Entrevista: Twisted Mist

 

 


Lacerare é o quarto álbum do duo francês Twisted Mist, um projeto que nasceu como death metal, mas que, após se transformar em duo, evoluiu para uma sonoridade muito própria onde o death se funde com o folk e com a música medieval. E este novo álbum volta a surpreender pela inteligente mistura de instrumentos e arranjos tradicionais com o peso extremo do metal. Para nos falar deste trabalho e do projeto, os dois elementos que têm levado esta ideia para patamares superiores de originalidade: Nicolas e Olivier.

 

Olá, pessoal, tudo bem? Obrigado pela disponibilidade. Dois anos depois de Orbios, os Twisted Mist regressam com um novo álbum. O que nos podem dizer a respeito de Lacerare?

Lacerare é um álbum conceptual sobre a grande Peste Negra de 1347. Se houver uma diretriz do ponto de vista da composição, este álbum é opressivo com uma atmosfera triste, enquanto Orbios era mais poético e bucólico.

 

Este projeto nasceu em 2014. Como tem sido o vosso percurso até agora?

Inicialmente éramos uma banda de death metal. Quando nos tornamos uma dupla, decidimos tentar algo diferente e escrevemos uma música chamada Solstice, um instrumental com uma longa introdução inspirada na música medieval. Desde então, focamo-nos numa mistura entre metal primitivo e música tradicional, com compositores como Girault de Bornelh ou Guillaume de Machaut como inspiração. Desde então, produzimos álbuns conceptuais que o nosso encontro com a editora Music-Records nos ajudou a intensificar.

 

Foram sempre uma dupla? Porquê? Sentem-se confortáveis assim?

Só nos tornamos uma dupla alguns anos depois da estreia da banda. No início, éramos quatro, mas os outros dois músicos deixaram-nos ainda não tínhamos começado nenhum projeto relacionado com música medieval.

 

Mas, para Lacerare, além de vocês os dois, tiveram a ajuda de mais alguém?

Maxime Christe, um excelente músico e amigo de longa data, tocou bateria. Nós compusemos toda a bateria, mas queríamos que ele tocasse essas composições. Ao invés, tomamos conta da composição, gravação e arranjos. A mistura e masterização são o trabalho da equipa da editora.

 

Orbios foi lançado em plena pandemia. De que forma isso afetou a promoção desse álbum ou a preparação deste novo?

Orbios foi o nosso primeiro álbum produzido por uma editora e distribuído internacionalmente. Logo, não temos qualquer ponto de comparação. Hoje a divulgação é feita em grande parte pela internet e ainda não estamos logisticamente prontos para espetáculos ao vivo, portanto isso não nos afetou particularmente.

 

Mais uma vez apresentam uma rica diversidade musical com metal, folk e instrumentos medievais. De que forma trabalham para misturar tudo nas vossas composições musicais? É uma tarefa fácil para vocês?

Misturar as nossas influências tornou-se algo bastante natural. No nosso primeiro EP Motui Vivos Docent, foi um desafio fazer composições que fogem dos estereótipos usuais do folk metal. Utilizámos algumas estratégias para a composição, como o uso do modo dórico (introdução de Equinoxe, etc.), ou o uso de instrumentos tradicionais em arranjos. Mas continuamos ambiciosos e outros desafios nos aguardam.

 

Alguns dos títulos das músicas são em latim. Também cantam nessa língua?

Sim, queremos cantar algumas músicas em latim, principalmente quando for apropriado (a música Kyrie Eleison em Lacerare). Mas também usamos outras línguas, incluindo o francês antigo...

 

Que vídeos fizeram a partir deste álbum? Por que escolheram essas músicas?

Fizemos dois vídeos para Lacerare: Nuée Noire e Nihil Reliquit. São duas faixas importantes representativas do conceito do álbum e suficientemente cativantes para cativar o ouvinte.

 

Já tiveram a oportunidade de apresentar este álbum ao vivo? E o que têm planeado para este ano?

Isso está a tornar-se cada vez mais concreto. Temos uma ideia para um setlist e algumas oportunidades disponíveis. Claro, a maior complicação é o número de instrumentos. Queremos limitar o máximo possível o número de samples usados em palco.

 

Muito obrigado, pessoal, mais uma vez. Querem acrescentar algo mais?

Obrigado!


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