Live In The Seventies (SHAWN PHILLIPS)
(2022, Think
Like A Key Music)
O presente de Shawn Phillips é de
enorme, como o prova, por exemplo, o álbum Continuance, de 2018. Mas
este é um artista que já por cá andava nos anos 70. E é isso que este álbum Live
In The Seventies retrata. Muito diferente, naturalmente, do Shawn
Phillips dos dias de hoje, já se notava, contudo, uma enorme capacidade
para criar canções e para injetar diversidade. Este disco triplo agrega
gravações efetuadas entre os anos de 1972 e 1978 em diversos locais (de Dallas
a Nova Iorque, passando por Chicago) e com diversas formas de captação. Em
formato maioritariamente acústico, em registo cantautor e sem esquecer
as suas raízes texanas. Por vezes a lembrar a dupla Simon & Garfunkel,
sobra espaço para acrescentar experimentalismo e psicadelismo. Philipps tem
agora 79 anos e é com agrado que se olha para trás e se percebe, através deste
documento histórico, parte do seu percurso artístico. [80%]
28IF (NANAUE)
(2021, Independente)
O último trimestre do ano anterior ficou
marcado por um lançamento de enorme espetacularidade que nos escapou. Falamos
do álbum 28IF do projeto Nanaue que junta Emiliano Deferrari
e Matteo Nahum, aqui reunidos com um conjunto de convidados em
instrumentos como violoncelo, violino, fagote, corne inglês, flauta, saxofone,
oboé e clarinete. Um conjunto diverso de instrumentação que se junta às
guitarras acústicas e elétricas do duo e à correspondente secção rítmica. E
podemos começar desde logo por aí: 28IF é um disco com uma orquestração
riquíssima que tanto se mostra minimalista quanto grandiosa. Os arranjos são
pormenorizados, bebendo influência do jazz, embora os Nanaue os
apresentem envolvidos por uma capa de enorme musicalidade. Destaque para o
formato pouco ortodoxo das canções, nunca num registo estrofe-refrão, mas a
partir de poemas musicados, e numa abordagem de contador de histórias. Nesse
sentido, os temas mais calmos lembram o trabalho de Chris de Burgh,
enquanto nos mais rockeiros, é John Wetton e os seus projetos, de
onde parece vir a maior inspiração. Seja em que abordagem for, 28IF é um
disco grandioso de requinte e melodia. [94%]
In The USA – Live Recordings 1972-73 (FLASH)
(2022, Think
Like A Key Music)
Flash é uma banda
britânica fundada pelo lendário guitarrista dos Yes Peter
Banks, juntamente com Colin Carter, tendo lançado três álbuns de
sucesso entre os anos 1972 e 1973 – Flash, In The Can e Out Of
Our Hands. O que agora a editora Think Like A Key Music nos
apresenta é um raro documento histórico da banda ao vivo nos EUA apresentado
numa caixa com 3 CDs e um booklet com 32 páginas com fotografias
inéditas, declarações e excertos de entrevistas dos membros da banda e muitas
curiosidades interessantes. São 22 faixas (algumas delas repetidas) captadas de
diversas fontes e formas - transmissões de rádio e televisão e… gravações
diretas feitas pelos fãs presentes nas salas. Face a isto não será de esperar
uma grandiosa qualidade de som (que também é variável em função do concerto de
origem), no entanto, considerando que se passaram cerca de 50 anos, a qualidade
é bastante aceitável, fruto também de um cuidadoso trabalho de restauração.
Estas gravações foram efetuadas em sete espetáculos realizados em Nova Iorque, New
Jersey, Indiana e na Califórnia, entre 18 de julho de 1972 e 26 de outubro de
1973 e representam a pureza de uma banda ao vivo. Mais que um álbum para ouvir
e degustar, In The USA Live Recordings 1972-73 é um documento
fundamental para compreender o prog rock nos anos 70. Uma autêntica peça
de colecionador que também tem a função de preservar este legado histórico. [75%]
Bioluminate (CIRCUS MIND)
(2022, Outhouse Music)
Se do álbum Joy Machine, lançado pelos Circus
Mind há pouco mais de um ano, dissemos que era uma máquina de exuberância e irreverência carregada de bom
gosto e criatividade, que
dizer deste novo EP? A comemorar o seu vigésimo aniversário, a banda lança Bioluminate,
um EP de 5 temas carregados das mesmas virtudes. Logo a abrir, West End Road
traz toda a dinâmica gospel/jazz/funk/blues, mas é com Darwin’s
Sister que a banda mostra como fazer rock sulista intenso e com
personalidade. Os restantes três temas acabam por confirmar como os Circus
Mind conseguem alterar de um jazz groove rock para um funk
com raízes no reggae, ou até para um blues, sem qualquer tipo de
problema. Para ajudar a esta delirante demonstração de ritmos endiabrados, enfeitiçados
por atmosferas de sintetizadores, sopros e outras parafernálias, o quarteto
liderado por Mark Rechler surge acompanhado por nove convidados. Em
Bioluminate, os Circus Mind apresentam cinco temas diferenciados
estilística e ritmicamente, cada um deles com a sua própria capacidade
luminescente. [90%]
Looking Back (WINTER)
(2022, Bob Media)
No outono de 2021, os Winter lançaram o
bem-sucedido Pale Horse e preparam-se para lançar, em breve, o seu
sucessor, intitulado Fire Rider. Todavia, a carreira do projeto alemão liderado
por Markus Winter já vem mais de trás, e os primeiros álbuns já não estão
disponíveis. Por isso, o criativo, a sua banda e a editora decidiram lançar uma
compilação que resumisse essa história. Inicialmente apenas em vinil e streaming
e, mais tarde, em formato CD. Todas as músicas, provêm dos trabalhos Kaleidoscope
Of Dreams (1995), Heartbreak Road (2009), The Flyer (2016) e We
Wear Black (2019), tendo sido regravadas e remasterizadas. Looking Back
tem essa dupla função de permitir que os novos fãs da banda conheçam melhor o
seu passado, enquanto faz a ponte entre o álbum de originais do ano passado e
aquele que está quase aí a sair. E serve também para demonstrar que os Winter
são muito mais que um simples projeto de gothic rock. Nesta coleção de
16 temas há mutos ambientes góticos, sem dúvida, mas também há AOR, melodic
rock, hard rock e rock sulista. Muito para descobrir num
alinhamento agradável de canções melódicas e envolventes. [84%]
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