Review: Robert Stoner, Head With Wings, White Heat, Dark Arena, Hunted


Year Of Pain (ROBERT STONER)

(2021, Independente)

Robert Stoner trabalha como economista, embora já tenha vindo a escrever umas coisas ao longo dos anos. Talvez motivado pelo tempo de confinamento, pegou na sua guitarra e criou 9 temas essencialmente para a sua voz e para o seu instrumento. Assim nasce a estreia discográfica intitulada Year Of Pain. Num estilo de cantautor, Stoner desfila 9 momentos de emoção sendo aqui e ali ajudado pela sua filha Lily Stoner em alguns duetos, num particular dividido com Maya Elise. Quem também contribui, de forma preciosa, é o percussionista Mike Stevens e Ben Bernstein que contribui com um fabuloso solo de guitarra no tema título, faixa que encerra este disco de forma brilhante e a lembrar os Eagles. Alguma componente sulista está presente num disco onde a simplicidade é melhor imagem, mas onde fica percetível que o nível vocal de Robert Stoner não acompanha a boas texturas da sua guitarra acústica. [78%]



Comfort In Illusion (HEAD WITH WINGS)

(2021, Independente)

São apenas três temas. Longos e intrincados. Evolutivos e meticulosos. É desta forma que os Head With Wings fazem a passagem do tão aclamado From Worry To Shame para um próximo álbum que já está em construção e que deverá ser lançado no próximo ano. Os arranjos são muito bons, mas o que Comfort In Illusion ganha em competência técnica, nem sempre é devidamente acompanhado em emotividade. Ainda assim, o seu rock progressivo tem ganho adeptos e a banda também tem feito por isso, pois este EP mostra um coletivo mais coeso e arrojado na criação. Há sucessivas mudanças rítmico-melódicas que se tornam exigentes em termos de execução, mas também em termos de audição. Porque a cabal perceção de todas as camadas é um elemento fundamental para se perceber a música do coletivo americano. [82%]



Krakatoa (WHITE HEAT)

(2021, Karthago Records)

Foi há quase 40 anos que este disco foi originalmente lançado, na altura pela 21 Records, corria o ano de 1983. Este foi o segundo lançamento da carreira dos belgas White Heat e, à semelhança do que aconteceu com a sua estreia homónima, também este foi incluído na série Heavy Metal Classics que a editora Karthago Records tem vindo a relançar. Um disco que, refira-se, não teve mais nenhuma edição desde a original o que confere a esta nova prensagem uma maior notoriedade. Os White Heat funcionam assim como uma mistura entre os Van Halen, os Krokus e os AC/DC, inflacionando a sua música com elementos sulistas e até aquele sentimento blues que preenchia o metal dos seus primórdios. E, terminando, como começámos, já lá vão quase 40 anos (são 38 para sermos mais precisos), mas estas malhas soam atuais e tão excitantes, bombásticas e poderosas como na sua altura e como o vulcão que deu título ao álbum. [83%]



Worlds Of Horror (DARK ARENA)

(2021, Pure Steel Records)

O espetacular guitarrista Paul Konjicija já não está entre nós desde 2019, mas, na altura do seu falecimento, já tinha composto e gravado um conjunto de faixas com o seu projeto Dark Arena, onde se juntava a Juan Ricardo e Noah Buchanan. Os Dark Arena ainda estão ativos, sem nenhum dos membros citados e sem lançamentos de originais desde 2012 e este Worlds Of Horror que agora surge nas lojas é o aproveitamento do material que já estava pronto. Aliás, o trio já tinha gravado este álbum quando se deu a trágica partida de Konjicija, tornando-se, portanto, num registo póstumo, se assim podemos afirmar. Worlds Of Horror é o momento mais pesado e obscuro da carreira da banda de Cleveland. E isso nota-se logo num artwork muito menos colorido (pelo menos em comparação com Alien Factor e Ode To The Ancients) e muito mais obscuro e agressivo. A acompanhar, também a música evolui nesse sentido: a mesma exuberância ao nível do trabalho de guitarras, mas menos teclados, menos experimentação, mais poder para os riffs e mais densidade na secção rítmica – US metal sem concessões. [78%]



Deliver Us (HUNTED)

(2021, Pitch Black Records)

Poderemos perguntar por onde têm andado os galeses Hunted. O último álbum foi Welcome The Dead em 2010 e só agora regressam às gravações com Deliver Us. Este é um trabalho difícil de analisar porque alterna momentos bastante confusos com outros de grande clarividência. Tecnicamente é bastante evoluído, mas nem sempre é devidamente acompanhado pelo registo vocal. Por isso, frequentemente os temas melhoram quando ficam apenas no registo instrumental. Há, realmente, uma enorme complexidade progressiva, mas falta transportar isso para o conceito de canções que sejam efetivamente apelativas. Porque é apenas isso que falta, já que competência abunda. Os fãs de Iced Earth, Sanctuary ou Nevermore deverão prestar alguma atenção a este registo. [77%]

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