Entrevista: Manuel Cardoso's Tantra

 


Delirium foi um álbum que saiu em 2005 com a assinatura Tantra, mas não deveria. Por uma série de razões que se explicam a seguir. E a ideia de voltar a trabalhar – agora de forma mais condigna – neste trabalho já vinha a circular na mente de Manuel Cardoso. As sucessivas paragens provocadas pela pandemia vieram acelerar o processo e eis que, finalmente, Delirium volta a estar presente nas lojas, agora com algumas remodelações. E é Manuel Cardoso, aka MC Frodo, quem nos explica todo este processo.

 

Olá, Manuel, como estás? Depois de teres estreado os Artnat, lanças (ou relanças) Delirium. A questão mais óbvia é o porquê de relançares este trabalho?

O porquê do relançar este álbum é simples. O CD original não estava à altura das expetativas. A mistura, o som final e a execução da secção rítmica foram as razões principais.

 

Historicamente, este é um álbum dos Tantra, embora nunca o devesse ter sido, não é verdade? O que se passou exatamente na altura?

Bem, por ter tido a participação de cinco elementos dos Tantra na altura pareceu-me natural tê-lo editado com o nome de Tantra, mas, de facto, foi um trabalho meu e que infelizmente nem sequer correu bem. Na época eu não estava bem! Andava um pouco frustrado por não ter conseguido apresentar ao vivo o Terra dos Tantra e também desiludido com alguns aspetos do mundo do progressivo em Portugal.

 

Por isso é que agora aparece como nome de Manuel Cardoso’s Tantra?

Porque na realidade é um trabalho diferente da linha musical dos Tantra embora seja também um álbum de rock progressivo. Ao nível da composição e arranjo é mais experimental e selvagem.

 

Porque escolheste precisamente Delirium e não outro para trabalhares?

Por ter sido o único trabalho que editei que me deixou um amargo de boca por ter inadvertidamente defraudado todos os que compraram o CD. Foi o único período da minha carreira em que não estive bem e por isso senti a necessidade de o regravar e reeditar para o poder oferecer a todos os que tinham comprado o original para que pudessem finalmente saborear a música como era suposto ter ficado tocada e gravada e com a qualidade áudio que era para ter tido na edição original.

 

A pandemia de alguma forma influenciou esta tua ideia de iniciares este trabalho?

Não de todo. Era algo que tinha já em mente antes do Covid. Apenas ironicamente foi uma oportunidade que aproveitei pelo facto do tempo livre que nós, músicos, tivemos.

 

Ou seja, e concretizando, exatamente o que fizeste com as canções de Delirium?

Regravei todas as baterias e guitarras baixo de todos os temas exceto do Nostalgia. Regravei também totalmente o tema de abertura, Sea Maiden e reestruturei e regravei o tema Toccami original, agora chamado The Clown, escrevendo uma nova letra pois a antiga já não fazia sentido neste momento da minha vida. Obviamente regravei a voz desses dois temas. Também decidi regravar várias guitarras e teclas. Depois remisturei e remasterizei todas as músicas e refiz todo o grafismo da capa e do livrete. 

 

Portanto, com algumas partes totalmente regravadas tiveste liberdade para convidar outros músicos, certo? Como foi o teu processo de escolha?

Comecei por convidar músicos amigos e que eu admiro. Todos aceitaram o que foi muito reconfortante e agradável. Todas as baterias foram tocadas pelo João Samora, dos Artnat, que fez um extraordinário trabalho criativo e de execução técnica! Nas guitarras baixo contei com o Paulo Bretão (Artnat), o João Pascoal (Dream Pawn Shop) e Lucio Vieira, todos grandes baixistas. Nas teclas tive a colaboração do Emílio Robalo, o pianista de Jazz e no sax do Carlos Nascimento/Gui (Xutos & Pontapés) ambos excelentes músicos e amigos de longa data.

 

Mas neste processo também contaste com os originais músicos dos Tantra? Como foi que eles viram esta tua aventura musical?

Tive sempre a simpatia e colaboração possível da parte deles.

 

Como sei que estás sempre a trabalhar em qualquer coisa, podes adiantar-nos no que estás envolvido atualmente?

Neste momento estamos já a trabalhar na composição e ensaios do próximo trabalho dos Artnat.

 

Pensas levar Delirium para palco? Em caso afirmativo, de que forma?

Não. De momento não vejo grandes hipóteses nem condições de o fazer.

 

Muito obrigado, Manuel! As maiores felicidades! Queres acrescentar alguma coisa que não tenha sido abordada?

Apenas que o álbum The Mirror Effect dos Artnat vai ser editado world wide pela label WormHoleDeath Records.

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