São uma das grandes revelações nacionais deste primeiro
trimestre do ano. Os transmontanos Whales Don’t Fly estreiam-se com The Golden Sea e mostram uma
qualidade rara para um álbum de estreia. Minuciosamente preparado e executado,
o cruzamento de diferentes influências (algumas delas bem separadas
estilisticamente) revela-se essencial no desenvolvimento de temas com uma
assinalável maturidade. As primeiras reviews ultrapassaram as
expetativas e os primeiros concertos foram muito bem recebidos. Por isso fomos
conhecer um pouco melhor este coletivo.
Olá, pessoal! Obrigado pela disponibilidade! Os Whales
Don’t Fly são uma entidade nova, por isso começo por perguntar quando e porquê
decidiram iniciar este projeto?
Muito obrigado, nós pela oportunidade. Começamos em novembro de 2018.
Sentimos todos a necessidade de explorar o nosso lado criativo, criando algo
novo, original, e com que nos identificássemos.
Em que nomes ou movimentos procuram encontrar as vossas
inspirações?
Cada elemento da banda tem um estilo/subgénero preferido, fazendo com que
a nossa música fosse incutida de diversas influências. Desde o Rock
Progressivo dos anos 70 até ao Heavy Metal Moderno. Bandas como Mastodon, King Crimson, Porcupine Tree, Opeth e The Mars Volta são grandes influências para nós. No entanto, na altura da composição,
tentamos sempre ser o mais original que nos era possível e fazer aquilo que nos
vinha à alma.
Já tinham tido outras experiências musicais anteriores?
De que forma é que elas se revelam neste novo projeto?
Sim, tivemos algumas bandas de covers, projetos entre amigos,
quando eramos mais novos. O César (baterista) em relação a nós foi o que esteve
envolvido em mais projetos, de diferentes géneros. Foi sem dúvida enriquecedor
a vários níveis, mas totalmente diferente daquilo que estamos a fazer agora.
Crescemos, fomos gostando de outras coisas, sonoridades diferentes, e encontramos
o som que queríamos para este projeto.
Um dos aspetos mais curiosos da banda é o nome. Whales
Don’t Fly esconde possíveis interpretações a respeito do vosso estilo. Foi essa
a razão da sua escolha? De que forma surgiu?
Foi sim uma das razões. Achamos que Whales
Don’t Fly pode significar muita coisa e deixa o mistério
no ar sobre o estilo de música em que realmente nos inserimos. Um dos motes da
banda é nunca nos reservarmos apenas a um estilo, mas sim explorar diversas
sonoridades. Além do mais, Whales Don’t Fly soou-nos bem, e achamos que isso foi o mais importante na decisão da
escolha do nome. O nome surgiu pelo Rafael (vocalista), numa altura em que
estávamos numa espécie de bloqueio para encontrar o nome certo.
A banda nasceu e pouco tempo depois fomos assaltados por
uma pandemia. Os trabalhos de composição deste álbum já estavam avançados na
altura ou decorreu tudo já em confinamentos e afins?
Compusemos tudo sensivelmente um ano antes da pandemia atingir o estado
mais violento. Foi uma corrida contra o tempo porque o César ia emigrar para
Itália em setembro, portanto tivemos de trabalhar a todo a vapor. Felizmente,
ele voltou um ano depois e juntou-se novamente à banda.
The Golden Sea é aquele álbum de estreia que sempre
sonharam conseguir lançar?
Como artistas, temos aquele lado perfeccionista que nos diz que podemos
fazer sempre melhor. Isso é bom, achamos, faz com que nós trabalhemos cada vez
mais para um objetivo. O The Golden Sea foi o álbum para o qual nós
pusemos toda a alma e dedicação possível. Vivemos naquele universo durante
meses e respiramos só quando foi concluído. Por isso sim, estamos felizes e
realizados pelo resultado final, e este ser o nosso primeiro álbum é um grande
orgulho.
De que forma correram os trabalhos com o Guilhermino
Martins?
Consideramos o Guilhermino
Martins o grande mentor da banda. Guiou-nos no caminho
certo, com valiosos conselhos e opiniões criativas que tornaram este álbum
muito mais especial. Foi uma honra trabalhar com ele e os Blind & Lost Studios são e serão a casa dos Whales Don’t Fly durante os próximos projetos da banda.
A junção de duas entidades nortenhas/transmontanas faz-se
notar na vossa sonoridade?
Cremos que a região de onde viemos não tem grande influência no nosso
som, mas sim na motivação de querermos mostrar que nestas regiões mais remotas
do país também há música original e “pesada”, e que há espaço para todo o tipo
de sonoridades.
Já agora, de que forma definiriam The Golden Sea?
The Golden Sea é um álbum conceptual onde
cada música retrata cada etapa de uma história. É uma viagem em busca de um
desconhecido, retratando a perseverança e dor do ser humano. A sonoridade
abrangente de cada música está par a par com a letra. Gostaríamos que os nossos
ouvintes tivessem a sua própria interpretação da história.
As reviews
têm sido excelentes. De alguma forma estavam a contar com uma receção deste
tipo?
Não estávamos à espera de que fossem tão boas na verdade. É muito
gratificante saber que pessoas não só de Portugal como de toda a parte do mundo
têm ficado envolvidas no The Golden Sea. Um grande orgulho para todos
nós, e só podemos prometer que tentaremos sempre superar as expectativas em
cada projeto que lançaremos no futuro.
Por esta altura, já devem ter feito a vossa apresentação
do álbum em Viseu. Correu tudo como previsto? E para o futuro? Têm mais alguma
coisa planeada para palco?
Já apresentamos o álbum em três cidades diferentes: Viseu, Bragança e
Zamora. Todas elas correram bem e fomos sempre muito bem recebidos. Para o
futuro o nosso foco continuará a ser tocar ao vivo o mais que pudermos e compor
novos temas nos intervalos em que estamos parados.
Muito obrigado, pessoal! As maiores felicidades! Querem
acrescentar alguma coisa que não tenha sido abordada?
Obrigado, nós! Queremos apelar a toda a gente que ouça o nosso álbum, que
lhe dê uma oportunidade. Isso será sempre o mais importante para nós, saber que
as pessoas se identificaram de alguma forma com o nosso som.
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