Sha Na Na Na (BAI BANG)
(2023, Pride
& Joy Music)
Quando o melhor tema
de um álbum é uma versão, algo não pode estar muito bem. Acontece com o disco
de regresso dos Bai Bang intitulado Sha
Na Na Na e com a versão do clássico Rock
Me dos ABBA. O resto do álbum traz uma descaraterizada abordagem ao
hard rock e glam rock, com uma banda que não sabe bem por que caminhos seguir.
Por isso, há espaço para sonoridades Europe, Kiss, Mötley Crüe
ou Bon Jovi e até algum AOR.
Um par de bons temas, nomeadamente a forte abertura e duas melodias (All Alone e It’s Enough) não são suficientes para esquecer alguns desastres
como Motivated ou I Know All The Hits. Os temas curtos são
básicos e, excetuando o repetitivo elemento de retirar as guitarras deixando apenas
b’n’d que acontece em metade dos
temas, mais nenhuma alteração os suecos conseguem incrementar nas suas
composições. [70%]
Emosphere (IT’S ALIE)
(2022, Rock Of Angels Records)
Muito propalado, Lilith, o primeiro
álbum dos It’sAlie não deixou grandes saudades. Mas basta ouvir os
primeiros acordes e os primeiros riffs de Emosphere, o seu novo
registo, para se perceber que algo mudou. A isso talvez não seja estranho o
facto dos nomes envolvidos: Mat Sinner coproduziu e Alessandro del
Vecchio misturou e masterizou. Dois mestres na sua área que conseguiram
sacar do coletivo italiano o melhor deles mesmos. Ganchos melódicos
assinaláveis, riffs muito bem contruídos e, claro, a fantástica voz de Giorgia Colleluori. Mais focados em criar canções, os It’sAlie
assinam com Emosphere um disco de um hard rock/heavy metal
com maior dose de tradicionalismo que, muitas vezes, lembra os Warlock/Doro,
e isso só pode ser bom. Pelo meio uma power ballad, Moonchild,
destaca-se do peso conferido pelas guitarras em temas que ficam na memória como
Beyond Revenge, Heartbreaker ou Promise. À semelhança do
primeiro álbum, também desta vez a capa não é mais feliz. Mas o que mais
interessa, a música, essa está muitos degraus acima da estreia. [84%]
Speed Inferno (SEAX)
(2022, Iron Shield Records)
Vocês são daqueles que deliram com o speed metal
dos anos 80, cheio de velocidade, furioso, frenético e com os vocais sempre em
alto? Então este Speed Inferno é para vocês. Este é já o 5º álbum do
coletivo de Massachusetts (que conta com dois brasileiros na sua formação),
voltando a destilar 9 temas frescos, diretos, acelerados, catchy,
agressivos e cheios de adrenalina. Do passado buscam influências de nomes como Exciter
ou Agent Steel, para criar mais um disco onde nada há que não tenha sido
já feito, mas onde o suor e a atitude deixam uma marca bem vincada de
autenticidade. Speed Inferno tem tudo isso e promete não deixar nenhum
pescoço por partir! [83%]
Chthonic (OLD SEA AND MOTHER SERPENT)
(2012, Addicted Records)
Depois de há pouco tempo atrás termos
analisado Plutonian, o segundo disco dos russos Old Sea And Mother
Serpent, chegou agora a vez de olharmos para como tudo começou. Chthonic
foi o primeiro álbum do duo Anthony e Eugene, tendo sido lançado
em 2012, de forma independente, ao qual se segui uma edição física um ano
depois via Pestis Insaniae Records. Heavy doom, stoner e sludge
ultra pesado e ainda mais ultra lento, corrosivo e áspero. É o que este projeto
propõe a partir de guitarras quase sempre assentes em distorções sombrias,
muito fuzz e riffs pesados. Vocalmente, os grunhidos soltam
letras em inglês com uma abordagem muito orientada para o ocultismo. Chthonic
traz 70 minutos de música distribuídos por três longos e sufocantes temas e um
instrumental mais curto. A peça maior, Demons Of The Sun, termina com um
longo ruído de sintetizador cuja única finalidade parece ser prolongar o tema
até à exaustão e à monotonia. Uma forma de tortura sonora. Fora esse
despropositado momento, a música de Chthonic, opressiva e
claustrofóbica, tem tudo para agradar aos fãs do género. [71%]
Postero Mundi (PROVECTUS)
(2022, Necktwister)
Uma curta introdução e um curto interlúdio
juntam-se a outros seis temas, quase todos eles longos (a variar entre os
quatro minutos de Disorder Phenomenon e os dez de Torn Fabrik Of Time)
de um primitivo e cru black metal. É o álbum Postero Mundi,
primeiro longa duração (a seguir ao EP de estreia Existential Delusion,
de 2018) dos belgas Provectus, trio composto por Roach (baixo), Obitus
(bateria) e Tempore Anomalia (guitarras, vocais). E, a verdade é que a Bélgica é um país pequeno de onde saíram dois dos maiores nomes do género: Ancient
Rites e Enthroned. Mas os Provectus estão mais virados para a
velha guarda nórdica, estando próximos de nomes como Darkthrone, Immortal
ou Emperor. Postero Mundi tem algumas tréguas atmosféricas incluídas
numa mortal descarga de black metal. A abertura de Bane Of Existence
é um desses exemplos. Mas, no essencial este é um álbum com colossais doses de
vocais berrados e blast beats devastadores. Com algumas nuances ligeiras
que tornam os temas longos não parecerem assim tão longos, o que é um aspeto
positivo no meio da pouca diversidade geral. [70%]
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