Reviews: Hex; Ramera; Vidres A La Sang; Faruln; Wasting The Genesis

Behold The Unlighted (HEX)

(2022, Vertebrae)

Para acalmar a ansiedade dos seus fãs (afinal, o seu anterior álbum, God Has No Name, já foi lançado há três anos), os bascos Hex promovem a edição deste EP de três temas longos que perfazem 20 minutos de música. Uma música assente nas tradições doom na sua vertente death, ou seja, sonoridades arrastadas e graves, mas com vocais cavernosos. Por isso, este Behold The Unlighted tanto pode agradar a fãs de Paradise Lost ou My Dying Bride (onde se podem incluir diversos momentos de melancolia e negritude melódica), como de Bolt Thrower (noutras fases um pouco mais orientadas para aspetos com mais devastação e decadência). Desta forma, é nos espaços onde a luz não consegue alcançar, que os Hex se regozijam nas sombras da escuridão alcançadas em Behold The Unlighted. [75%] 





Anarquía Y Destrucción (RAMERA)

(2022, Ossuary Records)

Da Colômbia chegam os Ramera, one-man-band assente em Ratman que, ainda assim, tem a companhia de alguns elementos neste disco de estreia, Anarquía Y Destrucción. Thrash metal old school, sujo, com power e energia e sempre que pode carregado de influências hardcore e punk e com o trabalho do baixo a destacar-se. Os temas podem não ser os mais apelativos da história do género, mas atitude não falta a este colombiano que, sempre em castelhano, vocifera a sua raiva incontida e envolta em blasfémia. Originalmente, a edição havia sido em formato independente e apenas em digital no ano passado. Mas a polaca Ossuary Records descobriu o trabalho e procedeu ao seu lançamento em formato físico já este ano. Os cerca de 30 minutos de duração desta descarga sónica terminam com uma versão de Reign Of Doom, dos Forbidden. [75%]


 


Fragments de L’Esdevenir (VIDRES A LA SANG)

(2022, Abstract Emotions)

A banda catalã Vidres A La Sang esteve ativa entre 2022 e 2010, tendo regressado em 2018. Após o seu regresso, este Fragments de L’Esdevenir é já o seu segundo álbum, num total de cinco na sua carreira. Este é o álbum que também marca o vigésimo aniversário (incluindo os anos de interregno), duma das mais criativas bandas do metal extremo de nuestros hermanos. Cinco temas em mais de meia hora dão ideia de que o coletivo se esmerou a criar momentos bem desenvolvidos. De facto, isso aconteceu e o resultado é um trabalho que vem do black e do death metal, mas que que se revela obscuro, profundo, devastador, complexo e ainda mais intricado que os seus trabalhos anteriores. Um disco de metal extremo criado com inteligência, fineza nos pormenores e, claramente, afastado de modas ou tendências e bem preenchido de uma identidade própria. [85%] 



Anti Spirit (FARULN)

(2022, Battleskr’s Productions)

Faruln é um projeto sueco de BTSM que assina todas as músicas e letras e assume todos os instrumentos com exceção da bateria que foi entregue a David Ekevarn. O projeto nasceu em 2014, mas Anti Spirit é o seu primeiro longa-duração. São 8 temas espalhados por 39 minutos de puro black metal com uma visão clássica do estilo, ou seja, melodias obscuras e riffs gélidos impregnados de uma atmosfera de negatividade. O coletivo faz uso das influências nórdicas do black metal, sem contaminações, assente na pureza da malvadez musical. E alternando muitas vezes entre momentos rápidos e outros mais mid-tempo e compassados, nunca perdendo nem a agressividade nem o dramatismo asfixiante. Nesse sentido, os temas, quase todos longos, permitem a exploração desses cenários, com forte destaque para o trabalho harmónico das guitarras. A inclusão de elementos de teatralidade, como o spoken word em Night Of Woe ou o curto interlúdio que, por acaso, batiza o álbum, são outros aspetos em destaque numa estreia muito promissora e à qual os fãs do black metal devem dar uma oportunidade. [82%] 



Prey (WASTING THE GENESIS)

(2022, Independente)

Os Wasting The Genesis sonham com a total destruição da humanidade e não deixam qualquer tipo de dúvida a respeito do ódio e completa aversão à nossa espécie (o que em bom rigor e no limite, implica ódio e completa aversão a eles próprios!). Seis anos após o seu primeiro álbum, Viral Supremacy, os andaluzes regressam mais fortes e devastadores com Prey, um novo EP carregado de um deathcore brutal que prova que o seu exagerado grau de misantropia não é bluff. São quatro temas de uma brutalidade extrema e apocalíptica, mas onde ainda se consegue perceber alguma qualidade no trabalho de guitarra. [70%]


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