Foram seis anos entre Paradigms Lost e o novo álbum Redshift. Mas os
franceses Worselder não estão preocupados com esse intervalo porque foi isso,
precisamente, que lhes permitiu, não só retrabalhar alguns aspetos das suas
músicas, como também evitar ficar esquecido na enxurrada de lançamentos
pós-pandemia. Este foi um dos tópicos da interessante conversa que tivemos com
o vocalista Guillaume Granier, precisamente a propósito de Redshift.
Olá,
Guillaume, tudo bem? Bem-vindo, de novo! Mas, antes de mais, importas-te de
apresentar os Worselder aos metalheads portugueses?
Olá, Pedro, primeiro gostaria de
agradecer por esta entrevista e pelo vosso interesse nos Worselder!
Somos uma banda francesa de metal, nascida em 2008 nas montanhas dos
Pirenéus, perto da fronteira espanhola. Desde o início da nossa atividade,
produzimos uma primeira demo de 10 faixas em 2010, um EP de 3 faixas em
2014 e o nosso primeiro álbum Paradigms Lost em 2017. Finalmente estamos
de volta em 2023 com o nosso segundo álbum Redshift. A nossa música é
difícil de descrever: eu diria que é uma fusão do heavy-thrash old-school,
com influências de groove, stoner e death, tudo misturado com um
som moderno e contundente. Mas cada ouvinte pode opinar e encontrar outras
influências nas nossas músicas!
Seis
anos depois, os Worselder lançam um novo álbum. O que aconteceu durante esse
longo período? A pandemia foi a única razão para este atraso?
Sim, mas não só … Em primeiro
lugar, temos um processo de composição bastante lento, pois não somos músicos
profissionais. As músicas do Redshift foram escritas mais ou menos entre
2018 e 2020. Estávamos prontos para entrar em estúdio no início da pandemia… Depois,
demoramos um ano e meio antes de poder entrar em estúdio com segurança. O álbum
foi finalmente gravado entre outubro de 2021 e março de 2022, e a produção
terminou em junho de 2022. Decidimos, juntamente com a Ellie Promotion,
responsável pela promoção do álbum, adiar o lançamento para 2023, primeiro para
ter tempo para promover o lançamento do álbum decentemente, mas também para
evitar ser afogado nos milhares de lançamentos de metal que viriam logo
após a pandemia. Retrospetivamente, o tempo de pandemia foi muito valioso para
nós, pois deu-nos tempo para trabalhar árdua e metodicamente para preparar a
gravação em estúdio. Obviamente, que o álbum não seria o mesmo se tivéssemos
gravado em 2020…
Bem,
entre Paradigms Lost e Redshift, saíram
da Sliptrick Records. O que aconteceu?
Não saímos, apenas não assinamos
contrato para o novo álbum! Ficamos muito felizes em negociar com a Sliptrick
Records para Paradigms Lost e, sinceramente, eles fizeram o trabalho
para a promoção e distribuição do álbum. O que não percebemos na altura é que
promover o álbum mundialmente, mesmo que seja lisonjeiro para o nosso ego, não
faz sentido para uma banda amadora francesa… Qual é o interesse de ser
distribuído nos Estados Unidos ou no Japão, se não temos nenhuma visibilidade
na França? Para Redshift, decidimos focar a nossa promoção no nosso país
e assinar um contrato com a Ellie Promotion, que assume parcialmente um
papel de editora. Temos ainda a possibilidade de beneficiar de uma distribuição
da editora francesa Season Of Mist, que nos dá uma visibilidade real em
toda a Europa.
Como
foi a vossa preparação para este álbum? Mudaram algum aspeto do processo
criativo?
Não muito. Como vos disse, o
tempo de pandemia obrigou-nos a mudar os nossos hábitos em termos de encontros e
ensaios, mas não mudámos a forma como escrevemos música. Na maioria das vezes,
elaboramos as músicas todos juntos, a partir de riffs compartilhados por
qualquer um de nós. Trabalhamos as estruturas e os arranjos com todos os
integrantes da banda. É muito importante para nós que cada membro da banda
traga o seu próprio toque para as músicas. Esta forma de criar música é natural
para nós. Porém, pela primeira vez, e com a concordância de toda a banda,
propus músicas totalmente escritas. Como sou o único integrante que mora longe
da sede da banda, foi mais fácil para mim contribuir dessa forma. Essas músicas
foram profundamente retrabalhadas pela banda, de modo que agora as considero
como um trabalho coletivo.
Existe
algum conceito em Redshift que conecte as músicas?
Redshift não é um álbum
conceptual. Mas o nome do álbum está ligado à maioria dos tópicos das músicas.
Deixa-me explicar… Reshift é uma palavra retirada da linguagem
científica, que é usada na letra da música Pillars Of Smoke. No nome do
álbum, o seu sentido é sequestrado para evocar a mudança das pessoas para a
rebelião. Como a maioria das músicas tratam de temas sociais ou políticos, era
lógico intitular o álbum dessa forma!
Musicalmente,
Redshift propõe um cruzamento de várias influências,
quase impossíveis de rotular. Como gerem tantos estilos diferentes e diferentes
influências no processo de escrita e composição?
Simplesmente não pensamos nisso!
Todos nós crescemos nos anos 80 e 90, ouvindo as mesmas bandas. Portanto, temos
mais ou menos as mesmas influências, que deixamos expressar quando escrevemos
músicas. Temos sorte de poder escrever músicas homogéneas, apesar das nossas diversas
influências! Falando a sério, eu acho que essa fusão de estilos pode ser uma
vantagem real para nós, já que a nossa música diz tanto aos metalheads da
velha guarda quanto aos fãs do metal moderno. Isso ajuda-nos a
diferenciar entre as atuais produções de metal.
Tem
sido afirmado que vocês estão orgulhosamente comprometidos com as raízes pirenaicas.
De que forma cruzam essas influências na vossa música?
As referências locais foram
explícitas no nosso álbum anterior Paradigms Lost e na nossa primeira demo
Where We Come From, mas sem ser uma decisão voluntária, não fiz qualquer
referência às nossas raízes nos textos do Redshift… focamo-nos noutros tópicos
quentes! Seja como for, é verdade que nos orgulhamos de ter nascido nos
Pirenéus; e reivindicamo-lo em todas as ocasiões, especialmente durante os
espetáculos ao vivo!
Desta
vez trabalharam com o renomado Bruno Varéa. O que procuravam para o vosso som ao
escolherem trabalhar com ele?
Bruno já havia feito a mistura e masterização
de Paradigms Lost, que tinha sido gravado no nosso próprio estúdio. Desta
vez, decidimos delegar todo o processo no Bruno, e gravamos o álbum no seu
estúdio profissional. Além disso, pedimos-lhe que assumisse um verdadeiro papel
de produtor, o que foi a melhor decisão que já tomamos! Com a sua enorme
experiência, ele fez-nos trabalhar de forma muito diferente na gravação das músicas,
até retrabalhando alguns riffs ou estruturas para atingir o essencial. Em
termos de qualidade de produção, ele extraiu a essência do nosso som bruto e
ofereceu-nos o disco com o qual nunca tínhamos sonhado!
Já
tiveram a oportunidade de apresentar estas músicas ao vivo? E o que têm
planeado para o futuro?
Algumas das músicas já tinham sido
testadas ao vivo em 2019. Mais recentemente, tocámos praticamente todo o álbum
(exceto a última música Ascent To Rebirth) durante a nossa festa de
lançamento em Toulouse, em fevereiro. Foi uma ótima experiência e sinto que o
público validou o Redshift ao vivo! Já temos vários espetáculos
planeados para 2023. Alguns outros serão anunciados para 2023 e 2024. Gostaríamos
muito de tocar em Portugal ou Espanha, por isso, se os agentes de reservas ou agentes
locais lerem esta entrevista, sintam-se à vontade para nos contactar!
Muito
obrigado, Guillaume, mais uma vez. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado, novamente! Termino
apenas com o convite aos teus leitores para ouvirem Redshift, que está
disponível em todas as plataformas de streaming, e também pode ser
ouvido gratuitamente na nossa página do bandcamp. É possível apoiar a
banda comprando álbuns e merchandising no nosso site www.worselder.com!
Comentários
Enviar um comentário