Não se confundam. Os Lord Vigo não têm nada a ver
com a cidade espanhola. São alemães e retiraram o nome dos célebres filmes Ghostbusters. Aliás,
retiraram o nome da banda e os seus próprios pseudónimos. Apesar disso, a sua
temática lírica não está assim tão associada a esse universo. Pelo menos tem
vindo a estar cada vez menos, como se percebe por We Shall Overcome,
parte dois da trilogia iniciada há dois anos com Danse de Noir. O
guitarrista e baixista Volguus Zildrohar conduziu-nos através dos meandros do
seu estranho e maléfico universo.
Olá, Volguus, tudo bem? O quinto álbum dos Lord Vigo, We Shall Overcome, acaba de ser lançado. Como têm sido as
reações até agora?
Olá, Daniel! Aqui
Volguus dos Lord Vigo! Até agora as reações têm sido ótimas.
Especialmente dos fãs, mas também de muitas revistas online e ficamos dentro
dos 10 primeiros lugares nas 2 maiores revistas impressas alemãs. Portanto,
este é um enorme sucesso pessoal para nós. Mas as reações realmente importantes
para nós são dos fãs e a maioria deles disse-nos que é o nosso melhor álbum até
agora e isso é fantástico.
Podemos dizer que, com este quinto álbum, superaram todos os
problemas que enfrentaram durante a vossa carreira?
É mesmo possível?
Tu sabes... fazer música é uma jornada constante. Problemas vão, novos vêm, mas
por enquanto está tudo bem. Temos um novo álbum lançado, temos um line-up
ao vivo estável e um novo espetáculo com algumas pirotecnias e muito mais.
Também o nosso Live-Gear está finalmente completo. O maior problema
agora é conseguir alguns espetáculos. Por causa do Covid, há um excesso de
oferta absoluto em espetáculos ao vivo, mas espero que isso volte ao normal num
futuro próximo.
Lord Vigo está relacionado com as personagens de Ghostbusters. De onde tiraram essa ideia?
Começamos em 2014
como um projeto paralelo de outras bandas que tocamos e uma das nossas
primeiras músicas que escrevemos foi Vigo von Homburg-Deutschendorf
sobre o personagem Ghostbusters 2. Ora, nós tínhamos algumas músicas,
mas nenhum nome para a banda. Depois de muitas sugestões estranhas de alguém da
banda, acho que foi Tony Scoleri, mencionou o nome Lord Vigo, por
causa da música. Todos nós pensamos que isso se encaixava perfeitamente na nossa
imagem e nas nossas letras, que naquela altura eram muito mais ocultas e
malignas. Essa é a origem do nome. Pode não se encaixar perfeitamente no nosso
conceito atual, mas é o nosso nome e sempre será.
E os vossos nomes artísticos também estão relacionados com Ghostbusters. Porque é que esse filme vos inspirou tanto?
Todos nós adoramos
os dois primeiros filmes Caça-Fantasmas. Eu vi os dois no cinema e
sim... estou velho (risos)! Os filmes daquela altura tinham muito mais alma do
que hoje, principalmente os blockbusters. Não apenas um monte de CGIs
ruins. Enfim... quando pensamos nos nomes foi óbvio que também escolhemos
qualquer coisa dos Caça-Fantasmas. Ninguém fez isso antes e os nomes
soam muito mais interessantes que os nossos nomes reais (risos). A maioria das
pessoas não percebeu que eles são do Caça-Fantasmas, mas tudo bem, mas
deveriam assistir mais filmes bons!
Apesar de toda a vossa carreira parecer saída de um filme dos Caça-Fantasmas, as vossas letras contam outra história. We
Shall Overcome é o segundo capítulo da trilogia que começaram com Danse
de Noir. Que parte da história We Shall Overcome conta?
Vinz escreveu a
letra, mas isto é o que posso dizer: Danse de Noir é colocado no cenário
da linha do tempo original de Blade Runner, que é muito diferente da
nossa linha do tempo atual. Portanto, em algum lugar no tempo, deve haver um
evento que divida a nossa linha do tempo no Universo Blade Runner e é aí
que começa a nossa história. Conta a história de um homem que vive 25 anos após
os eventos de 2112 dos Rush. As pessoas neste planeta estão
livres da tirania dos computadores que termina 25 anos antes, mas vivem sob uma
cúpula gigante que os protege da guerra civil em curso naquele universo. O nosso
“Herói” acaba, após uma série de eventos, num lugar de viagem no tempo onde ele
queria viajar de volta e evitar a situação horrível no seu universo. Assim, ele
viaja de volta para 1986. Infelizmente isso causará a divisão do tempo e do
Universo Blade Runner e é aqui que o terceiro álbum começa. Todo o álbum
terá lugar em 1986 na Terra e conta os acontecimentos que levam ao mundo Blade
Runner. Há muito mais coisas a acontecer na história. Podem ler toda a
história no booklet com muitos desenhos para uma melhor compreensão.
E isso funciona como uma continuação do álbum 2112 dos Rush. Por que escolheram este álbum?
Isso é fácil de
responder, porque os Rush foram a melhor banda do mundo e 2112 um
dos melhores álbuns com uma grande história de ficção científica. Também é a nossa
homenagem ao falecido Neil Peart. Um baterista incrível, pessoa e
contador de histórias.
Desde o início dos Lord Vigo nunca tiveram uma mudança de
formação. Podemos dizer que o ambiente estável é a causa por trás da produção
constante desde 2015?
Sim,
definitivamente. Vinz, Tony e eu encontramo-nos em estúdio e funciona
perfeitamente. Quando trabalhamos juntos, as coisas encaixam-se simplesmente.
Ensaiamos, escrevemos e gravamos ao mesmo tempo. Esta é a situação de trabalho
perfeita e permite-nos ser independentes de quaisquer produtores ou estúdios.
Podemos gravar quando quisermos.
Apesar de sempre terem sido um power trio, aparecem nas fotos como uma banda de seis
membros. Quem são os outros 3 membros? São os músicos ao vivo?
Sim, são músicos
ao vivo, mas também membros plenos dos Lord Vigo. Tony está sempre
ocupado com a sua outra banda Hammer King, por isso decidimos tocar ao
vivo com Nunzio, também um guitarrista fantástico. Zuul é nosso
baixista ao vivo desde o início e Ivo toca bateria ao vivo desde Danse
de Noir. Mas podes vê-los a todos no nosso novo disco. Nunzio
escreveu algumas partes de guitarra limpas e bem porreiras e também as tocou no
álbum e em A New Dark Age; podes ver Ivo na bateria e Zuul
no baixo. Eles fazem um ótimo trabalho ao vivo, portanto é justo colocá-los
também no álbum.
Como foi o processo de composição para este álbum? Mudaram alguma
coisa em relação ao anterior?
Não, Tony, Vince
e eu escrevemos e gravamos a maior parte do álbum. É assim que trabalhamos
desde o início e é o que funciona melhor para nós. A maioria das partes foi
escrita em estúdio e gravamo-las diretamente.
Na tua opinião, este álbum reflete a vossa evolução como banda?
Sim, claro. Pode
ver-se aqui a evolução em cada álbum que fizemos, mas o maior salto foi de Six
Must Die para Danse de Noir. O conceito lírico mudou e processamos
influências de outros géneros musicais. O estilo New Wave em particular.
New Wave dos anos 80, claro. Desenvolvemos esse estilo no novo álbum.
Também há alguma vibe Billy Idol em From Our Ashes We Will Rise.
Mas é importante para nós soar como Lord Vigo e não revelar o nosso
estilo original. Sempre nos manteremos nas raízes, não importa para onde a
jornada vá.
Quais são os vossos planos ao vivo para este álbum? Portugal
está incluído?
Infelizmente, a
situação ao vivo não é fácil agora por causa do Covid e de todos os espetáculos
que foram cancelados de 2019 a 2020. É demais agora. Por enquanto não há planos
específicos, mas espero que possamos fazer uma pequena tournée na
Alemanha quando a situação melhorar. Claro que gostaríamos de tocar em
Portugal, mas isso depende dos organizadores.
Neste momento, estão inseridos em mais algum outro projeto?
Sim, eu tenho um
projeto paralelo chamado Beyond The Gates. É muito diferente de Lord
Vigo e mais parecido com Blackened Heavy/Speed Metal com
ex-membros dos Burstin' Out. Vinz também toca bateria aqui. A nossa
estreia sai em setembro pela Evil Spell Records e o vinil em 2023 pela Diabolic
Might Records. Também temos um single e vídeo chamado Great &
Old. Podem procurar no Youtube.
Obrigado, Volguus. Queres enviar alguma mensagem aos vossos fãs portugueses?
Muito obrigado aos nossos fãs portugueses pelo apoio e tudo mais. Espero que possamos visitar e tocar no teu belo país algum dia. Obrigado, também a ti, Daniel, pela entrevista!
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