At Your Service, Ma’am é o novo disco de António
Vale da Conceição, contador de histórias que apresenta um trabalho que mais
parece a banda sonora de um clássico de comédia do que um álbum de canções. Ou um
conjunto de canções ficcionadas e verdades mascaradas. Com sopros gritantes,
ritmos mexidos e melodias que se alongam, At Your Service, Ma´am é
também um disco de batidas mexidas, de canções com histórias. Uma aventura
musical diferente que nos fez ir descobrir as motivações do produtor e músico
de Macau, integrante da banda Turtle Giant, e agora residente em Portugal.
Olá, António,
tudo bem? Antes de mais, obrigado pela disponibilidade e parabéns pelo novo
álbum. Agora está radicado em Portugal. O que procuraste encontrar aqui?
Olá, Pedro, um prazer. Procurei em Portugal o que sabia
já cá estar. Família, amigos e um país aberto e livre.
Como te sentes com esta produção ousada que
dá pelo nome de At Your
Service, Ma’am?
Sinto que esta primeira parte do At Your Service Ma´am
está concluída. Estou feliz por ter o trabalho cá fora. Tem marinado há algum
tempo e agora parece que é um alívio estar fora da terrina.
Já agora, como é que surge este título e o
que significa?
O título surge do tom que julgo invocar quando ouço as
canções. Um tom da década dos 50, 60, misterioso e um tanto ou quanto paródico
que me faz sentir as histórias que são contadas no EP como se fossem uma trama
de um filme.
O que afasta este teu novo registo daquilo
que vinhas a fazer com os Turtle Giant?
Acho que essencialmente o facto de ter sido escrito sozinho.
Nos Turtle Giant a experiência de escrever a três conduz-nos para outros
resultados que são o reflexo disso mesmo. De resto, não sei se serei a melhor
pessoa para responder isso.
Uma vez que vieste para Portugal, este
disco também representa, em termos musicais, um afastamento ou mesmo um corte
com Macau?
Não, creio que não. Eu nasci e cresci lá. Sou um filho
daquela terra mesmo que distante. Nós somos um continuum e herdamos um continuum
de memórias e experiências que serão sempre um resultado do tempo. Se me
debruçar um pouco mais sobre a produção do EP também considero que vejo as minhas
origens e a minha infância nele. As sonoridades dos desenhos animados, dos
filmes, as imagens... ouço-as no At your service, ma´am. Por isso, Macau
tanto no sangue como na música cá vem ligado.
Depois do que já foi dito, se te pedisse
para descreveres sucintamente este álbum o que me dirias?
É um álbum dividido em duas partes, 2 EPs, que conta uma
história ao estilo da música do cinema e televisão dos anos 50, 60 e 70s.
O teu passado musical é muito rico e
diversificado. Queres destacar alguns desses teus trabalhos que, para ti foram
mais importantes por algum motivo, ou simplesmente porque te deram mais gozo
fazer?
Gostei particularmente de fazer a banda sonora do
documentário que realizei Beyond the Spreadsheet: The story of TM1.
Nomeadamente porque tive muito tempo e liberdade total para o fazer. E gosto do
trabalho de fazer música ao serviço da imagem, de histórias visuais. Foram 3
anos para produzir 14 faixas do filme, que de resto poderão ver em tm1.film
Remedy foi o primeiro single. Porque
escolheste este tema? É representativo de todo o álbum?
A Remedy saiu primeiro porque estamos num período
em que precisamos dum incentivo à cura da mente. Entre um mundo crescentemente
polarizado, guerras a amontoarem-se, estigmatizações terríveis, fake news,
achei que seria o momento de apelar e deixar o conselho para que nos
mantenhamos fortes e firmes, impermeáveis aos venenos da sociedade e dos media,
e rir. Rirmos muito e muitas vezes.
Como decorreram as sessões de gravação
deste disco?
Decorreram normalmente. Grande parte do disco foi gravado
em casa e a outra parte no meu estúdio. No fim, fui fechar as faixas nos Arda
Recorders, no Porto.
O que tens planeado em termos de palco?
Para já sem planos de palco, mas com uma apresentação stream
nos planos de Verão, quero eu acreditar para o final de julho.
E, já agora, há novidades dos Turtle Giant?
Em 2023 de certeza que vamos ter novidades.
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