Entrevista: Cavalo Amarelo

 


Os Cavalo Amarelo já por cá andaram nos anos 90 sob a denominação Fé Lusitana. A vontade fê-los regressar e com um novo nome estrearam-se no Dias das Mentiras com uma Senhora Mentira que se revela uma boa verdade dentro do rock nacional.

 

Olá, pessoal! Obrigado pela disponibilidade! Os Cavalo Amarelo são uma entidade nova, por isso começo por perguntar quando e porquê decidiram iniciar este projeto?         

Nós é que agradecemos o convite! O Cavalo Amarelo nasce no verão de 2019 pela vontade que sempre tivemos de tocar juntos, pelo nosso gosto pela música, de fazer música e mostrá-la ao público que é o que mais gostamos de fazer. Tocar ao vivo.

 

Em que nomes ou movimentos procuram encontrar as vossas inspirações?

A nossa inspiração é muito nossa. Intimista, com canções com uma identidade muito própria. Temos influências sim, na nossa sonoridade. Todos somos do tempo da BritPop e ouvimos também muitas bandas do post-punk. Até movimentos mais atuais. No fundo temos raízes muito ecléticas.

 

Bem, efetivamente, até nem são assim tão novos, porque em 1996 já por cá andavam, mas com o nome Fé Lusitana. O que se passou nessa altura e ao longo deste intervalo de tempo e porque de Fé Lusitana se passou a Cavalo Amarelo?

Em 1997 assinámos contrato com a Polygram. Estávamos preparados para dar o salto, mas por vários motivos, um deles a compra da Polygram pela Universal fez com que o processo estagnasse um bocado. Aliado à nossa condição de estudantes em ano de entrada na faculdade, o projeto esmoreceu em 2001. E assim ficou 20 anos! Mas a vontade era muita e em 2019 como continuámos todos amigos, voltámos a combinar ensaios para ver o que dava. E aqui estamos!

 

E agora, para esta nova reencarnação, estão todos os membros que faziam parte dos Fé Lusitana ou há alguma mudança?

Sim! A formação é exatamente a mesma que alinhava nos Fé Lusitana.

 

Porque decidiram mudar de nome e rebatizar a banda? Não teria sido preferível manter o antigo nome já com algum historial? Ou foi uma forma de cortar, definitivamente, com o passado?

Sim. Exatamente isso. Um corte com o passado. Os Fé Lusitana eram assim chamados porque na altura muitas das bandas emergentes cantavam em inglês e nós optámos por cantar sempre em português. E nada arrependidos disso até hoje. Também era um nome que não era muito consensual entre nós…

 

Já agora, acho o novo nome um dos aspetos mais curiosos da banda. Cavalo Amarelo esconde possíveis interpretações a respeito do vosso estilo. Foi essa a razão da sua escolha? De que forma surgiu?

Essa pergunta foi colocada com mestria! Cavalo Amarelo estava numa lista com montes de outros possíveis nomes, mas tem a ver com uma história nossa, uma brincadeira de miúdos. Achámos também que iria gerar curiosidade nas pessoas. Para além de que pode realmente ter várias interpretações para quem não nos conhece. E isso para nós é bom. Queremos gerar interesse em quem não nos conhece ainda.

 

Senhora Mentira é aquele álbum de estreia que sempre sonharam conseguir lançar?

É o álbum que sempre sonhámos sim. Até porque é o primeiro!

 

Já anteriormente, em 2021, tinham lançado dois singles. Qual foi o vosso objetivo na altura? Ir percebendo como seria a sua receção?

Também… Mas essencialmente apresentar o Cavalo Amarelo ao público. Para nós foi extremamente positivo. Conseguirmos produzir e editar música em plena pandemia foi desafiante, mas acabou por ser muito bom para a própria sonoridade dos temas. Experimentámos coisas novas que acabaram por ficar no resultado final da produção e que nos deixaram muito satisfeitos. Novos sons, teclados e até guitarras que se calhar não estariam se não fosse um álbum “pandémico”.

 

Querem agora falar-nos dos convidados que vos acompanham neste álbum, como e porque foram escolhidos e qual foi o seu input?

Sim. Estamos muito satisfeitos e orgulhosos por contar com a Dalila e o Moisés no álbum. Sempre admirámos o Moisés como compositor e as suas canções. Já tínhamos trabalhado com ele na altura da Polygram. A Dalila é uma excelente violinista como todos sabem, e como sempre quisemos ter violino na Senhora Mentira nem hesitámos em convidá-la! Já agora aproveitamos para agradecer também aos convidados do nosso concerto de apresentação do álbum que foram a grande Viviane que acaba de lançar um álbum novo e o Tó Viegas, o Moisés, a Dalila, o Cató e o Paulo Bizarro.

 

De que forma correram os trabalhos de gravação? Tudo como planeado?

Correram bastante bem. Não tão rápido como queríamos, mas a verdade e como já referimos, este foi um álbum gravado em parte durante a pandemia e os confinamentos. Mas não mudaríamos muito do que fizemos. Claro que depois de sair, apanhamos sempre coisas que se calhar hoje faríamos diferente. Mas isso deve de acontecer com todos os músicos!

 

Já agora, uma curiosidade: o álbum chama-se Senhora Mentira porque foi lançado a 1 de abril ou foi lançado propositadamente a 1 de abril por ter o título que tem?

Foi propositado. Quando decidimos o nome do álbum pensámos logo no 1 de abril para fazer o lançamento. É um álbum de Dia das Mentiras, mas muito verdadeiro e genuíno.

 

Já há planos para palco? O que nos podem adiantar?

Temos algumas para fechar. Estamos também a preparar e é nosso objetivo fazer uma minidigressão por salas pequenas de norte a sul do país. Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa e Algarve. Mas estamos disponíveis para tocar em qualquer lado onde nos queiram ouvir!

 

Muito obrigado, pessoal! As maiores felicidades! Querem acrescentar alguma coisa que não tenha sido abordada?

Muito obrigado, nós! Gostávamos apenas de dizer que as bandas emergentes como nós precisam de ser divulgadas senão o público nunca vai ouvir sequer a sua música e vocês neste campo estão de parabéns! Muito obrigado.

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