Entrevista: Zara Tejo



Quando Penso Em Ti meu Fado é o quarto álbum da cantora Zara Tejo e é o resultado da sua grande paixão pela música. A pausa pandémica contribuiu para a criatividade e a musicalidade que este registo nos oferece, trazendo de volta a alegria que todos os cantores e músicos sentem em palco. Isto num registo que vai muito além do fado e que reúne um conjunto de convidados que engrandecem a obra. A cantora natural de Estremoz falou a Via Nocturna a respeito desta sua nova proposta.

 

Olá, Zara, tudo bem? O teu quarto álbum está cá fora. Como foi fazer um disco em plena situação pandémica?

Olá, só mesmo a música poderia ajudar quem canta a ultrapassar este momento de tamanha dor e silêncio cultural. Foi quase uma residência artística e criativa obrigatória... fechados dentro de nós...

 

Portanto, este disco pode ser considerado como um filho da pandemia?

Eu prefiro dizer que a música é real e verdadeira por isso cantamos o que nos vai na alma e coração... este disco é fruto da vontade de criar algo de belo e verdadeiro, neste caso a realidade foi ficarmos fechados, mas a voz... essa é interior e exterior e toca os instrumentos e faz escrever a mão no papel ou no teclado...

 

E pode, também, ser considerado um álbum pessoal ou mesmo autobiográfico? Em que sentido?

(Risos) Eu penso que tudo o que escrevo é autobiográfico ou pessoal, mesmo quando observo outras vidas e escrevo acerca de outros sentimentos vividos através dos olhos dos outros... sempre que escrevo ou canto tenho que sentir o que canto, caso contrário não conseguiria interpretar com verdade e sentimento...

 

Quando Penso Em Ti Meu Fado foi o título escolhido, mas pode ser enganador. Porque este fado, na minha opinião, está mais relacionado com destino que propriamente com o estilo musical. Concordas?

Conclusão fantástica! Embora tenha vários fados neste álbum, tenho igualmente outro tipo de temas... e o Fado... faz-me pensar no meu destino... como sou uma pensadora e compositora deixo que a música percorra o caminho necessário... sem barreiras nem regras... é o destino...

 

Em termos de escrita, tens alguns temas teus e outros que resultam de parcerias. Gostas deste equilíbrio? De que forma escolhes outros elementos para contigo comporem?

A música, para mim, só faz sentido quando partilhada, adoro partilhar o palco com vozes que admiro e outros compositores e cantores. O palco é a estrada da nossa vida e deve ser partilhado, o brilho e o encanto do mundo do espetáculo é esse mesmo equilíbrio. Eu não escolho... deixo acontecer ou “tropeço” em autores e músicos que amo e convido-os para a emoção do meu palco...

 

Depois tens, também a presença de alguns convidados. Como se proporcionou a adição desses nomes a este álbum?

Digamos que deixei fluir a inspiração e convidei aqueles que me seduzem ou fazem parte do meu “eu” musical. Admiro imenso todos os meus convidados e é um imenso prazer cantar com eles...

 

Um dos destaques maiores é a participação de um grupo de Cante. As tuas raízes alentejanas a falar mais alto, não é verdade?

Claro... O Cante Alentejano ecoa nas minhas raízes e corre como um rio no meu sangue... nasci em Estremoz e adoro o Alentejo, terra de gente quente e grandes tradições e cantigas da minha alma...

 

E como foi trabalhar com um coro de crianças no tema Mãe-Terra?

Adoro trabalhar com jovens e com crianças... neste caso deixei que todas elas fizessem uma frase em várias línguas (a sua língua Natal) uma vez que se tratava de um grupo de jogadoras de vários países, do Estoril Basket no qual sou seccionista. Quando nos dirigimos à Mãe-Terra as vozes das crianças são a voz do futuro a chamar por nós, elas são os adultos do amanhã... aquele que estamos a esquecer hoje...

 

Se compararmos Quando Penso Em Ti Meu Fado com os teus trabalhos anteriores, que aspetos manténs e que outros mostram o teu lado mais criativo e explorador?

Nós, criativos, estamos em constante mutação... nenhum álbum é igual ao outro e, no meu caso específico, vou dando continuidade ao meu estilo musical e à minha inspiração... o Fado sempre me inspirou desde pequena, mas só agora faz sentido para mim dedicar esta etapa a este destino...

 

Agora com as restrições a serem levantadas, já há planos para o palco? O que está a ser preparado?

Sim. Dia 27 de novembro Fnac de Oeiras 16 horas; 28 de novembro Fnac de Cascais 16 h. Início da tournée Penso Em Ti, Meu Fado a 29 de janeiro concerto pelas 21.30 na sala de espetáculos CriArte em Carcavelos, concelho de Cascais. Aguardo datas para Estremoz, Évora, Figueira da Foz, Sesimbra, Algarve, Porto e Casinos. Aguardo confirmação de datas internacionais.

 

Muito obrigado, Zara! Queres acrescentar algo mais ao que foi abordado?

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