Entrevista: Glasya

 


Agora já não há dúvidas absolutamente nenhumas. Os Glasya estão prontos para se assumirem como mais destacado nome nacional no metal de cariz sinfónico e mesmo um dos mais destacados a nível mundial. Autodenominado de soundtrack metal, Attarghan é o seu mais recente registo e, para além da mudança de editora, é também perfeitamente notória uma evolução consistente e sustentável da banda. Mais uma vez, falámos com Davon Von Dave a respeito desta história das arábias...

 

Olá, Davon! Como tens passado nestes tempos estranhos? Mesmo sendo uma banda jovem, os Glasya de agora estão, naturalmente, mais maduros, portanto pergunto de que forma isso é notório no novo trabalho?

Bom dia Pedro. Antes de mais, gostaria de agradecer o teu convite, pois é sempre um prazer responder a uma entrevista para a Via Nocturna. Tenho passado bem, dentro do que é possível e tendo em conta toda a situação que estamos a viver. Em relação a Glasya… sim sentimos que a banda está mais madura, mais coesa, o que nos permitiu também arriscar num novo tipo de trabalho e tentarmos fazer um disco diferente. Desta forma também foi possível explorar novos “terrenos”, por parte de cada um dos elementos de Glasya.

 

O motivo que aqui nos traz hoje é Attarghan. Antes de mais, um nome estranho. O que significa, como surgiu e como se relaciona com a temática lírica?

Ora bem, Attarghan é o nome de uma música antiga de guerra e como queríamos dar o nome de "Guerreiro" ao nosso herói, acabamos por lhe chamar Attarghan. Ao ser o nome a personagem principal da história, acaba por estar muito presente, e todos os acontecimentos serem em volta das atitudes e opções da personagem.

 

Portanto, podemos dizer que Attarghan é um disco conceptual em todas a sua plenitude?

Sim, podemos perfeitamente dizer que sim, visto ser um disco em que toda a ação acontece desde o seu início até ao seu fim e retrata uma realidade imaginada por nós… toda a história se vai desenrolando e todas as situações vão surgindo com o avançar na audição, até ao seu final.

 

E que acaba por ser um significativo passo em frente em relação à vossa estreia, não concordas?

Sim sim, concordo. É um passo que todos concordamos dar, quando vimos que não iríamos conseguir fazer nada com o disco anterior, a nível de apresentações ao vivo. Por essa razão, optámos por começar a escrever um novo trabalho, a compor e a ideializar o Attarghan.

 

Portanto, bem se pode dizer que, neste caso, a pandemia não afetou a qualidade do trabalho. Mas afetou, de alguma forma, alguma outra circunstância?

Afectou tudo o que tínhamos pensado para a promoção do nosso primeiro disco, quer a nível nacional, quer no estrangeiro, visto que iamos apresentar mais datas que estavam a ser marcadas noutros países. Por outro lado, deu-nos a oportunidade de desenvolver com mais calma um novo trabalho… também acabou por nos obrigar a trabalhar de forma diferente e a adaptar-nos a uma nova realidade… muitas videochamadas, muitos telefonemas, muitas sessões sem a banda toda devido às restrições, etc etc… portanto foi tudo novo e tudo acabou por ser afetado de uma maneira ou de outra.

 

Um disco que descrevem, musicalmente, como soundtrack metal. Porquê? Que nuances composicionais e/ou estilísticas são desenvolvidas agora que não tenham sido em Heaven’s Demise?

Descrevemos o disco desta forma, porque a sua composição é baseada nos trechos sonoros que se faziam nos anos 70/80 e que permitiam ao ouvinte imaginar toda a acção. Cada ouvinte terá a sua interpretação e irá imaginar toda a história e toda a ação à sua maneira. Em relação ao Heaven´s Demise… tudo foi diferente… Neste disco, toda a história foi escrita primeiro, ou seja existiu um guião. Depois as músicas foram compostas, conforme nos fez sentido para cada parte da história… não que seja a melhor maneira, ou a correta, mas apenas o tipo de composição que nos fez sentido para aquele momento. E depois existiu uma procura de sons e ambientes que retrassem o que se estava a passar… não usámos nenhum tipo de regra para compor o disco, apenas o que nos estava a fazer sentido para aquele momento.

 

Caterina Nix e Marco Pastorino aparecem como convidados. Como se proporcionou essa ligação e como analisam o seu input no resultado final?

Essa ligação nasceu de quando abrimos o concerto de Visions of Atlantis, em Lisboa, e quando fomos ver o concerto de Tarja à sala tejo. No primeiro, conhecemos a Caterina e no segundo Marco… São pessoas impecáveis, que assim que fizemos o convite se predispuseram a ajudar no que fosse preciso e a participar no processo, não apenas a gravar o que nós fossemos pedir ou não. Para nós foi uma experiência muito boa o conseguirmos trocar ideias com outras pessoas, com mais experiência que nós e com outros conhecimentos… acho que é sempre bom quando isso acontece e no final, ficámos satisfeitos com o resultado.

 

Quando convidam alguém o que estão à procura? E já agora quando começam a trabalhar no tema já tinham uma ideia de quem o poderá enriquecer ou isso surge mais tarde?

Quando pensamos nos convidados, pensamos em alguém que se enquadre no que procuramos, a nível vocal e tendo em conta a música, mas também alguém a quem nos seja possível chegar e que seja acessível para se trabalhar e trocar ideias… Neste caso, depois da base das músicas estar toda composta, é que voltamos ao guião e vimos onde faria sentido haver um convidado e onde isso poderia enriquecer o disco.

 

From Enemy To Hero foi o primeiro single retirado deste trabalho. Porque esta escolha? Sentem que é um tema representativo do todo o disco?

Boa pergunta… é um tema forte, sim, e que acaba por representar toda a mudança que a personagem desenvolve no decorrer do disco e o porquê. É um título que acaba por representar a mensagem no que diz respeito a segundas oportunidades na vida e na capacidade que nós temos de corrigir as coisas quando erramos.

 

Como decorreram os trabalhos de produção com o Fernando Matias?

Super bem… muito desafiante, pois o trabalho era mais exigente e mais “complexo” que o anterior, mas sempre correu muito bem… muita troca de ideias, muitas horas com o Matias… já o álbum anterior tinha corrido muito bem, portanto achámos que o mesmo iria acontecer com este disco. Apenas foi mais exigente para todos e permitiu uma nova experiência.

 

Já a masterização foi entregue a Darius Van Helfteren nos Amsterdam Mastering. Atingiram o que esperavam atingir com esta escolha deste experiente profissional?

Sim sim, sem dúvida… É uma pessoa que trabalha com bandas que seguimos de muito perto, portanto pensámos, porque não tentar? Tentamos e ele aceitou fazer a masterização do disco e penso que só tivemos a ganhar com isso, tanto nós banda como o Matias, visto que ele frisou a boa qualidade do mix.

 

A edição é da editora italiana Scarlet Records. De que forma se tornou possível esta união? É para continuar?

É uma editora com a qual já tínhamos contacto desde o Heaven´s Demise e que nos seguia… pensámos logo em apresentar o novo trabalho para perceber até que ponto esta união era exequível. A resposta foi muito positiva e estamos muito satisfeitos com o trabalho que está a ser feito e com o que estamos a conseguir alcançar.

 

Sendo certo que as coisas não estão fáceis, mas há planos para levar este disco para palco?

Sim sim, claro que sim. Estamos a fazer esforços para apresentar datas, mas como todos sabemos, temos de nos sujeitar a muita coisa… datas pré marcadas, disponibilidades de salas, etc etc… portanto, sim não é algo que esteja fácil, mas vamos tentar fazer com certeza.

 

Muito obrigado! As maiores felicidades! Queres acrescentar alguma coisa que não tenha sido abordada?

Muito obrigado nós Pedro, pela entrevista e por todo o apoio e claro que gostaríamos de agradecer a todas as pessoas e fãs que nos têm acompanhado e que nos têm dado força para fazermos Glasya crescer, e que também têm ajudado a tornar muita coisa possível.

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