Entrevista: Hill's Union

 


Os Hill´s Union preparam-se para deixar de ser o mais clandestino e revolucionário segredo da música portuguesa, para se afirmarem como uma frente radical no rock'n'roll. Desta forma, Viva La Revolución! é algo que poderia ser traduzido como viva o rock. Um rock politicamente incorreto, que olha para as classes operárias (e outras) desprotegidas e desfavorecidas e para políticos que se erguem contra a liberdade, procurando a reflexão sobre a consciência política e a solidariedade. Tiago Santos, baixista e vocalista, assina para Via Nocturna este manifesto.

 

Viva pessoal, obrigado por despenderem algum tempo com Via Nocturna. O que se passou nos Hill’s Union para terem passado de um projeto folk e acústico para este poderoso coletivo de rock?

O folk foi uma experiência, como tantas outras que tivemos, todos nós já vínhamos de bandas elétricas, digamos. Ao longo dessa fase reparámos que algumas canções já continham elementos de rock e groove que pediam mais power e amplificadores. Foi uma questão de tempo até começarmos a experimentar e ficarmos agarrados. Quando houve mudanças na formação da banda com a introdução da bateria, ficou definido que o caminho seria esse. O que não quer dizer que não voltemos a tocar guitarras acústicas. Terá sempre a ver com a nossa vontade do momento e a liberdade é fundamental nesta banda.

 

Joe Hill foi a figura emblemática que vos inspirou o nome. Se vos perguntasse quem vos inspira atualmente, a nível musical, oque me diriam?

Ouvimos todos muitas coisas diferentes. As nossas inspirações musicais vêm sobretudo do período do punk, pós-punk, rock n roll, blues e groove, rock alternativo.  Identificamo-nos com bandas como The Last Internationale, Idles, Manic Street Preachers, Noise Conspiracy, mas bebemos mais dos Clash ou até dos Stones.

 

Que objetivos procuraram atingir com este projeto e com o lançamento deste álbum?

Rockar. Rockar muitos palcos, pôr a malta a curtir o poder e o balanço dos Hill´s Union e a dançar com as bandeiras do Joe Hill, o espírito de união e a mensagem política das letras.

 

Sendo que já tinham algumas experiências anteriores, que know how trouxeram para esta nova entidade?

A maneira como abordamos o rock é sempre numa perspetiva de rock n roll, tem de ter groove e fazer dançar. Depois a experiência ajuda para criar soluções com poucos recursos e de procurar os melhores meios para conseguir o que queremos.  Acima de tudo há muita vontade de tocarmos juntos, de experimentar e aprendermos uns com os outros.    

 

Mas, suponho que acabem por se afastar do vosso passado criativo…

Sim, todos vimos de mundos diferentes, talvez o Pedro Salvador estivesse mais próximo desta linguagem. Há um lado de descoberta coletiva muito excitante, já nos disseram que por vezes há uma sonoridade juvenil ou adolescente, deve ser daí, dessa energia de estar a experimentar em conjunto pela primeira vez.

 

É verdade que o primeiro single, Fall Now Fascists foi escrito de rajada na noite em que Bolsonaro venceu as eleições?

Sim, mas podia ter sido hoje...

 

Porque escolheram este tema para primeiro single? Sentem que, de alguma forma, é representativo do álbum?

Achámos que tinha um bom groove para fazer o cruzamento entre a dança e a mensagem. Nesse sentido, sim é representativo do álbum. E tem uma sonoridade pop, é o nosso Contentores (risos).

 

E já agora, já têm alguma coisa para dedicar ao Sr. Putin?

Para o Sr.Putin e os outros senhores da NATO ainda não escrevemos , mas uma versão do Masters Of War do Bob Dylan ou War Pigs de Black Sabath caía-lhes a todos muito bem!

 

O álbum ainda não sai há muito tempo, mas para já como têm sido as reações?

As reações têm sido muito boas. As pessoas ficam surpreendidas, porque ninguém estava à espera de algo assim e uma sonoridade tão caraterística e marcada. Há um grande trabalho por trás, desde a gravação com o Moz Carrapa, a mistura com o João Martins e a masterização de Rui Dias, que ajudaram a criar o som que queríamos e imaginámos e que não tem tanto a ver com o que a maioria das bandas faz hoje. No outro dia um amigo músico, estava a curtir bué o power do disco e a dizer que levou um grande soco, estava à espera de uma cena tipo Zeca Afonso! É bom a surpresa e esse lado excitante do rock.

 

E as vossas reações? O resultado final está de acordo com as vossas expetativas?

Sim, estamos muito contentes. Claro que há coisas a melhorar, mas ser um disco cru, sem grande produção e demasiado perfeito, faz parte do som e da atitude da banda.

 

O que é que têm planeado para promover este disco ao vivo?

Tocar ao vivo o mais possível. Vamos também querer fazer remisturas para que o Joe Hill, mas sobretudo a mensagem política da unidade dos povos contra a exploração, a guerra e pela paz possa chegar a mais gente.

 

Obrigado. Querem acrescentar mais alguma coisa que não tenha sido abordado?

Venham ver ao vivo e sentir o Rock N` Revolução!

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