Na encosta da Serra da Estrela, ao redor de
uma fogueira, cinco druidas decidiram juntar a sua sabedoria e criar uma poção
sonora que junta todos os elementos e essências da montanha. Ao longe, avistam
Elfos e decidem convidá-los a juntar-se a eles nesta criação. Os ingredientes
usados para a poção são o heavy,
o blues rock, o stoner, a distorção e o psicadelismo. O resultado
é aprimorado no mais recente produto – Ancestors. A prova que druidas e duendes também sabem construir belos
momentos musicais. E só isso já é um motivo mais que suficiente para subir a
serra e chegar à fala com estes criadores.
Olá, pessoal! Obrigado pela disponibilidade! Como nascem
os It Was The Elf e com que intenções/objetivos?
Olá! Antes de mais, obrigado pelo
interesse e partilha do nosso trabalho! Tínhamos todos um historial dentro
da música e decidimos fazer uma sonoridade diferente da das bandas paralelas
que tínhamos. IWTE começa com Edgar Ferrão (guitarra), Diogo
Ferreira (voz) e João Amaral (bateria) com o objetivo de
procurar e expressar uma diferente identidade musical.
E já agora, como surge este nome It Was The Elf?
É uma longa história de copos que
não podemos revelar aqui, mas no fundo simboliza o lado imaginário da
existência de criaturas míticas na Serra da Estrela que são a base da
narrativa das nossas letras.
Depois de um EP e um álbum, o que trazem de novo para Ancestors, o vosso novo registo?
No nosso primeiro registo Suspicious
Activity não tínhamos uma ideia conceptual. Ancestors é o
continuar da história que iniciamos no primeiro disco Fire Green.
Tentamos introduzir novos componentes sonoros como sintetizadores e samples
originais que retratam os elementos do nosso meio rural para que o ouvinte se
funda com o mesmo.
Entre um e outro álbum passaram cinco anos. O que se
passou para demorarem tanto tempo a lançarem outro trabalho?
Nesse intervalo de tempo, fizemos
a promoção do Fire Green e houve uma alteração nos elementos da banda.
Foi um tempo que serviu para reaprender os arranjos das malhas que já
tínhamos e construir novas de raiz. Acabou por ser um processo moroso no qual
procuramos estar em harmonia e encontrar a consistência desejada.
Como foi o método de trabalho desta vez, com uma pandemia
pelo meio?
O disco foi gravado antes da
pandemia, em janeiro de 2020. Nos meses que antecederam as gravações, o nosso
método de trabalho começava pelo aproveitamento de pequenos excertos de longas jams,
ou então alguém trazia uma ideia de um riff, ou uma batida mais
consolidada, e construímos a partir daí.
Já agora, por falar em pandemia, acham que influenciou de
alguma forma o produto final?
Como o álbum já estava
gravado, não influenciou o produto final, mas atrasou e está a atrasar todo o
processo de apresentação e divulgação do disco.
É curiosa como conseguem esse equilíbrio entre
sonoridades pesadas, psicadélicas e com elementos naturais e até marcantes da
ruralidade. De que forma é feito esse trabalho?
Viagens serra à cima, jams
noturnas nas margens do vale do Rossim, ouvir os rebanhos do Pimentinha na
quinta dos cedros onde temos a sorte de poder ensaiar... Esta terapia faz com
que aquilo que ouvimos e vemos no nosso meio seja transportado para as nossas
criações.
Uma ruralidade que, naturalmente surge a partir das
vossas origens. Como é ser uma banda desta natureza nas fraldas da Serra da
Estrela?
É um lugar distante que nos
impossibilita de estar mais vezes presentes nos gigs das grandes
cidades, não só para tocar, como também para assistir. Não conseguimos ter o underground
tão perto de nós como gostaríamos.
E de que forma a própria serra vos inspira?
As histórias retratadas nas letras remontam a ela
mesma no seu antigamente, o viver dos ancestrais em coexistência com as
criaturas do nosso imaginário. O denso e misterioso nevoeiro que flutua nas
profundezas da serra. Um tempo em que a cinza era mais densa do que a neve e o
Homem aprendia a conviver no rústico ambiente da mãe natureza. Por vezes, nem
sempre temos a noção do respeito que ela nos exige. Tentamos imprimir a
imprevisibilidade de catástrofes e condições climáticas desse antigamente em
tempos quebrados que usamos nas nossas criações e nas transições de riffs
arrastados para riffs acelerados. To keep the folks on their
toes! E tentamos aprofundar esse conceito misterioso que a grandiosidade da
montanha tem para oferecer.
Nesta altura já devem ter tido os dois espetáculos de
apresentação do álbum. Como correram? Tem mais alguma coisa planeada para o
palco nos próximos tempos?
Temos
algumas datas marcadas já para 2022, a ver se a pandemia nos deixa e não volta
a cancelar tudo!
Muito obrigado, pessoal! As maiores felicidades! Querem
acrescentar alguma coisa que não tenha sido abordada?
Que ouçam o disco e se deixem
levar pela viagem que ele traz! Não se vão arrepender. Bem-haja pelas perguntas
e pelo interesse em nos dares a conhecer melhor. Um grande abraço Pedro!
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