De França chega-nos um coletivo completamente vidrado no rock ‘n’ roll dos
fins dos anos 60/anos 70. Chamam-se Komodor e Nasty Habits é o seu longa-duração de estreia, após o EP homónimo de
2019, que ficou célebre por ter contado com a presença de todos os Blues Pills.
E este foi um dos tópicos da nossa conversa com os bretões a propósito deste
novo registo.
Viva, pessoal! Em primeiro
lugar, obrigado pela disponibilidade. Komodor é uma banda nova, por isso podem
apresentar-se aos roqueiros portugueses?
Para encurtar a história, a nossa
viagem começou na nossa sede geral Le Café Des Halles, o lugar para se
estar na cidade de Dz (Bretanha). Éramos totalmente nostálgicos de um período
que nunca vivemos, os anos 70 (e ainda somos)! Éramos quatro músicos a cruzar o
seu litro de cerveja prontos para lutar em nome do rock'n'roll, “saùde”!
No dia seguinte em que começamos a compor algumas músicas, voamos para a Suécia
para gravar o primeiro EP, no estúdio analógico LindbackaSounds com Zack
Anderson (Radio Moscow/Blues Pills). Saímos dessa experiência
com quatro faixas com todos os membros dos Blues Pills, que explosão! Graças
a Dorian Sorriaux assinamos com a Soulseller Records NL e
estávamos prontos para ir para a estrada com o vinil. Após cerca de sessenta concertos
em bares e casas de espetáculos na França, decidimos gravar o primeiro álbum por
nós mesmos. Compusemos um novo conjunto de 11 faixas em janeiro de 2021 para as
gravar em março. O LP foi lançado a 17 de dezembro de 2021! Enquanto isso, a nossa
roadie favorita Melin Le Bigot juntou-se à banda e adicionou
algumas guitarras e percussões na nossa música.
Quais são os vossos
objectivos e ambições com Komodor?
Apenas queremos tocar o máximo
possível, no maior número de cidades possível. Queremos gravar bons álbuns e
tentar forçar os nossos limites no estúdio e progredir sempre. Vamos começar a
trabalhar no segundo álbum em breve, para seguir em frente.
Que nomes ou movimentos
mais vos influenciam?
O Flower Power (risos)!
Adoramos bandas americanas como MC5, Rare Earth, Frijid Pink,
Cactus, Sir Lord Baltimore, James Gang, Iron Butterfly,
Jefferson Airplane, mas também adoramos bandas britânicas como Fleetwood
Mac de Peter Green, Humble Pie, Foghat, Sweet, Slade,
Budgie etc… Nós vamos buscar muita inspiração ao final dos anos 60 e do
início dos anos 70 do Rock n Roll.
Nasty Habits é
o vosso primeiro álbum. Como o definiriam?
Se tivéssemos duas palavras para
defini-lo, diríamos Orgulho e Alegria (SRV), porque é um álbum de alegria
em circunstâncias sombrias. Compusemos o álbum durante o confinamento... e apenas
queríamos divertir-nos a tocar as nossas músicas e fazer as pessoas felizes.
Toda gente precisa de boas vibrações durante estes tempos tristes.
Este álbum surge dois anos
após o EP autointitulado. Como passaram este tempo?
Somos muito desorganizados e as nossas
vidas pessoais mantêm-nos ocupados... Escrevemos todas as canções entre janeiro
e fevereiro de 2021 para as gravar um mês depois. Trabalhamos como bestas para torná-las
consistentes, mas acho bom não termos tido tempo para pensar nelas, vêm das nossas
almas e não dos nossos cérebros! Demos a nós mesmos um ultimato, viver rápido
ou morrer! Não é perfeito, longe disso, mas representa um momento da nossa vida
e isso é muito bom!
Como já referiste o EP foi
gravado na Suécia com os Blues Pills. Mas, desta vez fizeram tudo vocês
próprios. Porquê?
Foi demais! Estávamos bem em
casa, com café, cerveja e boa comida à vontade, gravávamos no nosso próprio
tempo. Obrigado, MF, JL & Yuna por isso! O nosso baixista foi o elemento do
som, trabalhou muito no disco e fez um trabalho incrível! Tivemos controlo
total sobre a renderização do álbum, não foi como trabalhar com alguém que não
conheces, e que tenta impor o seu estilo, percebes? Tentamos muitas coisas sem
qualquer pretensão ou julgamento! Como estávamos em casa, muitos amigos
passaram para gravar algumas coisas, para conversar ou apenas para tomar uma
cerveja enquanto davam conselhos. Esse clima deu-nos uma energia linda, era
festa todos os dias! Foi vivente e acho que podemos ouvir isso no álbum.
Mas
a masterização foi feita em Detroit por Jim Diamond. Como foi trabalhar com ele
e onde é mais visível o seu toque mágico?
Jim Diamond é uma pessoa
impecável e fez um trabalho muito bom no nosso álbum. Foi muito fácil trabalhar
com ele porque ele sabia exatamente o que queríamos. Ele mandou-nos uma
primeira tentativa de masterização e a segunda foi boa. O seu toque fez o álbum
soar ainda mais vintage e poderoso. Não conhecemos a sua receita
xamânica para o fazer soar assim (risos), mas provavelmente trabalha com
máquinas antigas.
Este
álbum foi criado durante os confinamentos? Que influência teve isso no vosso trabalho?
Sim, este álbum foi criado
durante os confinamentos, começamos a trabalhar nele em janeiro e compusemos quase
todas as músicas durante esse mês. Os confinamentos deram-nos a oportunidade de
passar muito tempo juntos e criar essa alquimia entre nós. Também tentamos
trabalhar num processo diferente que envolvesse a todos mais do que antes. Escrevemos
as letras juntos e dedicamos algum tempo para nos conhecer e ouvir. Esse álbum fez-nos
crescer como banda!
Como
decorreu o processo de gravação nestas circunstâncias estranhas?
Usamos esse tempo para colocar
todas as nossas energias positivas juntas neste álbum e escapar da realidade
diária. Gravamos a parte instrumental no estúdio do nosso baixista em
Saint-Divy (Bretanha), ele comprou muitos microfones e máquinas vintage
para o gravarmos nós mesmos. Para os vocais, gravamos na nossa cidade natal
Douarnenez e mudamos todo o estúdio para lá.
Muito
obrigado, mais uma vez. Projetos e ambições para o futuro? O que nos podem
adiantar?
Muito obrigado por esta
entrevista. Mal podemos esperar para sair em tournée, devemos ir a
Espanha e Portugal em abril e temos muitos outros espetáculos a chegar. Mesmo
que as circunstâncias sejam estranhas, temos sorte de poder tocar.
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