Entrevista: Heir Apparent


Os mais velhos conhecem com certeza. Os mais novos deveriam conhecer obrigatoriamente. Falamos dos Heir Apparent, banda de Seattle, nascida em 1984 e que em 1986 lançou o seminal Graceful Inheritance pela Black Dragon Records. A verdade é que, independentemente da sua superior qualidade, a banda não tem sido bafejada pela sorte, com uma produção escassa, fruto do seu reduzido período de vida. De Graceful Inheritance já se fizeram várias reedições, mas vem uma nova a caminho, através do selo Hammerheart Records. E foi com isso em mente que fomos falar com o vocalista e guitarrista Terry Gorle.

 

 

Olá, Terry, como estás? Obrigado por esta oportunidade! Deixa-me dizer que é uma verdadeira honra poder fazer esta entrevista! O motivo da nossa conversa é a reedição do vosso de seu lendário álbum Graceful Inheritance. Quando e por que surgiu esta ideia da reedição?

A Hammerheart contactou-me em julho de 2019 e expressou interesse em fazer uma réplica do lançamento original de 1986 pela Black Dragon Records, usando a capa de Eric Larnoy. Fiquei intrigado com a ideia, mas não tinha a certeza se seria possível usar a obra de arte original, uma vez que não possuo os direitos. Coloquei a Hammerheart em contacto com Agnes DesGranges da Black Dragon e vários meses depois soube que a Hammerheart tinha finalizado os seus planos para o lançamento em janeiro de 2022.

 

Graceful Inheritance foi bem recebido naquela época e agora é considerado um álbum essencial. Como olhas para as vossas criações mais de 30 anos depois?

É uma honra ser lembrado e apreciado depois de todos esses anos pelo que criamos na altura como uma banda independente sem empresário ou grande editora. A dedicação dos nossos fãs tem sido incrível em continuar a apoiar a banda e a espalhar a palavra para uma nova geração.

 

Esta nova reedição traz alguns extras?

A intenção do novo lançamento é ser uma réplica do original, portanto, não há músicas extras, mas a embalagem e a qualidade são superiores.

 

Quem foi o responsável pelo trabalho de remasterização? Qual foi a sua principal prioridade?

A remasterização foi uma surpresa para mim. Eu não sabia que isso ia acontecer. Acho que a Hammerheart está muito orgulhosa disso.

 

O álbum estará disponível em diversos formatos. Podes explicar o que os fãs poderão descobrir em breve?

A Hammerheart está a criar várias versões de edição limitada em vinil preto, preto e prata e vermelho. Uma versão em CD também está disponível. Pode haver uma em cassete também...

 

Este álbum teve várias reedições ao longo do tempo. Podes fazer uma retrospetiva desses momentos?

Remasterizei o CD original e adicionei uma faixa bónus para a reedição da Hellion em 1999, que usou uma aguarela de 1984 pintada por Matt Bazemore para a capa. Matt é um amigo querido que quase foi nosso baterista em 1984. Ele criou o logotipo dos Heir Apparent e também pintou a arte da capa do álbum Warning dos Queensryche. Em 2010, Graceful Inheritance foi relançado pela Death Rider Records juntamente com um DVD de uma performance de televisão ao vivo em 1985 e usamos uma versão ligeiramente modificada de uma pintura de Bazemore. E, em 2015, a Northwest Metalworx lançou um LP de edição limitada remasterizado do 30º aniversário em vinil amarelo, usando a pintura da cerimónia de coroação original de Matt Bazemore e o logotipo original pintado à mão.

 

O facto é que, embora sejam considerados uma banda de culto, até se separarem em 1990 apenas tinham lançado mais um álbum, One Small Voice. O que aconteceu, nessa altura, para uma tão pouca produção?

A banda existiu de 1984 a março de 1989 e separou-se antes de One Small Voice ser lançado em junho de 1989. Ex-membros usaram ilegalmente o nome da banda até 1990. Gravaram uma demo, mas não conseguiram um contrato de gravação usando o seu próprio nome.

 

Além disso, após o vosso regresso em 2000, lançaram apenas The View From Below. Estão a preparar um novo álbum de estúdio? Para quando podem os fãs esperar um novo álbum?

Não houve banda ativa até eu ter convidado Ray e Derek para fazer um espetáculo de reunião no Wacken 2000. Eles não estavam interessados ​​em continuar, pelo que reformulei a banda em 2001 depois de me reconectar com Paul Davidson. Infelizmente, Paul não foi capaz de continuar e eu passei os 5 anos seguintes a tocar na área de Seattle com 2 outros vocalistas, enquanto procurava músicos que se comprometessem a fazer o trabalho de fazer um novo álbum. É relativamente fácil encontrar músicos para entrar numa banda e aprender as músicas já escritas para espetáculos quando a banda tem uma base de fãs estabelecida. É muito mais difícil encontrar grandes músicos para se comprometerem a escrever e criar e investir num projeto de gravação e construir o seu próprio futuro. E, além disso, encontrar um cantor que possa imitar Paul Davidson e Steve Benito para cantar em espetáculos de 90 minutos sem perder a voz é quase impossível. Heir Apparent viajou para a Europa para tocar em festivais de metal com diferentes formações e cantores em 2000, 2006 e 2012. Em duas ocasiões diferentes tentamos novamente com Paul Davidson. Foi só quando descobri Will Shaw em 2015 que finalmente pudemos pensar em gravar um novo álbum. Tocamos em festivais em 2015 e 2016, escrevemos e gravamos um novo álbum em 2017/2018 e apresentamo-nos na Europa novamente em 2019. Não há uma banda ativa desde agosto de 2019. Estou a trabalhar em novas músicas e há uma nova formação com esperança de tocar e gravar novamente. A Covid-19 está a tornar-se rapidamente na Covid-22, portanto precisamos ver o que acontece a seguir...

 

Obrigado, mais uma vez, Terry. Queres acrescentar mais alguma coisa ou enviar uma mensagem para os vossos fãs?

Eu gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que apoiam e apreciam a nossa música. Espero muito poder voltar com uma banda que mereça o vosso apoio contínuo. Obrigado!


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