Com uma estabilidade assegurada por uma formação coesa e
com lançamentos regulares, os Custard seguem o seu caminho de evolução e
crescimento. Mesmo que, admite Chris Klapper, não tenham pensado crescer tanto.
Imperium Rapax é
a sua mais recente produção e que nos leva até ao Império Romano. E foi baterista
quem nos contou tudo a respeito deste novo e poderoso disco de metal.
Olá,
Chris! Em primeiro lugar, obrigado pela disponibilidade. Mantendo a tradição de
um novo álbum a cada quatro/cinco anos, aqui estão os Custard com uma nova
obra. Quando de decidiram a trabalhar sobre o império romano?
Saudações, Pedro. E obrigado pelo
interesse. Basicamente, mantemos as ideias sempre ativas. Não há ponto em que
digamos: ah, vamos escrever um novo álbum agora. Colecionamos boas
ideias e gravamo-las em tempo real - principalmente apenas partes. Quando temos
uma visão clara sobre o tema do álbum, revemos as coisas que temos e vemos se
elas correspondem a uma história ou faixa específica.
Esta
escolha motivou muita pesquisa ou a história deste álbum é principalmente
fictícia?
Esse trabalho é 95% feito pelo nosso
cantor Olli. Na verdade, gostamos de fazer estes álbuns conceptuais e ele está
sempre dentro de histórias como o Império Romano e temas medievais, assiste a filmes,
lê livros e assim por diante. Ele gosta muito disso e até vai a esses mercados
medievais onde as pessoas vêm completamente vestidas, com espadas e machados. A
maioria das histórias são verdadeiras (tanto quanto sabemos) e até mesmo na ordem
cronológica correta, mas há histórias como Hannibal a cruzar os Alpes com
elefantes… pode haver alguma verdade, mas muita ficção… acho eu.
Imperium Rapax é
já o vosso sétimo álbum, o que comprova o vosso crescimento sustentável. Onde é
mais evidente essa maturidade e crescimento?
Na verdade, não planeamos crescer
tanto. Não somos músicos profissionais a tempo inteiro, mas fazemos o que gostamos
de fazer. Isso é o que tu ouves como maturidade, como dizes. Claro que ao longo
do tempo nos tornamos músicos melhores, mas nunca lançamos um álbum mau… até
agora! E é bom ver que ainda somos capazes de manter o espírito e as marcas que
estabelecemos ao longo de muitos e muitos anos.
A
estabilidade do line-up também é importante em todo
este caminho?
Extremamente importante! Eu acho
que é uma questão do que os músicos individuais querem e se isso combinar,
então acontece magia. Antigamente tínhamos mentalidades e alvos extremamente
diferentes e depois de um tempo era necessário, que precisávamos nos separar de
alguns elementos. Estou feliz que combinemos muito bem agora e seguimos o mesmo
caminho juntos. Eu acho que podes ouvir isso no resultado.
É
curioso porque esta é a segunda vez que usam um título em latim… e a primeira tinha
sido na demo de estreia, Signa Inferre em 1992!
Podemos ver aqui um regresso às vossas raízes tanto no aspeto lírico quanto no
musical?
(risos) De forma nenhuma. Isso
não está ligado. Para este álbum foi uma coisa lógica usarmos uma frase em
latim, mas Signa Inferre era mais ou menos algo para chamar a atenção.
Obviamente funcionou. Na verdade, nem nós vimos essa ligação.
Este álbum foi criado
durante os confinamentos? Que influência teve a pandemia no vosso trabalho?
Essa pandemia de merda tirou
muitas coisas que gostamos. Sem espetáculos, sem festas… nós gostamos de
conhecer pessoas e ter boas conversas com amigos e fãs. De qualquer forma, já
estávamos a escrever quando a pandemia começou, portanto tivemos mais tempo
para terminar e gravar. Nesse
sentido, o confinamento foi útil. Não acho que a situação do Covid tivesse
qualquer influência na música.
Contam com alguns
convidados no álbum. De forma se proporcionou essa cooperação?
Claro que já não é possível encontrarmo-nos
num espaço de ensaio e fazer as contribuições
à moda antiga juntamente com os convidados. Marta mora na Polónia, Thanos na
Grã-Bretanha e Marinos na Grécia. Não havia nenhuma possibilidade de nos reunirmos.
Mas estabelecemos uma boa maneira de usar a internet e trabalhar juntos
nessas faixas.
O que têm em mente quando
escolhes alguns convidados? O que procuram atingir?
A maioria das ideias dos
convidados surgiu bastante tarde quando já estávamos a misturar as faixas.
Temos muita sorte que Thanos é o nosso engenheiro de mistura, bem, vamos chamar
de produtor e ele teve grande influência na forma como soamos nos dois últimos
álbuns. Se estamos numa sessão de mistura e sentimos a necessidade de algo como
legiões a gritar, ou vocais de fundo adicionais ou então… é uma questão de minutos
e talvez Thanos os grave ou esteja eu fazer. Por exemplo, alguns gritos de
legião. Decidimos que queríamos tentar isso e 15 minutos depois tínhamos 10
faixas do Thanos, 10 faixas minhas e por acaso o nosso guitarrista veio ver-me e
eu forcei-o a fazer mais 10 legionárias. Acabamos por ter uma legião perfeita
com apenas 3 pessoas. Com a Marta foi uma história diferente e mais
interessante. Ficou claro que precisávamos de uma senhora a cantar as partes
como Cleópatra. Pedimos a alguns amigos e conseguimos algumas faixas boas, mas
ainda não perfeitas, com eles. Depois de uma sessão de gravação vocal, Olli e
eu estávamos sentados no estúdio a refrescarmo-nos com uma cerveja. No fundo
tínhamos o Youtube ao acaso e estávamos a discutir sobre a faixa. Por
acaso uma faixa de Crystal Viper foi tocada e ficamos com os olhos
arregalados… lá está ela, Cleópatra! Como conheço o seu marido há muitos anos,
foi uma tarefa rápida e fácil fazê-la cantar as frases desejadas. Esta foi realmente
uma combinação perfeita.
Já
estão a preparar alguma tournée para promover
este álbum? Está Portugal incluído?
Paramos todas as atividades ao
vivo até que possamos ter - mais ou menos - certeza de que os espetáculos
planeados realmente acontecerão. Começamos a planear alguns concertos locais de
lançamento, mas era uma complicação realinhar a cada semana por causa dos novos
regulamentos vindos do nosso querido governo. Não precisamos de dinheiro para
ganhar a vida e não queremos planear concertos sabendo que serão cancelados de
qualquer maneira ou precisamos ter certeza de que todo o público está vacinado,
testado… e talvez a vestir calças limpas. Isso não tem nada a ver com Heavy
Metal e nós odiamos. Mas eu vejo o problema para todas as bandas
profissionais que realmente têm um problema sem o dinheiro que recebem dos seus
espetáculos. Quando essa merda acabar, adoraríamos ir a Portugal e conhecer-vos
a todos, mas nada na lista ainda. Se tens tem promotores de festivais por
perto… é só dar-lhes o meu e-mail.
Muito
obrigado, Chris, mais uma vez. Projetos e ambições para o futuro? O que nos
podes contar?
Esperamos que os concertos ao
vivo comecem novamente, em breve. Por isso precisamos fazer muitos espetáculos apenas
para a nossa paz de espírito pessoal. Tenho certeza de que Olli já está no
caminho certo para o próximo conceito, portanto são boas as possibilidades de
aparecermos com um novo álbum um pouco mais cedo desta vez.
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