?

Sim. Sem dúvida alguma. Em termos de editora, a Rastilho Records tem demonstrado bastante interesse em nos ajudar, ainda mais nesta fase bastante complicada que afeta ambas as partes e o apoio é imprescindível. Tem sido uma relação muito boa. E sim... é o segundo álbum em que mantemos a mesma formação. Claro que isso deu-nos uma maior estabilidade (algo que já vinha do trabalho anterior), ao qual na fase de composição e de discutir certos pormenores sobre o álbum novo, foi sem dúvida uma grande ajuda. Só sermos 3 ajuda bastante na tomada de decisões.

 

E, definitivamente, a aposta num formato trio é a melhor solução para a banda?

Nós pensamos que sim. Acabamos por chegar a essa conclusão muito facilmente com o passar dos anos e hoje dificilmente vemo-nos de outra maneira. O nosso maior problema em relação ao 4º elemento, foi sempre encontrar a pessoa com a atitude certa, que minimamente atingisse o nosso patamar em termos de entrega ao projeto, e não como sendo um exímio guitarrista, porque nesse aspeto estivemos bastante bem servidos ao longo destes anos todos. Obviamente que acabamos por nos reinventar um pouco em termos instrumentais, algo que se foi trabalhando aos poucos nestas últimas composições.

 

Que temáticas abordam neste registo, nomeadamente que significado apontam para este título Doctrine Of Misanthropy?

Existe alguma diversidade na abordagem dos temas, mas o tema principal ou a linha de pensamento é: Hoje em dia é extremamente fácil de transmitir o ódio pela humanidade. No mundo em que vivemos, basta ver a merda que os media nos “cospem” diariamente, nas redes sociais, TV, etc. Vemos o ódio pelo próximo ser disseminado de forma avassaladora constante, sem escrúpulos. Daí o título Doctrine Of Misanthropy.

 

De que forma decorreram os trabalhos de composição desta vez? Mantiveram a mesma metodologia ou a pandemia fez-vos alterar alguma coisa?

Bastante parecido ao que era antes. Mantivemos basicamente os mesmos métodos utilizados no Face To The Unkown, com tudo a acontecer dentro do nosso espaço (sala de ensaio). Desde o primeiro riff composto até à última nota gravada, a ligação à pandemia como já referi, foi só mesmo o atraso de todo o processo, pois tudo já estava composto, produzido, etc…

 

Se te pedisse para comparar este trabalho com os vossos anteriores, o que me dirias em termos de semelhanças e diferenças?

Apesar deste trabalho para alguns intelectuais do metal nacional, simplesmente ser só mais um disco de thrash-metal igual a todos os outros, para nós será o álbum mais fiel aquilo que somos, mais genuíno e que irá traçar o caminho de Prayers Of Sanity daqui para diante. Comparando este Doctrine Of Misanthropy com os restantes trabalhos, penso que a diferença seja nítida. Comparando com o Religion Blindness e com o Confrontations, a diferença é enorme em todos os aspetos (produção, composição, mistura, etc.). Em relação ao Face Of The Unknown, claro que há mais parecenças (não fossemos nós os mesmo gajos..), mas, no nosso ver, existe uma maior maturidade neste trabalho, não fugindo nada do que temos em mente para a nossa banda e mantendo todos os ingredientes que achamos que um fã de thrash-metal gostará. Se somos uma banda de Thrash-metal?...SIM! Se temos alguma vontade de mudar de estilo?... Peço desculpa, mas NÃO! (risos)

 

Vocês foram uma das bandas que tocaram no Wacken enquanto vencedores do Wacken Battle Metal Portugal. De que forma vivenciaram essa experiência e que aprendizagens trouxeram?

Faz agora 11 anos. Excelente experiência. Sem dúvida um dos momentos mais altos da nossa carreira. Aprende-se muito. Estar num festival daqueles, com aquela máquina de técnicos, produção, segurança, etc. é muito educativo. Lembro-me muito bem de quando acabou o nosso concerto, começava a tocar a Doro Pesch num dos palcos principais. Tentamos aproveitar ao máximo o convívio com as pessoas do festival e com outras bandas, mas estávamos muito limitados de tempo. Tínhamos de voltar o mais rápido possível porque no dia a seguir tocávamos no Vagos Open Air 2010 (se não me engano, no primeiro dia, com Ensiferum e Meshuggah entre outros.)

 

O que é que estão a planear para promover este disco? Já há algo definido?

Até agora tem sido uma indefinição. Só tem sido possível a promoção a nível de redes sociais, internet, etc. Mas estamos a conseguir vender bastantes CDs/Vinil tanto nacionalmente como internacionalmente (Japão, EUA, Alemanha, Reino Unido, etc.…). Tem havido uma adesão bastante positiva (muito mesmo) e não havendo concertos para essa promoção, temos de nos centrar no poder da internet. Com este levantamento das restrições, pode ser que se consiga fazer alguns concertos de apresentação do álbum aqui no Algarve, Lisboa, Coimbra, Porto ou até mesmo lá fora. O caminho a seguir tem de ser esse.

 

A terminar, Tião, mais uma vez obrigado e dou-te a oportunidade de acrescentar algo mais ao que já foi abordado nesta entrevista?

Mais uma vez obrigado da nossa parte. Queria só deixar um agradecimento à malta toda que nos tem apoiado desde o início, desde amigos a fãs e também ao pessoal, que nesta fase, tem nos ajudado de uma forma brutal. (Como o LAC ou a própria Rastilho Records). Grande abraço…THRASH ON!!!

Comentários

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)