Denary Breath (IONIZED)
(2021,
Independente)
Juntos há 6 anos, os Ionized
são uma banda de metal alternativo de Santa Maria da Feira. E, a partir
das experiências musicais e partilha de sons comuns, surgiu um coletivo que,
com Denary Breath, o seu álbum de estreia, promete não deixar ninguém
indiferente. São doze temas em quase uma hora de música que vai do grunge
ao metal alternativo. E sempre com algo importante a assinalar ao nível
da composição. Os temas são evoluídos e o balanço entre momentos mais pesados e
agressivos com outros mais técnicos, está bem conseguido. Denary Breath
é um álbum compacto e homogéneo, mas não queríamos deixar de salientar a ponta
final, nomeadamente com esse trio comporto por Corporate Agression, Answers
e Tattooed Angel, como sendo aqueles que mais nos marcaram e onde o
coletivo melhor consegue demonstrar a qualidade das suas composições e a sua
abordagem criativa. [80%]
Die Schöpfung Tohuwabohu (MAJESTY OF SILENCE)
(2021, Boersma
Records)
Quinto álbum para
o duo suíço e, mais uma vez, todo vocalizado em alemão. Para quem não está
familiarizado com a fonética germânica isso acaba por ser um aspeto importante,
conferindo ao seu black metal ainda mais frieza e estranheza. Um black
metal que assenta em uma enorme diversidade vocal e, para isso, há alguns
convidados, com destaque para as vozes femininas. E um black metal que
se orienta pela vertente sinfónica do género coma sistemática alternância entre
passagens brutais e outras mais suaves e subtis, verdadeiramente angelicais. Die
Schöpfung Tohuwabohu evolui, algumas vezes, num sentido teatral o que o faz
ganhar alguns pontos. O que salta, então, à vista é uma completamente
inesperada evolução do coletivo que tanto o aproxima dos Cradle Of Filth
como dos Eisregen. [77%]
Marnost Nad Marnost (MOORAH)
(2021, Art
Gates Records)
Os Moora
deram origem aos Moorah, mas a banda checa continua a trilhar o seu black
metal da escola mais underground de leste, nomeadamente da polaca. Marnost
Nad Marnost é, por isso mesmo, o seu disco de estreia que transporta uma
certa áurea relacionada com os anos 90, embora também não iniba de introduzir
elementos de algo como um post-black ou mesmo algo de um black metal
depressivo. As letras na sua língua nativa acentuam o clima de frieza e
causticidade e mesmo todo o sentimento de negatividade. Curiosamente, tudo isso
num disco que muitas vezes é cortado pelo recurso a breaks acústicos e
que consegue crescer com as diversas audições, com pormenores que aparentemente
se escondem e mostram. Todavia, apesar da boa abordagem geral deste disco, Marnost
Nad Marnost deverá ter dificuldade em se impor face à feroz concorrência de
lançamentos dentro do mesmo género. [77%]
Deo Ignoto (INVOKE)
(2022,
Amazing Records)
Mais de um quarto
de século de carreira e apenas com um álbum lançado, em 2017, intitulado Somnium
Paradox. Mas a coisa está prestes a mudar para o lado dos nacionais Invoke,
porque já no início deste ano foi lançado o seu segundo registo – Deo Ignoto
que promete dar uma nova força a esta entidade devastadora. Um regresso muito
saudado, sendo muito bem merecidas essas saudações, porque os black
metallers nacionais souberam bem preparar o caldeirão. Todo cantado em
português, Deo Ignoto posiciona-se para ser uma referência no espectro
mais pesado, obscuro e extremo nacional. Rápido, embora com momentos mais ambientais,
é, todavia no poder dos monstruosos (e quase sempre com muita harmonia) riffs
que este conjunto de canções se apoia para se tornar um disco de black metal
como manda a tradição da escola clássica. Embora, ainda consiga incluir algumas
surpresas a serem descobertas! [77%]
Scarred Lands (SVARDENVYRD)
(2021, Far
Horizon Music)
Dezasseis anos
depois da estreia Obyčej Slunovratu,
os checos Svardenvyrd regressam ao discos com o álbum de reunião e com
uma temática muito pertinente e até atual – a violência que os povos da
Polónia, Ucrânia, Bielorrússia e outros estados Bálticos sofreram entre 1925 e
1945 (e continuam a sofrer!). Uma história que deixou marcas profundas e que agora é explorada no seu
estilo caraterístico de um pagan black metal denso, frio e intenso. Um
sólido black metal apostado nas correntes pagãs, de forma que lembra os
primeiros trabalhos de Primordial ou Moonsorrow. O problema está
nos temas demasiadamente longos, onde as variações existentes não justificam
tanta expansão sem perdem a tensão. [74%]
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