Entrevista: Fer de Lance

 


Originários de Chicago, os Fer de Lance elevam a definição de epic/doom metal a um novo patamar. Para isso socorrem-se de influências clássicas tão díspares como Rainbow ou Bathory. Mas é precisamente por ser inesperado que se torna majestoso. E se o EP de estreia Colossus já tinha deixado água na boca, para o primeiro longa-duração, The Hyperborean, a banda expandiu a sua formação e... a sua capacidade artística. O baixista Rüsty foi quem nos respondeu do lado de lá do Atlântico.

 

Olá, Rüsty! Em primeiro lugar, obrigado pela disponibilidade. Fer de Lance é uma banda nova, por isso podes apresentá-la aos metalheads portugueses?

Saudações, Portugal! Fer de Lance é uma banda de metal atmosférico sediada em Chicago, e estamos prestes a lançar o nosso álbum de estreia, The Hyperborean, via Cruz del Sur Music da Itália.

 

Quais são os vossos objetivos e ambições com Fer de Lance?

Originalmente propusemo-nos a criar as músicas que queríamos ouvir. MP tinha escrito o EP Colossus enquanto tentávamos reformar os Moros Nyx e eu sabia que precisávamos fazer essa música em vez disso. Queremos criar música que desafie os ouvintes e nós e que nos ligue ao mundo em que vivemos. Na verdade, a arte desafia-nos musicalmente e a música que desafia o nosso público conceptualmente. Por outras palavras, as nossas músicas estão enraizadas na realidade e, mesmo que gostemos de ler ciência e ficção/fantasia, essas matérias ainda não chegaram à nossa música.

 

Que nomes ou movimentos mais vos influenciam?

Musicalmente somos influenciados por uma quantidade eclética de bandas como Rainbow, Bathory, Borknagar, Blind Guardian, Immortal, Jethro Tull, Uriah Heap e Rotting Christ, para citar alguns. As raízes académicas do MP em arqueologia e história desempenham um papel importante nas nossas letras e ideias.

 

Qual é o vosso background musical? Que experiências musicais anteriores trouxeram para os Fer de Lance?

MP e eu tocámos em várias bandas locais nos nossos anos de faculdade. Quando me mudei para Chicago, pedi-lhe para começar a trabalhar comigo numa banda da cena daqui. Foi quando começámos a trabalhar muito em Moros Nyx. Eventualmente, fui apanhado pela cena de Chicago e toquei em várias bandas, incluindo Satan's Hallow/Midnight Dice (com Mandy), Professor Emeritus (com MP) e Hitter.

 

Quanto ao nome da banda – como é que surge e o que significa?

O nome da banda pode ter significados diferentes. Em francês, é “ponta da lança”, mas também é o nome de uma família de víboras (cobras) nativas do sul da América. Essa cobra é o tema da música Fer de Lance do EP Colossus.

 

Como se proporcionou esta ligação com a Cruz Del Sur Music?

Sabíamos que a Cruz del Sur seria um bom parceiro para lançar os discos de Fer de Lance. O nome Cruz del Sur é uma marca de qualidade, a meu ver, ao procurar por novas bandas empolgantes. Quando terminamos o EP Colossus, enviamos-lhe o material e em apenas 24 horas, acho, tivemos uma resposta entusiástica e chegamos logo a um acordo. Tendo agora trabalhado com eles em alguns lançamentos de Fer de Lance, vejo quanto trabalho eles fazem para promover e empurrar as suas bandas e que eles se preocupam com a música e com essas bandas. Fazem isso por amor à música, que é o mais importante para mim, seja eu músico ou fã.

 

Colossus, o vosso primeiro EP, é uma colossal peça de metal. E foi também o início de algo ainda mais grandioso. Primeiro, aumentaram a formação, certo? O que procuraram com isso?

Para The Hyperborean, MP estava a escrever algo mais complexo e canções intensas, nomeadamente ao nível do trabalho de bateria e guitarra. A minha ideia foi sempre mudar-me a tempo inteiro para o baixo, por isso chamámos o Scud, cuja formação em bandas de black/death nos permitiu alcançar o que estávamos à procura para o álbum. Também adicionamos Mandy Martillo na guitarra acústica e vocais. Sabendo que os espetáculos ao vivo aconteceriam em breve, foi claro que precisávamos de um músico acústico dedicado e com Mandy, que também é uma fantástica cantora (dos Midnight Dice), foi uma vitória clara trazer todas as suas habilidades para Fer de Lance. Quando Collin infelizmente decidiu sair no meio da mistura do álbum, isso colocou-nos numa posição em que precisávamos procurar um segundo guitarrista. Tivemos um pouco de sorte quando encontrei J. Geist aleatoriamente no café do meu bairro e descobri que ele toca guitarra nos Beastlurker, uma killer band de death metal melódico de Chicago. Logo depois, convidamo-lo para os Fer de Lance. Embora J. Geist não esteja no álbum, ele foi parte integrante do movimento para a frente quando começamos os ensaios ao vivo.

 

Desta forma, The Hyperborean é um grande passo em frente. Na tua opinião foi devido a quê?

Ficamos felizes que tenhas gostado! O álbum The Hyperborean foi certamente uma progressão artística para Fer de Lance. Como mencionei anteriormente, queremos sempre desafiar-nos a melhorar a nossa forma de tocar e a nossa arte. Neste caso, o MP escreveu um álbum que nos tornou músicos melhores para o poder gravar. No entanto, após ouvirmos as demos do álbum, parecia que a banda se inspirou para colaborar e improvisar no estúdio. Fizemos o máximo esforço para fazer o melhor álbum no pouco tempo que pudemos.

 

The Hyperborean é um álbum conceptual, estou certo? Em que consistes as questões sobre as quais cantam?

The Hyperborean segue a história de um marinheiro que é repugnado pelo excesso e corrupção da sociedade e decide procurar um rumor de um paraíso intocado pelos males da humanidade. A história passa-se Mediterrâneo antigo. Ainda assim, os temas explorados - isolamento, corrupção, escapismo, violência, poluição - parecem ser tópicos universais ao falar sobre o progresso da humanidade desde que começamos a registar as nossas histórias.

 

Após este grande trabalho, quais serão os próximos passos e ambições para vocês?

Estamos de olho em fazer espetáculos ao vivo nos EUA neste verão e outono, deixando o nosso espetáculo ao vivo no padrão dos nossos álbuns. Também planeamos voltar a estúdio no início deste outono para gravar novas músicas e terminar alguns trabalhos que não pudemos terminar durante as sessões de gravação de The Hyperborean.

 

Obrigado, mais uma vez, Rusty. Queres acrescentar mais alguma coisa?

Estamos honrados com o teu apoio e interesse em Fer de Lance. Apreciamos o teu trabalho para compartilhar a nossa música. Estamos empolgados em trazer Fer de Lance para palco em 2022 finalmente e, claro, em 2023, na Europa.


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