Entrevista: Cydemind

 


O final do ano passado ficou marcado pelo lançamento de um álbum único – The Descent. Trata-se do segundo álbum dos Cydemind, banda conhecida pela sua postura totalmente inovadora ao criar metal progressivo usando como instrumento principal o violino. E, se há cinco anos atrás, Erosion tinha surpreendido o mundo pela ousadia criativa do coletivo, The Descent surpreende pela forma como a banda se reinventa e regressa ainda mais forte e coesa. Motivos para voltarmos a conversar com o quinteto canadiano.

 

Olá, pessoal, tudo bem? Cinco anos depois, Cydemind lança um novo álbum. O que aconteceu na banda durante esse período?

Olá, Pedro! Estamos ótimos, obrigado. Muita coisa aconteceu desde o lançamento de Erosion em 2017! Trabalhamos num videojogo, Navyblue and the Spectrum Killers e na banda sonora de uma peça de teatro chamada The Employees. Também fizemos o nosso videoclipe para Winter. Entretanto o nosso violinista Olivier terminou o seu doutoramento em violino clássico. Além disso, surgiu a covid. Atrapalhou a nossa agenda de gravação deste nosso segundo álbum, mas também nos deu mais tempo do que esperávamos para produzir e experimentar, o que no final foi bom.

 

Relevante foi o lançamento, em 2018, de uma banda sonora para um jogo de vídeo, como já referiste. Falem-me sessa experiência…

Foi muito divertido e definitivamente algo que gostaríamos de fazer novamente no futuro. Está algum criador de videojogos a ler? Contrata-nos! Brincadeiras à parte, trabalhar num projeto como este desafiou a nossa criatividade. Tivemos que produzir a banda sonora em 12 níveis diferentes, cada um com seu estilo. Foi desde um mosteiro asiático até uma prisão subaquática, passando por uma boite em colapso!

 

Em 2019 lançaram o single Winter, música de As Quatro Estações de Vivaldi mas que não foi incluída em The Descent. Porquê?

Na verdade, gravámos Winter ao mesmo tempo de Erosion, portanto se houvesse um álbum para a incluir seria em Erosion. Mas optamos por lançá-lo mais tarde. A princípio, deveria ser lançado em 2018, mas literalmente não havia neve no Canadá no momento da gravação do videoclipe, por isso decidimos esperar um ano. Também, como Winter é um arranjo, sentimos que não deveríamos misturá-lo com as nossas próprias composições e torná-lo mais um lançamento especial.

 

Neste álbum mantêm a mesma formação. Esse melhor conhecimento uns dos outros e toda essa estabilidade permitiram criar um som mais maduro?

Numa banda, a estabilidade é preciosa. Temos a sorte de ainda estar intactos! Estamos todos a ficar mais confortáveis nos nossos papéis e também avançamos muito em termos de produção. Entendemos melhor que tipo de som procuramos e isso é promissor para os nossos próximos projetos.

 

Como foi a vossa preparação para este álbum? Tentaram alguma abordagem nova para os aspetos de escrita e composição?

A abordagem foi semelhante a Erosion. Kevin e Olivier escreveram a maior parte do álbum juntos. A principal diferença foi a bateria. Em Erosion, Dage criou as suas partes de bateria principalmente com base na improvisação. Em The Descent, ele começou por escrever as suas partes e depois aprendeu-as. Na maioria das vezes, esta abordagem deixou-o ainda mais atento ao seu papel e tornou as suas partes de bateria mais consistentes.

 

Embora The Descent seja um álbum instrumental, também é conceptual. Como conseguem fazer isso sem letras para contar uma história e que conceito é esse?

Não escrevemos a música com um conceito específico em mente. Mas para The Descent, tentamos manter uma certa coerência musical ao longo do álbum. Escrevemos o início de Obsessions e The Last Stone primeiro, logo sabíamos que este álbum teria temas recorrentes. Tentamos explorar um pouco essa ideia, sem cair na redundância. Mas tendo dito isso, descobrimos que o conceito de obsessão se encaixa bem com a música. Estruturalmente, o álbum representa uma descida ao inferno, com cada música a ficar mais pesada e fora de controle. Assim como as obsessões tendem a piorar!

 

Podem explicar-nos em que consistiu o prémio que venceram em 2021 no Imagination Song Contest?

Imagination Song Contest foi um concurso internacional de música organizado pelas lendas do power metal Blind Guardian. Os participantes tiveram que escolher uma música dos Blind Guardian entre uma lista de 3 e fazer um cover dela. Olivier decidiu fazer um arranjo para violino da música Bright Eyes e ganhou o terceiro prémio!

 

Recentemente também foram nomeados para os Prog Space Awards. Já têm resultados dessa votação?

Ainda não. A votação termina no dia 28 de fevereiro. Quem quiser votar, deixamos aqui o link: https://theprogspace.com/awards2022/

 

Entretanto, também tiveram uma experiência com teatro contemporâneo. Em que consistiu?

Tínhamos que produzir uma banda sonora pós apocalíptica para uma peça de teatro chamada The Employees. Tinha que ser muito atmosférico, tenso, assustador. Foi uma experiência que nos tirou da nossa zona de conforto. Estamos acostumados a tocar música de alta energia, com muitas coisas a acontecer ao mesmo tempo. Para este projeto, tivemos que criar o oposto completo! Achamos que o resultado se encaixou perfeitamente na peça.

 

Já tiveram a oportunidade de tocar ao vivo? E o que têm planeado para o futuro?

Lançamos o nosso novo álbum em novembro passado. Foi o nosso primeiro espectáculo em 4 anos! Prometemos a nós mesmos que não voltaríamos a palco antes de lançar novo material. Demorou mais do que esperávamos, mas a espera finalmente acabou! Estamos ansiosos por tocar mais no futuro.

 

Muito obrigado, pessoal, mais uma vez. Querem acrescentar mais alguma coisa?

Para todos os leitores, obrigado pelo vosso interesse. Se nos quiserem apoiar, visitem a nossa página bandcamp https://cydemind.bandcamp.com/. Também podem seguir os Cydemind no Facebook, Instagram e Tiktok!


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