Entrevista: Savage Grace

 


37 anos! Foi uma vida afastados dos discos. Mas os Savage Grace regressaram finalmente. Sign Of The Cross é o título do novo álbum de uma banda que apenas tem Chris Logue como membro original. O guitarrista aposta numa linha completamente sul-americana e conta porque não há outros membros da formação original. Mas preparem-se, porque ao longo desta entrevista, serão surpreendidos com outras declarações inesperadas do lendário guitarrista.

 

Olá, Cris, como estás? Tudo bem contigo?

Muito bem. Fantástico hoje!

 

E tens motivos para isso. Os Savage Grace estão de volta aos álbuns de estúdio 37 anos depois de último, After The Fall From Grace. Quando e por que decidiram escrever este álbum?

Bem, eu ia fazer esse álbum em 2010 e já tinha três das músicas escritas: Sign Of The Cross, Barbarians At The Gate e Helsinki Nights. Mas a editora com a qual estava a negociar acabou por ter um mau comportamento. Paramos o projeto e eu não via outra oportunidade, porque, o gajo que me estava a apoiar, da banda alemã de rock Caliber, acabou por não ser a melhor pessoa. Então eu disse, ok, bem, não é a altura ideal. E então, em 2019, terminei o meu livro e em dezembro de 2019, criei o site, comecei a vender o meu livro e o meu amigo e agente Matt Ferrari disse-me: precisas lançar um novo álbum, porque já tens o livro. E eu disse: bem, não vou lançar um disco até que tenhamos um grande cantor. E ele disse: conheço um grande cantor. E mandou-me a demo do Gabriel Cologne, e eu adorei a sua voz. Ele tem uma voz muito alta, muito simples, como TNT. Eu sempre quis ter um cantor assim. Então começámos a pensar nisso. Em março de 2020, vi Trump e Foushee na televisão e disse: sei o que eles vão fazer. Eu sei exatamente o que eles vão fazer porque alguém me contou tudo sobre isso, a merda de Covid. Em 1996 e novamente em 2014. Um tipo chamado Harry Fox colocou todos os documentos para o programa de confinamento na Internet. Eu sabia o que eles iriam fazer. Saí dos Estados Unidos e fui para o México, porque sabia que o programa não funcionaria no México. Liguei para Matt para lhe dizer que iam fechar tudo. Não haverá tournées, nem empregos, nada. Portanto, todos os músicos ficarão desempregados. É nessa altura que vamos fazer o álbum, porque eu consigo todos os músicos. Agora estão muito baratos e vão trabalhar muito porque não tem trabalho. Foi quando começamos. E comecei a escrever as outras músicas, tendo levado cerca de quatro meses para escrever o resto das músicas. Depois começámos a fazer os arranjos. Quem estaria na banda? Gabriel Cologne foi o primeiro. Depois coloquei Kiko Shred do Brasil. Mas ele tem o seu estilo de tocar. Ele precisa fazer muitos solos como Yngwie Malmsteen.

 

Ele é um shredder...

Por isso disse-lhe: isto não é justo para ti porque a nossa música é muito estruturada. Não temos tempo para todos os solos e isso não vai destacar o teu talento, percebes? E ele concordou. Ele disse: estás certo, por isso não o usamos. Mas indicou Marcus Dotta e Fabio Carito, que moram em São Paulo, com quem trabalhámos. E tinha outro baterista chamado Griffen McCartney, com quem gravámos duas músicas, Rendezvous e Barbarians At The Gate, e eu ia usá-lo em todo o álbum, mas ele estava muito, muito ocupado. Tinha muitas obrigações e responsabilidades e eu não sabia se ele poderia ir para a África, portanto não quis arriscar. Fizemos duas ou três músicas com ele e teve que sair. Foi quando decidi deixar Marcus Dotta fazer o resto do álbum.

 

Já que estamos a falar da formação, tu és o único membro original na banda. Já pensaste em trazer de volta alguns dos antigos membros dos Savage Grace?

Não, por várias razões. Número um, a maioria desses tipos, quando deixaram os Savage Grace, deixaram-me numa posição muito má. Deixaram-me na estrada sem banda. Eles não se importam com ninguém além deles próprios. Por isso, pensei, por quê? Para que dar-lhes outra oportunidade? Além disso, estão todos muito velhos. E eu não quero que as pessoas na estrada digam, Oh, a minha artrite, oh, eu preciso do meu remédio para os diabetes. Eu não preciso disso. Portanto, a minha banda agora está cheia de jovens progressistas que querem chegar lá e tocar. Isso é o que eu quero. Portanto, sou o único idoso.

 

Todos os outros membros são da América do Sul. E todos têm aquela coisa que os fãs de metal sul-americanos costumam ter, aquele fogo interior. Acha que isso mudou um pouco os Savage Grace?

Sim. Sim. É tudo latino. É que agora todos os membros da banda são latinos, exceto eu. E queremos ser a maior banda da América Latina. Esse é um objetivo para nós. México, eles adoram heavy metal. Por toda a América Latina, Brasil, Chile, Colômbia, Argentina, todos esses países adoram heavy metal. O nosso baterista, Marcus, acabou de fazer uma tournée com Udo na América do Sul com muitos espetáculos esgotados. Eles gostam de Udo, eles gostam de metal. Portanto, queremos fazer um esforço muito concentrado na América Latina, América do Sul e mundo de língua espanhola.

 

E para isso, já pensaste em escrever músicas em outro idioma que não seja o inglês, como em espanhol ou algo assim? Isso poderia facilitar muito o teu caminho.

Muito recentemente comecei a escrever algumas músicas para o nosso próximo álbum, se houver um. E uma das músicas é sobre o México, e tem um pouco de espanhol. Eu sei, como os Enforcer, que acabaram de gravar uma música em espanhol. Eu não sei o quão bem eles falam espanhol. Provavelmente não muito bem. As pessoas que falam espanhol aqui vão rir. Mas pelo menos vão respeitá-los por tentar fazer uma música nesse idioma. Portanto, estou aberto a isso, e talvez David Sandoval, o nosso novo guitarrista, escreva algumas músicas para o próximo álbum e poderemos fazer algumas músicas em espanhol.

 

Seria ótimo. Existem muitas bandas geralmente da Europa, que começam a escrever músicas em espanhol e depois o mercado sul-americano, explode completamente para eles. Provavelmente era isso que os Enforcer estavam à procura, embora eles já tivessem uma grande base de fãs.

Sim. Eles vieram à Cidade do México no ano passado e muitas pessoas foram vê-los. Portanto, acho que é uma boa ideia, e é algo que vamos pensar.

 

E também, como moraste alguns anos em Portugal, talvez tenhas aprendido um pouco de português. E talvez também possas escrever letras.

Morei aí durante um ano e tudo que aprendi foi bom dia e obrigado. E gostava de saber mais, mas porque em Espinho ia a sítios e ninguém falava inglês, por isso às vezes era difícil. Mas o português é uma língua mais difícil de aprender. Isso seria desafiante.

 

Sim, é mais difícil. Normalmente os americanos têm grandes problemas quando estão a tentar falar português.

Sim, acredito.

 

Agora de regresso ao álbum Sign Of The Cross. Como têm sido as reações até agora?

Do pessoal da imprensa, a reação foi extremamente positiva. Mais positivo do que eu pensava. Quer dizer, eu achei que seria bom, mas pelo pessoal da imprensa foi muito mais positivo. Fiz algumas entrevistas até agora e todos os entrevistadores com quem conversei, adoraram o álbum. Mesmo nos EUA, eles não conseguem acreditar que é Savage Grace. Eles sabiam pelos outros discos que estávamos numa certa liga, mas isso está além do que eles pensavam ser possível. Portanto, tem sido bom. E no que diz respeito aos fãs e às vendas até agora, as vendas do disco estão muito fortes. Na Amazon, em França, ontem éramos o número um e na Alemanha, éramos o número dez. E continua a subir nas tabelas. Nos vídeos temos mais de 100.000 visualizações para Automoton, quase 400.000 para Star Crossed Lovers. Cerca de 80.000 para Rendezvous. Assim, os vídeos continuam a receber cada vez mais visualizações. Quando escolhi essas músicas, queria atrair um público muito maior e expandir o nosso público. E é isso que está a acontecer.

 

E, como eu te disse antes, acho que deves estar orgulhoso deste álbum. Não tenho certeza se é o vosso melhor álbum, mas é um ótimo álbum e realmente também mostra a tua evolução como compositor agora que estás mais velho e mais maduro. Mudaste alguma coisa no processo criativo deste álbum, em comparação com os que fizeste nos anos oitenta?

Bem, este álbum foi diferente porque eu não entendo a tecnologia envolvida. Na verdade, não sabia como fazer uma gravação digital. Depois que descobri como fazer isso, percebi que é muito, muito mais fácil do que nos anos oitenta. Bem, a tecnologia é que torna tudo muito mais fácil e rápido. Podes fazer um disco mais perfeito agora. Nos anos 80, tinhas muito pouco tempo para gravar solos, vocais, overdubs e tudo mais. Agora podes fazer tudo de novo, de novo e de novo até ficar perfeito. Portanto, assim é muito mais fácil fazer discos.

 

E agora provavelmente também tens o teu próprio estúdio caseiro, onde podes escrever e aperfeiçoar as coisas ao longo do tempo e, obviamente, as coisas ficam melhores com o tempo.

Sim, e editar a guitarra é muito, muito mais fácil. Editar os vocais, muito mais fácil. Tudo é mais fácil. Portanto, agora é muito mais fácil fazer um disco com som excelente.

 

E todas as músicas incluídas no Sign Of The Cross, são completamente novas? Nenhuma delas vem de ideias ou partes de músicas que já tinhas nos anos oitenta.

Nada dos anos oitenta. Como eu disse, escrevi três das músicas em 2010 e as outras sete em 2020.

 

Mas, resta alguma ideia dos anos 80, uma melodia ou uma parte de guitarra, algo assim, que possam usar nos próximos discos?

Não, não, não. Tudo o que eu queria dizer nos anos 80, disse, portanto não há mais nada a dizer. Qualquer coisa que fizermos no futuro será a partir de agora.

 

Acho que também é uma boa ideia. Embora alguns fãs provavelmente também gostariam de ver algumas dessas coisas que vocês ainda tenham dos anos oitenta…

Mas tudo o que fizemos nos anos 80 está gravado e divulgado ao público.

 

Este regresso foi precedido pelas reedições de Master of Disguise e After The Fall From Grace no ano passado pela Hammerheart Records. Na verdade, acho que te entrevistei nessa altura por e-mail...

Sim, entrevistaste.

 

Porque decidiste relançar esses dois álbuns clássicos um ano antes do novo álbum de estúdio?

Bom, na verdade, em 2021, três editoras, bom na verdade quatro, porque também existe esta no Brasil, quiseram licenciar o catálogo. Eu pensei, ok, isso vai ser bom para a banda, antes de eu fazer um novo álbum. Portanto, licenciei para a Hammerheart, para a No Remorse, para uma empresa na Suécia chamada Hooked On Metal Records e para a Kill Again Records no Brasil. Todos levaram o catálogo inteiro.

 

Achas que foi uma boa decisão reeditar esses álbuns clássicos antes do lançamento deste novo?

Oh, sim. Sim, porque esses discos foram muito, muito bem recebidos. Venderam muito bem. E houve muita procura pelas misturas originais, masters originais, não como em 2010, quando fizemos o remix com a Limb. Isso era o que as pessoas queriam, o som original.

 

Já que falamos de editoras, esta também é a vossa estreia para a Massacre Records. Como começou essa parceria?

Quando gravámos este álbum, paguei tudo com o meu próprio dinheiro. Não tínhamos um contrato de gravação. Eu disse, ok, vamos gravar e depois licencio quando terminar. E pensei que seria capaz de o licenciar em cerca de uma semana. E assim, quando o disco ficou pronto, comecei a entrar em contacto com as editoras, mas a maioria delas ofereceu uma pequena quantia em dinheiro. E disse não, não, não, não, não, não, não. Acabei por falar com 200 editoras em todo o mundo. E dessas 200 empresas, conseguimos 11 ofertas de licenciamento. E entre elas, havia uma ou duas grandes gravadoras interessadas. Mas elas queriam que eu fizesse coisas que não eram éticas, como avançar sem garantias e outras coisas que não deveria ser feitas por uma editora. Mas isso foi apenas com algumas empresas. Foi quando a Massacre voltou com uma oferta muito, muito maior. E aceitei a oferta. E têm o mundo para isso. Exceto o Brasil. No Brasil está a Hellion Records. E essas são as duas únicas labels que lançaram Sign of The Cross.

 

Provavelmente todas as outras editoras que recusaste agora devem estar arrependidas das suas próprias decisões, visto o sucesso que Sign Of The Cross tem tido.

Claro que estão. Porque a algumas dessas editoras eu fiz ofertas muito, muito generosas da minha parte. Muito generoso e mesmo assim conseguiram não chegar a um acordo.  A uma empresa eu disse não. E, dois dias depois, a Massacre ligou a dar mais dinheiro. Por isso acho que a Massacre é o lugar certo para nós.

 

Sim, de facto. E têm um grande catálogo de heavy metal tradicional. Eles são uma das maiores editoras da atualidade.

O presidente da empresa, adora Savage Grace e quis isto desde o primeiro dia. Quero dizer, ele disse que queria. E portanto, a Massacre ficou com o Sign Of The Cross e levaram todo o meu catálogo para licença mundial. Eles têm tudo o que eu tenho.

 

Mudando um pouco de assunto. Liricamente, este álbum fala sobre quê?

Liricamente, este álbum tem muitos temas. Barbarians At The Gate e Sign Of The Cross, são vagamente baseados no segundo cerco de Jerusalém. E também as invasões em andamento e as invasões mongóis da Europa. Essas duas músicas inspiram a arte da capa. Automaton é sobre o Admirável Mundo Novo e transumanismo. Rendezvous é uma fantasia romântica, como Romeu e Julieta. Stealing My Heart Away e Branded, são sobre romances nos anos 80, quando eu costumava ir ao Rainbow na Sunset Strip e o romance está na estrada, esse tipo de coisa. E Slave Of Desire é um pouco sobre a minha vida. Land Beyond The Walls é sobre a Terra Plana e todos os continentes além das paredes de gelo. E vamos ver, o que mais? Helsinki Nights, é sobre as minhas aventuras em Helsínquia em 2010, quando o vulcão explodiu, não havia aviões para voar e eu fiquei preso em Helsínquia e tínhamos um espetáculo, mas a banda não pôde chegar porque não havia aviões. Star Crossed Lovers é sobre destino e carma no papel dos relacionamentos.

 

Agora que falas da capa, esta é realmente diferente de tudo que fizeste antes em termos de arte visual. O que estavas a tentar alcançar desta vez?

Toda a gente acha engraçado. E acham que é uma piada. Essa capa é a capa mais séria e controversa que já fizemos. Mas as pessoas ainda não descobriram o seu significado. Há um significado muito profundo e poderoso na capa e no encarte. Cada símbolo na capa e no encarte tem um significado. E esses símbolos falam diretamente ao inconsciente. E assim, quando as pessoas olham para isso, primeiro pensam que parece simples, mas não é simples. Tudo nela é simbólico. E quando as pessoas descobrirem, não sei quanto tempo levarão para descobrir, mas quando o fizerem, ficarão indignadas e isso causará mais controvérsia do que qualquer uma das nossas capas de álbum.

 

E não nos podes dar algumas dicas sobre o quê é?

Ah, não, porque não quero. Não quero que a editora troque a capa. Eu quero que eles continuem a lançar esta capa. Por isso, se ninguém descobrir nos próximos meses, começarei a dar pequenas dicas. Posso até fazer uma competição com isso, para ver quem consegue descobrir. Porque vou-te dizer que para descobrir, é preciso ter cerca de 20 anos de estudo em conhecimento esotérico, conhecimento oculto. Precisa ser muito versado nessas coisas para descobrir. Eu sou versado em todas essas coisas, portanto todos e cada elemento na capa e encarte, foram colocados lá por mim por um motivo. Nada existe por acidente. Tive a ajuda de uma mulher, porque tem muitas camadas na capa e é muito difícil fazer tudo. Ela ajudou-me. Mas a capa, toda a arte, todas as músicas têm uma mensagem. E a mensagem é subliminar e inconsciente. E assim que as pessoas começarem a ouvi-lo mais vezes e verem o artwork mais vezes, começarão a entender do que estou a falar.

 

Agora que mencionaste isso fiquei muito curioso para descobrir. Quando olhei pela primeira vez, pensei que era uma piada. Lembrou-me aquelas capas de bandas de power metal japonesas com as diferentes camadas. Achei que era brincadeira, mas agora que referiste isso, fiquei curioso. Vou verificar novamente.

Bem, o que tens a fazer é olhar para a capa frontal e olhar para os encartes, não para a contracapa. A contracapa é apenas os títulos das músicas. Mas quando olhas para ele, abre o CD e vês que há um encarte com fotos minhas e do nascimento da banda, todas essas coisas no encarte, como o tapete, o pão pita e o samovar. Todas essas coisas têm um significado simbólico. E se tiveres a versão que a Massacre fez, há um booklet com páginas para todas as letras e todas essas páginas têm um significado simbólico. Alguém nos EUA que me entrevistou algumas semanas atrás pediu para lhe explicar. E eu disse, antes de mais, antes de explicar, conheces estas diferentes organizações? E enviei-lhe uma lista dessas organizações e ele disse que não conhecia nenhuma. E eu disse, assim não vais conseguir entender o que estou a dizer. Não estás pronto. Não tens o conhecimento prévio para entender. Portanto, algumas pessoas irão descobrir. Vai demorar um pouco, acho eu, mas, quando descobrirem, saberão de que lado estou, porque o mundo está a passar por uma transição dramática. As pessoas más expuseram-se. Agora todos sabemos quem eles são. Esta é uma guerra ao nível espiritual entre o bem e o mal. E nos últimos três anos, todos viram o que é esta guerra. Vamos perder vários bilhões de pessoas no mundo por causa disso. O povo tem que decidir se está do lado do certo ou do lado do mal. E é disso que trata o meu disco.

 

Bem, faço-te uma vénia, porque todas essas coisas que me estás a contar lembram-me os livros de Dan Brown e coisas assim…

Bem, há verdade nas coisas de Dan Brown. E também há exceções. Como disse, é preciso ter muita experiência em conhecimento esotérico para entender a diferença entre a verdade e as ilusões. Com Dan Brown, há verdade e também há ilusões. Principalmente ilusões. Mas quando não sabes como olhar para os símbolos e dizes: O que significa isso? Por que colocou ele o cabelo da rapariga loiro e não preto? Por que colocaram a bandeira de Santo António? Por que colocou a bandeira dos Cavaleiros Templários? Por que usou todos esses símbolos? Todos eles têm um significado oculto muito, muito poderoso. Passei muito tempo a juntar tudo para colocar essa mensagem na mente inconsciente das pessoas. E se estudares o trabalho de Edward Bernays, Walter Lippmann, Tavistock Institute, tudo no mundo é governado por símbolos e sinais. Portanto, se entendes sinais e símbolos, entendes o mundo. Se não entendes sinais e símbolos, então estás apenas numa ilusão. Tu conheces todas essas pessoas que acreditam em vírus. Não há vírus. Eles não existem. Todas essas pessoas acreditam na medicina farmacêutica. Não existem medicamento farmacêutico. É tudo ilusão. Essas coisas são todas ilusões, como o mundo ser uma bola giratória. É tudo ilusão. As pessoas compram essas ilusões por causa da sua ignorância. Quando entendem a linguagem dos sinais e símbolos, rompem com o verdadeiro significado das coisas e não ficam presos nas ilusões.

 

Espero que haja um Robert Langdon real que possa resolver isso…

Bem, se eu me cansar, talvez eu resolva. Eu posso começar, mas é mais divertido deixar as pessoas tentar descobrir. Porque muita gente vai dizer o que pensa que significa e não estará certo. Estarão errados. E isso vai criar ainda mais controvérsia. Porque as pessoas vão chegar lá e dizer: ele está a dizer isso e agora temos que ir atrás dele. Isso cria mais controvérsia.

 

Como se sente o resto da banda sobre todos esses detalhes subliminares que incluíste na capa?

Eles não sabem nada sobre isso.

 

Estão sem pistas como todos os outros?

Eu não lhes contei sobre isso. Eles podem até não entender. E eles não estão no nível de consciência em que eu estou. Eles não precisam entender isso. Eventualmente, quando algumas pessoas descobrirem, eu posso explicar-lhes. Mas eles não se importam. Quero dizer, eles sabem que a minha mente está lá fora. Nem todo o mundo está na minha frequência e tudo bem. E eles não precisam estar onde eu estou. Eles estão onde estão. Eles estão lá para tocar guitarra e tocar bateria e isso. Não estou a tentar promover essas mensagens para as pessoas. Portanto, eles não sabem nada sobre isso.

 

Em frente… Sign Of The Cross foi gravado em Cabo Verde. Podes contar-nos um pouco sobre a aventura que foi gravar este álbum num país estrangeiro e durante a pandemia do COVID 19?

Este foi um grande empreendimento. Por causa de todas essas restrições ilegais que estavam em vigor e tornavam tudo muito difícil e muito caro. Tínhamos Gabriel Colon e eu tive que navegar de barco de Cancún a Trinidad. Eu conhecia o Ministro da Saúde em Trinidad e chegarmos lá não era o grande problema. Depois tivemos que esperar enquanto havia reabastecimento do navio para seguirmos para Cabo Verde. Isso, em si, foi uma aventura. Marcus Dotta e Fabio Carito, tiveram que apanhar um avião de transporte C-130 da Força Aérea Brasileira para Cabo Verde. Eles não poderiam ir connosco. Quando lá chegamos, houve algumas perguntas sobre os nossos documentos com as autoridades e por isso fiquei detido algum tempo até que o tipo do estúdio, que os conhecia disse: Eu sei que isso é um erro. Mas acabou por causar grandes problemas e custou muito dinheiro. E vamos levar isso ao Tribunal Penal Internacional. Por causa do que aconteceu. Foram muitos problemas. Depois disso, ainda tínhamos muito overdub para fazer, por isso acabamos por fazer esses overdubs em estúdios na Califórnia, Nova Jersey, Brasil. Onde mais? Noutro lugar. Assim que tínhamos todas as faixas, tive que encontrar alguém para misturar tudo. Liguei para Bill, com quem trabalhámos em 1983 e ele demorou três semanas para misturar uma música. Despedi-o porque não posso esperar três semanas por uma música. Nessa altura, conversei com um tipo no Brasil e ele fez uma ótima mistura. Mas ele queria metade do dinheiro adiantado. E eu disse-lhe que não pago adiantado. E não fez. Perguntei ao Fabio Carito se ele conhecia alguém. E ele disse para ligar para Roland Grapow dos Helloween. Ouvimos dizer que ele é ótimo. Liguei para Roland e enviei-lhe a Rendezvous para misturar a ver como soava. Ele mistura a Rendezvous em cerca de quatro dias. E quando ouvi, adorei. Eu disse, isso é perfeito, isso é exatamente o que eu queria. E deixei-o misturar o resto do álbum. Disse-lhe que queríamos soar como em 1978. Era isso que queríamos. Este álbum foi criado em 1978 e disse que queria o som de última geração de 1978. E eu quero o som da guitarra de License To Kill dos Malice. E é muito fácil trabalhar com Roland. Ele pensa muito como eu. Ele é dos anos oitenta. Ele é um guitarrista. Ele gosta das guitarras bem altas na mistura. Foi muito fácil trabalhar com ele.

 

E acabou por ser uma ótima mistura porque realmente conseguimos ouvir cada detalhe das músicas. E cada álbum que ele faz é um grande álbum.

Ele é muito, muito bom, especialmente para música do estilo 80. E sim, ele era o homem certo para nós.

 

Quais são os vossos planos de tournée para este álbum?

Bem, eu gostaria de fazer uma tournée durante dois anos para este álbum. Não estou interessado em ir para o estúdio. Eu quero sair e fazer uma tournée porque tenho uma boa banda e a banda é jovem e cheia de energia. Eles querem tocar. Esse é o nosso plano principal: fazer tournée pelos próximos dois anos.

 

Portugal estará incluído?

Espero que sim. Se conheces algum promotor ou agente, diz-lhe para entrar em contacto comigo, porque quero começar a agendar uma tournée europeia agora para o outono.

 

O que vem a seguir para os Savage Grace? Em tournée e talvez mais álbuns no futuro?

Se este álbum continuar a ir bem, tenho uma opção de contrato com a Massacre. Mas, como eu disse, quero fazer tournée durante cerca de dois anos. E depois veremos sobre a gravação de um novo álbum.

 

E como disseste, já estás a trabalhar em novas músicas, certo?

Sim, tenho três músicas agora que estão praticamente prontas para tocar. E vou começar a escrever no próximo ano ou assim.

 

E está a pensar tocar essas músicas ao vivo nesta próxima tournée?

Não, não vou fazer isso. Porque depois as pessoas ficam cansadas delas quando o disco sair. Mas quando sairmos em tournée, vamos tocar muitas canções do novo álbum.

 

OK. Acho que é tudo. Muito obrigado, Cris. Foi uma honra poder ter essa conversa contigo. Queres enviar alguma mensagem para os teus fãs portugueses?

Bem, quero agradecer a todos, todos os fãs pelo apoio no passado, todos os discos antigos. E quero dar as boas-vindas a todos os novos fãs que estão a receber o novo álbum e continuam a jornada dos Savage Grace. E quero agradecer a ti, Daniel, pelo teu apoio de dois anos atrás até agora. E espero ver-te quando chegarmos à Europa.


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