Entrevista: Simple Lies

 


Deixando algumas experiências para trás, Millennial Zombies é o terceiro álbum dos italianos Simple Lies. E quando dizemos deixando as experiências para trás é porque este novo disco é muito mais in your face e de uma atitude rock ‘n’ roll absolutamente descomprometida. Rubb-O foi o elemento da banda com que estivemos à conversa.

 

Viva, Rubb-O e obrigado pela disponibilidade. Sendo Millennial Zombies o vosso novo álbum, o que têm feito nos últimos sete anos após o lançamento de Let It Kill?

Olá! Obrigado pela entrevista! Eu sou Rubb-0, o vocalista dos Simple Lies. Nos últimos sete anos as nossas vidas mudaram muito e também a nossa formação mudou porque o nosso ex-guitarrista deixou o país e mudou-se para Los Angeles, logo o nosso amigo de longa data e grande guitarrista Jam teve que ocupar o seu lugar. Eu casei-me, todos nós fizemos um monte de coisas extramusicais, mas aqui estamos. É preciso dizer que a porra do covid arruinou todos os planos que tínhamos para Millennial Zombies que estava pronto em 2019, mas ei, é o que é.

 

Bem, podemos voltar um pouco atrás? Quem é esta banda chamada Simple Lies? Podes apresentá-la aos hard-rockers portugueses?

Simple Lies é uma banda de Hard Rock nascida em 2006 em Bolonha, no norte da Itália. Lançámos os nossos álbuns No Time To Waste em 2012 e Let It Kill em 2015. Divertimo-nos muito por toda a Itália e em alguns países europeus como França, Espanha, Ucrânia, Rússia, Letônia e Lituânia. Em fevereiro (2022) lançámos o nosso último álbum, Millennial Zombies.

 

Desde que começaram que tiveram oportunidade para compartilhar o palco com nomes como Skid Row, Angra, Nashville Pussy ou Girlschool. Que memórias guardam desses espetáculos e que aprendizagens retiraram deles?

Bem, ter a oportunidade de tocar com lendas como Skid Row ou Angra é antes de tudo uma verdadeira honra, algo de que nos iremos lembrar para sempre. Felizmente o público apreciou sempre os nossos espetáculos mesmo quando abrimos para bandas como Wednesday 13 ou Nashville Pussy, um pouco longe do nosso estilo musical. O que mais admiramos nesses atos lendários é o seu profissionalismo e gentileza. Quando tocamos com os Skid Row, depois do nosso set, Scotti Hill e Rachel Bolan vieram ao nosso camarim para nos dar os parabéns pelo nosso desempenho. Era como estar num filme.

 

Como analisas a vossa evolução desde Let It Kill até Millenial Zombies? Que pontos conectam os dois álbuns e que elementos os diferenciam?

Millennial Zombies tem uma atitude mais in your face, é como um regresso às nossas raízes do hard rock. Em Let It Kill experimentamos muitos sons diferentes. Nesse álbum podes encontrar cordas, orquestra, algumas inserções eletrónicas, muitas linhas vocais harmonizadas… Quando escrevemos essas músicas queríamos tentar soluções diferentes e estamos orgulhosos de Let It Kill, mas para o nosso regresso à cena queríamos um som mais old school. Bateria, baixo, guitarra, voz e, como dizem na Itália “muita ignorância”.

 

A que referências se referem quando batizam o álbum de Millenial Zombies?

Intitulamos sempre os nossos álbuns com o nome de uma música um pouco diferente do original, em No Time To Waste tinha uma música chamada No Love To Waste, Let It Kill tem a Let It Kill You e em Millennial ZombiesMillennial Zombie. Não há nenhuma referência em particular.

 

Foram sete anos em silêncio. O que acontece no reinado dos Simple Lies nesse período?

Não estivemos em silêncio! Depois do nosso irmão Lello ter decidido deixar a banda e mudar-se para L.A., demoramos algum tempo a decidir o que fazer. Simple Lies não é apenas uma banda, somos uma família e a saída de um membro da banda não é algo que se possa simplesmente aceitar dizendo “Ok, próximo”. Demoramos algum tempo para escolher quem deveria ser o nosso novo irmão e a escolha de Jam foi realmente a melhor que pudemos fazer. Ele é um grande intérprete e compositor e, mais uma vez, uma pessoa muito “ignorante”! Escrevemos as nossas novas músicas demorando todo o tempo que precisávamos, talvez pudéssemos ter sido um pouco mais rápidos, mas agora estamos completamente satisfeitos com nossas novas músicas. No ano passado tornamo-nos tios, Lello e a sua esposa Virgy tiveram uma filha chamada Alice Paige.

 

As músicas que apresentam em Millenial Zombies são todas recentes ou são resultado do vosso processo de composição ao longo dos últimos anos?

Ah não, começamos a compor imediatamente após o lançamento de Let It Kill. Alby é o compositor mestre da banda, ele é uma máquina de riffs. Como disse antes, desta vez utilizámos todo o tempo que precisávamos para escrever este álbum. Algumas músicas são bem antigas, por exemplo quando escrevemos Weird Uncle, Lello ainda estava na banda. A nossa intenção era escrever o máximo de músicas possível e escolher as que mais gostamos, demorou cinco anos, mas valeu a pena.

 

No álbum surgem alguns títulos estranhos, como 567 Hate!, Mr. Leg Day ou Weird Uncle. Que temáticas são abordadas neles?

Sim! Tenho muito orgulho dos meus títulos! Eu escrevo as letras e adoro jogos de palavras, sempre tivemos “títulos estranhos” nos nossos álbuns. 567 Hate! é a continuação de 123 Fear!, o primeiro single de No Time To Waste. Weird Uncle fala sobre Hunter Thompson, um dos meus ídolos não musicais de todos os tempos. Em Let It Kill há uma música intitulada A-Men que fala sobre um grupo católico de super-heróis. Nunca escrevi uma letra sobre "sexo, drogas e rock n' roll", acho entediante. Adoro criar novas histórias e cantá-las nos nossos álbuns. Temos letras sérias, como Here Lies Her Ghost ou coisas estúpidas como Mr. Leg Day ou Flat Brain Society. Em Millennial Zombies há também uma música intitulada Ravencock que fala sobre a masturbação de Harry Potter. (Isso é definitivamente ignorância italiana).

 

Como se tornou possível a vossa ligação à Sneakout Records?

Conhecemo-nos há muito tempo, sempre quisemos trabalhar com Stefano e os restantes elementos. Eles são a combinação perfeita de paixão e profissionalismo, um grande apoio para a banda.

 

O que têm planeado para espetáculos ao vivo?

Estamos a tentar agendar o máximo de espetáculos que pudermos, as coisas estão agora a recomeçar na Itália após o maldito período de Covid e achamos que começaremos a tournée neste outono. Tivemos uma boa festa de lançamento em Bolonha com os nossos amigos SuperHorror e estamos a trabalhar nos próximos concertos.

 

Muito obrigado, Rubb-O, mais uma vez. Queres acrescentar mais alguma coisa?

Obrigado, novamente pela entrevista! Eu só quero acrescentar três coisas: Covid Sucks, War sucks e Long Live Rock N’ Roll. Adoramo-vos, pessoal.


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