The Gatekeepers (THE GATEKEEPERS)
(2022, Think
Like A Key Music)
The Gatekeepers é um projeto musical do compositor, escritor
e realizador Alex Wroten, de Los Angeles. Com mais de vinte anos de
experiência na indústria, Wroten entra no mundo da música progressiva com este
álbum conceptual que explora as lutas de um músico a tentar criar o seu nome.
Wroten reúne um grupo improvável de músicos da comunidade progressiva,
incluindo membros da cena de Canterbury, R.I.O., jazz-rock,
cantautores e compositores. Com influências que vão de Kurt Weill
e Bertolt Brecht a Jesus Christ Superstar e Kevin Gilbert,
The Gatekeepers cria um contraste musical único com seu espírito DIY
lo-fi. O álbum oscila entre hipnótico e turbulento, com solos compactos em
instrumentos como moog, flauta, saxofone e violino, e o uso de mellotron,
sintetizadores e um versátil trabalho de guitarra. A mistura eclética é uma
reminiscência de clássicos progressivos como National Health, Genesis
e Zappa, mantendo, ao longo de todo o disco uma toada de teatralidade
que o diferencia. [74%]
Hladikarna (IWKC)
(2017, Addicted Label)
Nikita Samarin (bateria), Andrew Silin (teclados), Artyom
Litvakovski (baixo, violoncelo, noises e samples) e Nick
Samarian (guitarras, teclados e vocais), é o quarteto base deste coletivo moscovita
conhecido por IWKC, ou seja I Will Kill Chita. Mas, a ele
juntam-se uma panóplia de outros músicos que inserem o seu talento nas suas
composições. Hladikarna foi o álbum que a banda lançou há seis anos
(depois disso já há mais seis lançamentos, entre álbuns, EPs e singles).
Um álbum de rock progressivo diferente das linhas tradicionais,
eventualmente mais dentro do post-rock, do sludge e do stoner
que propriamente do prog e que surge fortalecido por diferentes
desempenhos vocais (limpo, extremo, german, coral). O uso do violoncelo,
a inclusão de sons estranhos e de percussões, adicionados a riffs cheios
de fuzz e de feedback acabam por ser elementos distintivos da
sonoridade dos IWKC. Uma sonoridade onde ainda cabem elementos de
orientalidade, exotismo e psicadelismo. [71%]
The Big Adventure (DISEN GAGE)
(2019, Addicted Label
The Big Adventure, o mais recente trabalho dos russos Disen
Gage, já foi lançado em 2019, mas só agora nos chegou às mãos. E, ainda bem
que chegou, mesmo tarde, porque The Big Adventure é um álbum
impressionante. O quarteto, acompanhado de diversos convidados, pratica um prog
rock instrumental, destemido e aventureiro. E dizemos isso, porque eles
criam a sua própria abordagem ao género, não indo em modas nem seguindo
tendências. Fazem o seu próprio caminho. E isso fica logo bem patente em Adventures
com a inclusão de um acordeão que transmite um feeling parisiense. A
partir daí o trajeto musical a seguir é definido pelos Disen Gage. Sem
olhar para trás, sem olhar para outros nomes, sem receios de arriscar, de
introduzir elementos novos. Este álbum que, na altura, celebrava o vigésimo
aniversário da banda, carrega um forte dose de musicalidade o que, até certo
ponto, contraria o seu passado de aumento da tendência experimental. Um
experimentalismo que não está de todo arredado (Chaos Point é o melhor
exemplo), mas que se mostra mais comedido naquele que se pode considerar como o
mais memorável álbum da sua carreira. [92%]
A Linha do Tempo - Ao Vivo em Lisboa (FERNANDO CUNHA)
(2023, Uguru)
Esta linha do tempo marca 25 anos. 25 anos de
uma das mais míticas figuras do pop rock luso. Fernando Cunha! Com
os Delfins, com os Resistência, com os Ar de Rock, ou
mesmo em nome individual. Mas, A Linha do Tempo é também o título do
álbum que o vocalista e guitarrista gravou ao vivo, no Teatro Maria Matos, em
Lisboa, a 13 de abril de 2022. Uma viagem histórica por temas que se tornaram
emblemáticos da música nacional. Temas compostos nos diversos coletivos ou
mesmo em solitário, como acontece com Dizem ou com o espetacular Final
Feliz. Em palco estiveram uma série de convidados que se juntaram a Fernando
Cunha nesta noite de recordações – João Campos, Paulo Costa, Maria
León (com quem, ao longo dos anos, compartilhou alguns dos momentos
criativos que aqui foram apresentados), Diogo Campos, Pedro Jóia
e Olavo Bilac. Uma linha do tempo que deixou a sua marca na música
nacional e que continua bem vincada. Como o prova este concerto carregado de
momentos de emotivas lembranças. [83%]
Cut Ups (VICTOR TORPEDO)
(2023, Lux Records)
Depois de Junk DNA + Strip Jazz Greats,
Cut Ups é o novo disco de Victor Torpedo, o segundo de uma série
de 12 que lançará este ano, ao ritmo de um por mês. Mais curto, mais sucinto,
mais direto, mais musical (registe-se as melodias de Flying To Berlin ou
Visions Of Life). Mas também mais obscuro, mais atmosférico e mais
nostálgico. Com guitarras onduladas ou minimalistas, um baixo incisivo (One
Way é o melhor exemplo), efeitos de sintetizador e a caixa de ritmos a marcar
cadências. E com vocais quase declamados e um pouco low-profile, como é
da praxe no género. O punk rock com uma pincelada de gótico dos anos 80
anda por aqui, numa aproximação a nomes como The Cure, The Smiths
ou David Bowie. E, claramente, uma proposta bem superior ao primeiro
álbum. [70%]
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