Se é verdade que as coisas
não têm corrido bem a Paula Teles, e ela própria nos confessou isso, a situação
tem tudo para mudar para muito melhor. O seu novo projeto, Lilith’s Revenge,
vai de vento
em popa com um fulgurante e muito criativo álbum, Children From Eden,
muito bem-recebido, uma grande quantidade de concertos por todo o país e, mais
recentemente, o convite para assumir os vocais numa das mais importantes bandas
de power metal nacional, os Waterland. No entanto, por questões
temporais, a entrevista que a vocalista nos concedeu versa apenas sobre o seu
mais recente lançamento. Confiram.
Olá,
Paula, como estás? Obrigado pela tua disponibilidade. Os Lilith’s Revenge
completaram, recentemente, os seus dois primeiros anos de vida. Que balanço
fazes deste trajeto?
Antes de mais
nada, quero agradecer a oportunidade de responder a esta entrevista. Ficamos
muito felizes por constar de um meio tão popular e importante quanto o Via
Nocturna. Durante estes dois anos tudo aconteceu de forma muito rápida: 4 singles,
um álbum, alguns concertos…. Tudo de forma bastante inesperada. Sempre
acreditamos que o trabalho acaba por compensar, mais cedo ou mais tarde, mas
nunca imaginamos receber feedback tão positivo em tão pouco tempo.
Estamos muito felizes e muito gratos por todo o apoio que temos recebido.
A
tua anterior experiência no metal foi considerada,
por ti própria, como uma experiência falhada. Que aprendizagens retiraste para
estes Lilith’s Revenge?
Acima de tudo,
aprendi que o trabalho em equipa é o mais importante quando estamos numa banda.
Termos respeito pelo trabalho e pela opinião uns dos outros, é fundamental! Só
assim todos se vão sentir representados e satisfeitos com o resultado final. O
processo de criação é bastante complexo e, se não formos capazes de respeitar e
aceitar os outros, torna-se tudo bastante insuportável. Aprendi, também, que
reconhecermos as nossas limitações e erros é algo que promove o nosso
crescimento como pessoas e como profissionais. Tento não repetir caminhos
errados que foram seguidos anteriormente.
E
este Children From Eden é esse teu grito de
libertação e de revolta?
Sim, sem dúvida.
Eu era considerada uma cantora dependente da criação de terceiros, a minha
capacidade criativa nunca foi tida em consideração. Se tivesse algo a provar a
alguém, o Children From Eden serviria perfeitamente esse propósito.
E
as vossas canções continua a estar ligadas a causas?
Continuamos
ligados a causas. Somos pessoas de causas, faz parte da nossa personalidade.
Isso vai estar sempre presente nas nossas músicas, umas vezes de forma mais
clara, outras, de forma mais camuflada.
Estas
composições apresentadas em Children From Eden foram
todas compostas já com o projeto em andamento ou há algum tema que tenhas
recuperado da tua gaveta?
Algumas fomos
mesmo buscar à gaveta. Não a música na sua totalidade, mas uma letra ou um riff
que achamos encaixar bem na restante composição. Ficou ainda muita coisa por
apresentar, mas contamos ter oportunidade de gravar outro álbum assim que for
possível.
Ao
longo do percurso foram lançando vários singles.
Tiveram como função irem preparando o público para o vosso álbum ou era mais
uma forma de ir sentindo as reações?
Talvez mais para
percebermos qual seria a reação das pessoas à nossa forma de fazer música. Não
somos, propriamente, uma banda de metal assumida do ponto de vista
estético, mas somo-lo de coração. Queríamos ser aceites pelo underground
do metal, mesmo assumindo todas as outras influências.
Portanto,
em termos de influências, que nomes ou movimentos mais vos influenciaram na
criação destas canções?
Apenas posso
falar por mim, todos os elementos da banda têm as suas próprias influências. A
música clássica, o metal sinfónico, o rock clássico, vão ser
sempre uma influência e vão estar sempre presentes nas minhas composições.
Tento, algumas vezes fugir a isso, mas o resultado soa mais forçado; é
preferível deixar-me levar e não pensar muito no resultado final.
Por
que razão a escolha de Children From Eden para
título do álbum? Tem algum significado especial?
Todos nós vemos
como Children From Eden. Em algum momento da nossa vida fomos expulsos
do nosso próprio paraíso por algo tão errado como manter firme uma convicção,
uma posição. Todos já passamos por isso. Todos já fomos, alguma vez na vida,
criticados, julgados, maltratados… O nome vem daí. Somos todos, de uma forma ou
de outra, Children From Eden.
Como
decorreram os trabalhos de gravação e produção?
Como nos
entendemos muito bem, acabou tudo por ser bastante orgânico. As músicas foram
surgindo graças à junção de diferentes ideias de todos os elementos da banda, o
que acabou por acelerar o resultado final. Em estúdio contamos sempre com a
ajuda do Jorge (produtor) e da Catarina que já fazem parte da família e sem os
quais nunca conseguiríamos colocar o álbum cá fora.
E
quanto a estrada? O que têm feito e o que ainda têm planeado?
Não podemos
reclamar! Temos estado ocupados com alguns concertos em pontos diferentes do país
(Porto, Tondela, Portalegre) e já temos datas para o próximo ano. Em novembro
estaremos no Reagent Hard Fest, a primeira edição de um festival com
excelente cartaz que irá decorrer no Peso da Régua.
Obrigado, Paula. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Quero agradecer, mais uma vez, ao Via Nocturna pelo apoio que dá à música nacional. E quero enviar um grande abraço a todos os que nos têm motivado a seguir em frente.
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